sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Eles lá sabem porquê...

Os dados estatísticos que vão saindo constituem o outono do nosso desassossego. Agora são os do Banco de Portugal a revelar um trágico panorama de endividamento incobrável para as famílias e para as empresas. De facto, o montante dos créditos de cobrança duvidosa ascendeu, no último mês de Agosto, a cerca de 8,5 mil milhões de euros.
Nas famílias o mal parado atinge 3,7 mil milhões de euros, e é no crédito à habitação que surgem os maiores problemas, com um montante de 1.839 milhões de euros que os devedores não conseguem pagar à banca.
Também no consumo, embora com valores ligeiramente inferiores, a dívida duvidosa ronda os 1.060 milhões, o que representa, só, o dobro do que se atingiu em Agosto de 2008.
Porém, se contabilizarmos todo o endividamento sem retorno - vulgo calote - durante um ano, fica-se aterrado com a sua média de progressão, que ronda valores acima dos oito milhões e meio de euros por dia.
No que às empresas se refere e apesar dos empréstimos na banca terem subido apenas 7%, o crédito mal parado explodiu 94%, revelando 4.459 milhões de euros que as empresas não sabem como liquidar.
Para agravar a situação as poupanças dos particulares nas instituições de crédito diminuiram, entre Julho e Agosto, de 1008 milhões, situando-se nos 115.789 milhões de euros.
Quanto ao defice externo ele contrai-se nos primeiros oito meses do ano 24,6% relativamente a igual período do ano passado, atingindo agora 8.539 milhões de euros.
Resumindo, para não economistas, os calotes das famílias e das empresas crescem sem parar. As poupanças e o comércio com os outros países, ao contrário, diminuem a olhos vistos.
Não vale a pena fantasiar: o ano duro vai ser 2010. Disso, não tenha ninguém dúvidas. Mas quem governa continua a dizer que a recuperação já começou. Eles lá sabem porquê...

H.S.C

9 comentários:

  1. querida Helena,confesso que fiquei um pouquinho triste por não ter tido qualquer retorno às minhas palavras de 12 de Outubro mas também compreendo que o seu tempo deve ser diminuto e não chega para responder a todas as pessoas!Peço desculpa por vir fazer mais um comentário que não tem a ver com o tema mas não resisto a dizer que vi a sua participação no programa "só visto" e mais uma vez passei um bom bocado a ouvi-la!Que delícia poder partilhar as suas ideias e ainda por cima acompanhadas de um sorriso que é de facto contagiante...que maravilha!!!Bem-haja Helena!gugavale

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  2. Estimada Florbela
    Habitualmente só comento os post's se ele provocam alguma celeuma. Quando são elogios ou posts com os quais estou de acordo, raramente comento.
    Na altura fiquei muito contente por lhe fazer lembrar a sua mãe. Pareceu-me um elogio, por isso nada disse.
    Mas agora vai o meu abraço pelos dois!

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  3. Penso que não são 8,5 milhões de euros!!! mas mais um pedacito... Quanto à subida do consumo provavelmente está-se a dar com recurso ao crédito a chamada pescadinha de rabo na boca... eu até escrevo mais: o ano de 2010,2011... estamos atolados até à boca... já só temos o nariz para respirar!! espero é que não se apanhe nenhuma gripe pois então lá se vai o nariz!!!

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  4. Caro Voz a 0 db

    De acordo com os números pulicados pelo Banco de Portugal, o total dos empréstimos de cobrança duvidosa em Agosto último era exactamente 8,41 milhões de euros.
    Pessoalmente também acredito que não estão aqui contabilizados todos e que o valor pode ser superior. Mas este é o número "oficial".

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  5. Peço-lhe desde já desculpa por ter sido pouco directo. Penso que será 8,5 mil milhões de euros e não 8,5 milhões de euros... quanto à questão dos ditos "números oficiais" para mim são "números oficiais políticos" pois de exemplos de manipulação numérica temos bons exemplos... a começar no défice!

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  6. A crise vai no início e desengane-se quem pensa o contrário... perspectivas não há!
    Tirei de um blogue de Teresa Sá Couto, (ComLivros- Teresa) um excerto, de uma crítica ao livro "A Morte de Portugal", que demonstra bem, que é essa a via do nosso País:

    "Por fim, o do CANIBALISMO CULTURAL, o complexo canibalista, «que alimenta o desejo de cada pai de família portuguesa de se tornar súbdito do chefe ou do patrão, “familiar” do Tribunal da Inquisição, sicofanta da Intendência-Geral de Pina Manique, “informador” de qualquer uma das várias polícias políticas, carreirista do Estado, devoto acrítico da Igreja, histrião da claque de um clube de futebol, bisbilhoteiro do interior da casa dos vizinhos, denunciador ao supremo hierárquico», aludindo-se, na actualidade, à «perseguição a funcionários públicos rebeldes pelos poderes partidários instituídos pelo governo de José Sócrates/Cavaco Silva.».

    «Se a vitória europeia de Portugal se consumar, terá sido a geração nascida entre 1940 e 1960 a matar D. Sebastião pela segunda vez», diz, sem que, no entanto, antes desafie:
    «Resta aos homens de bem virarem as costas a esta nova elite tecnocrática que assaltou e se apoderou do Estado português (..) e, se puderem, emigrarem, clamando que aos homens-técnicos leva-os o Tejo e o Douro nas enxurradas de Inverno, os homens-cultos, esses, permanecem, recriando a nova imagem literária, estética e cultural por que Portugal posteriormente se reverá no espelho da História.»."

    A Morte de Portugal
    Um livro a ler...
    Claro, que se os nossos políticos dizem que a crise acabou, é porque não a sentem nos bolsos... o resto do País?! Querem lá saber!

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  7. Tenebroso. A factura vem já aí. Falta saber o verdadeiro deficit: eu estimo 8%. Mas aceito quem dê mais!

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  8. Caro Voz a O db, claro que tem toda a razão. Já corrigi.
    Pareço o Eng. Guterres...

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  9. Concordo com a Florbela. Realmente a HELENA no só Visto encantou e cativou. Foi bom ver as minhas filhotas de 11 anos atentas e motivadas pelo seu sorriso e pelas suas palavras.

    Sinceramente, penso que devia competir na tv com o Marcelo Rebelo de Sousa ou com o Miguel sousa Tavares.
    Beijos,
    Fernanda

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