domingo, 1 de março de 2009

Sempre iguais

Parece que nada têm de comum. Refiro-me ao restaurante Gambrinus e ao bairro de Campo de Ourique. Nutro pelos dois um carinho especial que, só por si, já bastava para os ligar no mundo dos meus afectos. Mas têm, ambos, outra característica: a de se manterem iguais nestas útimas quatro décadas de vida.
No Gambrinus encontro sempre a mesma atenção, a mesma qualidade e a mesma ementa. Posso ir de tarde ou à noite, sozinha ou acompanhada, que o carinho na saudação é o mesmo. Direi, até, que se esmeram em me resguardar quando apareço em solitário.
Viveram a revolução sem revoluções internas e, talvez por saberem que isso só aconteceu porque os clientes amigos não fugiram, tratam-nos como se fizessemos parte da casa.
Campo de Ourique também. Podem abrir lojas novas mas a maneira de existir não se alterou. Continuam a co-existir novos e velhos, ricos e remediados. E nas suas ruas planas há tudo o que o cidadão normal precisa: cafés, pastelarias, drogarias, retrosarias, ourivesrias, quiosques de jornais.
Ao contrário do bairro onde vivo, que morre todos os dias um pouco, Campo de Ourique mantém-se vivo e é uma lufada de ar fresco que não dispenso. Ambos mostram, afinal, que em Portugal nos podemos manter iguais, sem que isso signifique qualquer perda de qualidade.

H.S.C

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