sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Negócios em família

Confessem lá, com este título, não julgaram que eu, pela primeira vez neste blogue, iria abordar algum dos processos judiciais mais badalados na Comunicação Social?! Nada disso. Esses processos só aqui serão referidos - e acaso interessem de facto - quando haja sentenças definitivas transitadas em julgado. Até lá... pouco me motivam.
Este post fala de um artigo de Thomaz Wood Jr, publicado na revista brasileira Carta Capital, de 20 de Janeiro, no qual se aborda uma célebre expressão de senso comum que diz que "negócios e família não se misturam". O adágio subentende que os primeiros constituem o domínio da racionalidade, das práticas científicas e da análise fria dos resultados, enquanto os segundos assentam no domínio das emoções e das paixões. Tudo baseado em três premissas:
1. as famílias tendem a favorecer os seus membros em detrimento dos interesses dos negócios;
2. as empresas familiares constituem terreno fértil para o nepotismo e dramas sucessórios;
3. o crescimento das famílias gera, com frequência, pressões insolúveis sobre os negócios.

Ora, por mais surpreendente que seja, a Harvard Business School mantém um programa denominado " Famílias nos negócios: de geração em geração" que é bastante concorrido e se destina a resolver as dores de cabeça das empresas familiares.
Estas empresas, mais de duas decadas depois da globalização, continuam a existir, firmes e fortes, nos Estados Unidos, na França, no Brasil e em muitos outros países. Talvez por isso, houve quem julgasse conveniente perceber a razão dessa persistência. Com efeito, estudos recentes avaliaram o desempenho de mais de cem empresas industriais de médio porte, nas quais se comparou a gestão familiar com a gestão profissional. E os resultados mostraram que as empresas de controle familiar apresentam desempenho similar ou superior às outras, destacando-se até nos indicadores de rentabilidade. Porquê? Porque, explicam, se concluiu que:
1. o desenvolvimento de laços estáveis e duradouros impede mudanças temerárias em busca de lucro fácil;
2. a consolidação do conhecimento do negócio se mantém no estrito seio da família;
3. a adopção de horizontes mais largos na decisão dos investimentos favorece os negócios;
4. a maior permanência dos gestores familiares nos cargos de comando beneficia a estabilidade do negócio.

É claro que para os profissionais que trabalham em empresas familiares, a vida pode ser mais dura. Exigirá, talvez, mais tolerância e diplomacia. Mas o processo decisório é, por norma, mais ágil e mais firme. Quem, entre os leitores, não se lembrou de tantos casos nacionais de sucesso?!

HSC



2 comentários:

  1. Eu...
    Mas que é gerador de visitas ás terapias de grupo familiar Oh se é.

    Mas concordo com todos os argumentos.
    Estamos a falar de sucesso económico.
    Isabel Seixas

    ResponderEliminar
  2. A família é sempre uma caixinha de boas surpresas embora seja por vezes difícil de manter. Mas vale a pena!

    A família tende a optimizar e racionalizar as soluções. Eu que o diga: queria comprar um utilitário pequenino e a minha mulher não deixa pois o velhito ainda funciona bem.

    Espero por uma avaria com ansiedade.

    ResponderEliminar