Ninguém a chamava mais pelo nome. Era
"a mãe do Sérgio", "a mãe da Helena", "a mãe do Zé",
“a mãe”. E ela sorria – porque amava ser tudo isso. Mas nunca deixou de ser,
também, "ela mesma".
Acordava antes de todos. Bebia um
café, calçava os ténis e saía para a caminhada matinal. O mundo ainda estava em
silêncio, e era só dela. Tinha os seus livros na cabeceira, as suas ideias
anotadas em cadernos escondidos, os seus projetos, os seus sonhos. Criou os
filhos com amor, com presença, com histórias contadas no escuro e conselhos
dados entre garfadas.
Mas, enquanto ensinava o caminho,
também trilhava o seu. Estudou, amou, dançou. Teve amigas que os filhos nunca
conheceram e viagens que não incluíam perdas de tempo. Nunca pediu permissão
para continuar sendo mulher – apenas foi.
E no fim, quando a casa estava mais
silenciosa e os quartos raramente acesos, ela sentia uma espécie de paz que não
vinha da ausência, mas da entrega. Os filhos tinham partido – não para longe,
mas para as suas próprias vidas. E ela não os prendia com telefonemas ansiosos,
nem visitas inesperadas. Aprendera que o amor verdadeiro sabe o momento de se
recolher.
Agora, sentada à varanda e vendo o
sol descer atrás dos prédios, pensava: "Cumpri. Fiz o que pude. Dei tudo o
que tinha. Posso continuar a ser eu."
Porque ainda era ela. Inteira. Pronta
para outras histórias. Não um recomeço – porque nunca havia parado. Apenas uma
nova página, escrita com mãos que já embalaram, mas que, agora, estavam prontas
a colher.
Tinhas razão. querida mãe. Por isso não te esquecemos!
https://youtu.be/ozYTdMRiNlg?feature=shared
ResponderEliminarA
Falei ontem novamente com a minha mãe.
ResponderEliminarPara lhe dar boas novas - os salários das empregadas estão pagos; a sentença já foi emitida e é só aguardar o trânsito em julgado; vou aí em Setembro visitar-vos.
Agora faz favor de passares um lindo Dia da Mãe.