Durante boa parte do século XX, o termo "jet set"
era usado para descrever uma elite internacional de ricos e famosos, que
cruzavam o globo em jatos particulares, frequentando festas exclusivas, resorts
de luxo e eventos badalados. Era um grupo reconhecido pelo glamour, pela
ostentação e pelo estilo de vida inatingível, muitas vezes imortalizada por
revistas e colunas sociais.
Hoje, o "novo jet set" é configurado de forma
bastante diferente, mais digital, mais influente e, em certos aspetos, mais
acessível (ou, aparentando ser). O novo jet set é composto por uma elite global
que não se define apenas pelo dinheiro, mas pelo alcance, pela relevância e
pela capacidade de moldar narrativas no mundo digital. Influenciadores,
empreendedores de tecnologia, artistas de media, criadores de conteúdos, e até
mesmo nómadas digitais com grandes audiências, formam esta nova constelação de
poder. Podem não ter heranças milionárias, mas têm seguidores, influência
cultural e visibilidade transnacional.
Enquanto o jet set clássico exibia status por
meio de consumo e presença em espaços exclusivos, o novo jet set
valoriza experiências, liberdade geográfica e capital simbólico. Estão menos
nos salões de gala e mais nas conferências globais, em retiros de bem-estar em
Bali, ou documentando as suas rotinas em Tóquio, Lisboa ou Dubai. Não é raro
que sua vida pareça simultaneamente distante e íntima. As suas viagens são
compartilhadas em tempo real, os seus pensamentos estão em podcasts, os seus
negócios são discutidos no X (Twitter), e a sua estética molda tendências
mundiais via Instagram ou TikTok.
Contudo, essa nova elite também enfrenta críticas. A aparente
informalidade e autenticidade mascaram, muitas vezes, estruturas de privilégio
e exclusão, similares às do antigo jet set. Além disso, o culto da
produtividade, da performance e do "lifestyle" perfeito, podem
gerar pressões psicológicas tanto para quem consome como para quem produz essa
imagem. A desigualdade continua presente, apenas mais camuflada sob filtros e
narrativas de meritocracia digital.
O novo jet set representa, assim, uma transformação no
imaginário de sucesso e mobilidade global. É menos sobre luxo explícito e mais
sobre acesso simbólico, influência cultural e presença digital. Ainda assim, agora,
há uma elite que se mantém, não apenas nas primeiras classes dos aviões, mas
nos algoritmos, nas tendências e no imaginário coletivo.
Um montão de cabotinos e lambisgóias para não levar minimamente a sério.
ResponderEliminarTenha um excelente fim-de-semana