Há verdades duma crueza enorme. Aconteceu, ontem, na entrevista conduzida por Mário Crespo ao antigo Ministro das Finanças, Medina Carreira.
Poderá dizer-se que o entrevistado é um homem desencantado - quantos de nós não somos e quantos o não serão ainda? - e catastrofista. Nenhuma destas características, mesmo a serem verdadeiras, altera a argúcia com que ele se debruçou sobre o "estado da arte" em que vivemos, demonstrando, com numeros, que teríamos voltado a um patamar que se aproxima daquele em que viviamos no princípio da Republica.
Mas o que mais me impressionou no diálogo travado, foi o que Medina Carreira disse sobre a democracia e os seus pilares, que são os partidos. A minha maneira de sentir aproxima-se muito da sua. É que acredito cada vez menos nos ditos e na qualidade do seu funcionamento. Logo, a desmotivação para votar vai num crescendo. Admito fazê-lo, e apenas por amor de mãe, nas europeias... Quanto às restantes, tenho muitas dúvidas!
Para quem tem - felizmente na oposição - membros da família na política, a desilusão é ainda maior, porque se sente que nada do que transmitiu aos seus se espelha na ctividade partidária nacional.
O meu desalento - e eu sou uma privilegiada, que ainda tem trabalho - não será tão grande como o do antigo ministro, mas anda lá muito perto. Correr o país e ver a fome instalada, as diferenças sociais agravadas, os jovens sem trabalho, as empresas a fechar, a violência a aumentar, enfim, ver Portugal a consumir mais do que produz, num caminho inexorável para ter o crédito cortado, dá-me uma imensa mágoa.
Medina Carreira apontou grandes responsabilidades ao sistema partidário nacional, essa imensa empresade colocação de pessoal próprio. E apontou, mais ou menos veladamente, para a hipótese dum sistema presidencialista, do tipo americano, devidamente fiscalizado. Estará errado?
H.S.C
O meu desalento,também é enorme e pela primeira vez não vou votar,a única eleição que vou dar o meu voto é ao Doutor Rui Rio,porque é daqueles que não se verga e porque a Elisa Ferreira não merece,quanto as outras nem ponho lá os pés.
ResponderEliminarOntem até parecia que o Medina Carreira estava a ler o meu pensamento,pois eu assino por baixo tudo o que ele disse.
O problema é que a solução não é votar,o problema é que pessoas como o senhor Medina Carreira,o ex-bastonario dos advogados Pires de Lima e porque não a própria Helena Sacadura Cabral,entre outros,não fazem um movimento de união em torno deste projecto que é Portugal?
Porque como já alguém dizia na Grécia antiga"a penalização de não participares na politica,é acabares por seres governado pelos teus inferiores.
"... para a hipótese dum sistema presidencialista, do tipo americano, devidamente fiscalizado."
ResponderEliminarvenha, pior não pode ser...
ouvi-lo faz sentir o doce amargo da argúcia na análise com o que se sente de razão real... tristemente real
onde é que uma pessoa se inscreve para pedir o sistema diferente? onde se pudesse também acrescentar: olhe, desculpe, mas assim não dá, já chega...
E vendo o que a política tem por detrás a desilusão revela-se maior.
ResponderEliminarhttp://www.danielestulin.com/ver.php?id=189
http://www.prisonplanet.com/articles/june2008/060308_bilderberg_kingmaker.htm
deixo tambem uma sugestão que calculo que qualquer economista acharia interessante.
http://video.google.com/videoplay?docid=-1656880303867390173
:)
Votar, para mim, é uma emoção.
ResponderEliminarNão há vez em que não se me marejem os olhos e sinta um embargar dos sentidos. Ridículo, provavelmente, mas esse acto que tantos desprezam é o exercício fundamental dos povos, e por ele tantos combateram, sofreram; pagaram caro pela audácia de perseguir um ideal: o da escolha pessoal.
Pode-se até votar em branco, pelo que é com infinito júbilo que faço o caminho para o local de voto.
Mesmo desiludida com o rumo da política neste mundo (sim, que não é só aqui, não esqueçamos...), mesmo descrente nos homens e mulheres que, mais do que batalharem por ideais, barafustam por benesses (tantas, tantas vezes...), mesmo sabendo que maioria vencerá e que, talvez não seja essa a vitória que eu desejo; mesmo assim, vou.
Para mim, reitero, é uma alegria.
É respeitar a História do mundo, os sonhos dos povos e as minhas sensibilidade e inteligência.
Nota:
Milady, não posso imaginar a arte do equilíbrio no seu mundo familiar. Mais uma razão - entre tantas, que aqui não têm cabimento - para a antiga e profunda admiração que lhe voto.
Respeitosamente,
M.
Também fiquei impressionada-é o cúmulo do desencanto.
ResponderEliminarMas, e soluções? O presidencialismo parece assim uma coisa sul-americana.
De novo o sebastianismo, sempre.
Tem que haver soluções: a pareceria com Angola, com Espanha, com o Brasil e,já agora, com a Europa!
Cumprimentos.
Como não consegui enviar a mensagem,vou enviar por email