O cenário de uma descida generalizada de preços é um dos grandes receios de quem se ocupa de gerir estas matérias.
Com efeito, os que têm pouco tendem a consumir cada vez menos. E os que têm mais e podem consumir, postergam os seus consumos na expectativa de aproveitar, ainda, de uma maior descida.
Logo, as empresas, face às quebras de consumo, vêem-se obrigadas a reduzir a produção e a descer mais os seus preços. Depois, numa tentativa de sobrevivência, ou despedem ou não aumentam os salários.
Mas sem aumentos salariais e com maior taxa de desemprego, a propensão será para novos cortes no consumo. O que nos faz voltar ao início.
Está, assim, criada a espiral que prepara o abrandamento económico e a eventual deflação que é como quem diz, uma descida persistente dos preços.
Entre nós há preços que continuam a subir. Ia, com algum maquiavelismo, dizer felizmente...
Como se calcula, é a variação descendente do preço do petróleo a maior responsável desta desaceleração.
Contudo, entre o que desce e o que sobe, a inflação média anual - que serve de base às negociações salariais - situou-se o mês passado nos 1,9%, admitindo-se que possa vir a atingir 1,2% ou até mesmo menos. Sendo assim, os trabalhadores cujo aumento foi fixado em 2,9%, poderiam ganhar o diferencial. Digo poderiam porque, em economia, um só indicador tem pouco significado.
Se a espiral persistir por mais uns trimestres, o futuro complica-se. Mas em Portugal, a norma é a navegação à vista. Com os resultados que conhecemos.
Contudo os maus da fita hão-de ser sempre os economistas...
H.S.C
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