terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

OS FUNERAIS DA FAMA

Os funerais da fama são espetáculos peculiares que decorrem no palco efémero da notoriedade humana. Eles não se desenrolam em salões suntuosos ou em cemitérios ornamentados, mas sim nos recessos da memória coletiva, nas páginas amareladas dos jornais e nas redes sociais que ecoam o passar do tempo.

Nesses funerais singulares, não há cortejos fúnebres com carruagens enfeitadas, mas sim uma procissão silenciosa de pensamentos e sentimentos, onde as palavras sussurradas em corredores sombrios ecoam mais alto do que as homenagens proferidas claramente. É um ritual íntimo, onde os vivos se reúnem para lamentar a partida daqueles que, um dia, foram exaltados mas agora jazem nas sombras da irrelevância.

Os funerais da fama não conhecem limites de tempo ou espaço. Podem ocorrer anos após a ascensão meteórica de uma estrela, ou logo após o seu rápido declínio. Podem acontecer em uma sala de estar tranquila, onde os espectadores folheiam revistas antigas, ou numa conversa animada em um café, onde os feitos passados são relembrados com uma mistura de nostalgia e melancolia.

Nesses funerais, não há lágrimas derramadas em abundância, mas sim um suspiro coletivo de resignação. Pois todos sabem que a fama é uma amante volúvel, que um dia nos acaricia com a sua graça e no próximo nos abandona sem piedade. É um ciclo implacável de glória e obscuridade, onde os protagonistas são meros joguetes nas mãos caprichosas do destino.

E assim, os funerais da fama são eventos discretos, muitas vezes despercebidos pelos olhos apressados da sociedade. Mas para aqueles que participam, eles são momentos de reflexão e aceitação. Pois, ao lamentar a morte da fama de outros, somos lembrados da fragilidade de nossa própria existência e da efemeridade de todas as grandezas humanas. E é nessa humilde contemplação que encontramos uma medida de conforto, sabendo que, no final, mesmo a fama mais efémera não pode ofuscar a luz da verdadeira humanidade.

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