Todos os que me lêem, sabem que sou católica e mãe de dois filhos que, por sua vez, me deram dois netos que não podiam ser mais diferentes. Parece uma reedição familiar, mais colorida e olhada com os olhos do século XXI.
Quer eu quer os meus primos sempre apreciámos o principio seguido na família, de que à refeição se não discutia política, para que o ambiente decorresse calmo e se tratasse de assuntos de interesse geral, nomeadamente cultural.
Terminada a refeição, enquanto os adultos tomavam café e um ou outro digestivos, as crias iam para a cama. Nessa altura, a conversa acabava sempre por fluir para a política. Enquanto não havia conversa apaixonada, a minha avó não intervinha. Se os decibéis se elevavam, ela decretava que se ia deitar e queria silencio. Foram anos desta vivência, em que era a familia a grande educadora e a escola a grande instrutora do nosso saber.
Quando, por minha vez, fui mãe segui o mesmo caminho. Todas as vertentes eram toleradas mas a discussão acesa era na sala e com as crianças deitadas. Quando estas cresceram...nada a fazer. Tornaram-se intervenientes activas no diálogo. E paulatinamente cada um cresceu com as suas convições e eu com as minhas. E fomos sempre uma familia unidíssima!
Agora, sei que se pretende que sejam as escolas a não só instruir como a educar os nossos filhos. Parece-me um caminho muito perigoso. Eu, por exemplo, jamais consentiria que ensinassem aos meus filhos com 10 anos ou menos o que hoje se pretende tornar obrigatório numa disciplina de cidadania.
Há idades para tudo. E aos 10 anos eu é que saberia como os ir educando. Não seria a escola, que não sabia como se vivia na minha casa e na minha família, que estaria habilitada a faze-lo. E julgo que, não tendo jamais abdicado deste direto/obrigação, não terei feito mau trabalho, pese embora o facto de terem, no mesmo caminho, seguido vias diferentes. Ainda bem. Foi um enorme sinal de que são os afectos e não a política que determina os nossos actos!
HSC
HSC, fui mãe de três, professora durante 36 anos mas já não sou do tempo da tal disciplina de Cidadania. Porém como tenho netos ando mais ou menos a par. Claro que uma criança com 10 anos não tem maturidade para ser posta perante certos assuntos!
ResponderEliminarRecordo há uns bons anos uma entrevista com o Herman.
ResponderEliminarEle perguntou-lhe como era mediar as discussões do Miguel e do Paulo.
A resposta saiu rápida e directa - eu é que sou a mãe!
E recordo uma entrevista do Paulo, também com o Herman na qual ele dizia que notava uma grande ausência de pais na educação das crianças.
Ter pais, família, regras, muito antes e muito para além da escola.
Pois mas nem toda a gente nasceu em familias "bem" e ha coisas que realmente e preciso ensinar na escola para que a sociedade funcione (ou pelo menos deixar plantada uma sementinha de civismo).
ResponderEliminarAssim de repente veio a memoria o caso de Portugal e dos espacos verdes e o ambiente. Antigamente qualquer um fazia uma obra em casa, ia a praia buscar areia e descarregava o entulho na primeira ribanceira que encontrasse. Ha coisas que entram em casa por varios meios (umas pra bem, outras nem tanto) mas parece-me que educar para uma consciencia civica nao me parece assim tao mal (educacao sexual tambem ja tarda)
Cara Helena,
ResponderEliminarA minha admiração por si, pelo que escreve, pelo que nos partilha é enorme! Na minha opinião, um modelo que tento seguir...
Mas este seu texto.... esta sua "explicação" da maneira como vive e criou a sua família.... é tudo quanto pretendo para a minha!
Obrigada por mais estas palavras, simples mas completas!!
Boa tarde Dra Helena. Hoje fiquei mais descansada quando fui ao seu blogue... Estava preocupada com o silêncio. Revejo-me completamente no seu texto. No final pensei "bolas" esta senhora tem sempre "irritantemente" razão, mas digo eu como é possível pais mal formados formatarem crianças?. Um exemplo prático. Trabalho na área da saúde em bloco operatório. Uma menina com 4 anos foi ao bloco unhas pintadas rimel nas pestanas... e mais não digo. Sinais do tempo. Tudo de bom para a Senhora e continue mas escreva todos os dias a mim faz-me falta. Faz parte do meu ritual da manhã às 6.30.
ResponderEliminarAnónimo das 8:25
ResponderEliminarCompreendo o que diz. Mas cada um nasce na familia em que nasce. Não pede para cá vir. E é nessa familia que se fará homem ou mulher. A minha mãe era doméstica e o meu pai advogado. Ninguém pensou para mim, uma universidade. Pensaram familia, marido e filhos.
Excepto a minha mãe que vinha de uma larga família que vivia do salário de um militar e sempre desejou para mim uma existência independente e me estimulou nesse sentido.
Estudei com uma bolsa de estudos - no tempo Salazar - e fui a melhor aluna do meu curso, o que me abriu as portas para um outro mundo. Mas estudei muito, dei explicações e não sabia o que era uma discoteca. E muitas vezes nem férias tive. Queixo-me? Não. Podia ter seguido a via tradicional de depender do marido e depois dos filhos. Até hoje não quiz,
Sou independente, o que tenho foi produto do meu esforço, não vivo acima das minhas possibilidade e não vim de uma família "bem".
Vim de uma familia que muitas vezes contrariou os meus sonhos, mas que me amava. Nisso sim éramos "bons"!
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A propósito da sua independência como mulher.
ResponderEliminarUm qualquer dia durante uma, aula dava eu um “puxão de orelhas” a uma aluna do 12.º ano e sei que lhe disse que a estudar daquela forma não chegaria à Universidade, ao que ela me respondeu que só queria fazer o 12.º e casar-se!!
Claro que a forma mais eficiente de lhe responder foi perguntar-lhe se queria depender do dinheiro do marido para ir ao cabeleireiro, comprar um baton, uma bijuteria etc. etc. A Angela naquela altura não me respondeu nada... algum tempo depois, bem mais tarde e num contexto de que já não me lembro disse-me: estive a pensar naquela conversa do baton e a professora tem razão!
Hoje acho que fiz mesmo uma obra de misericórdia iluminando um espírito!
Querida Dra. Helena, não posso estar mais de acordo consigo sobre este assunto.É rigorosamente o que penso.
ResponderEliminarUm abraço e desejos de saúde.
Sou inocentemente curiosa! Gostava muito de saber o que é uma família "bem" A senhora disse que que não sabia o que era uma discoteca, no meu tempo trabalhei durante 3 anos nas minhas férias numa discoteca. Ganhava por mês 500 escudos porque vendia imensos discos. No final comprei uma máquina de lavar roupa AEG Lavamat F. que ainda hoje funciona... A marca já a quiz comprar mas para mim não tem preço.
ResponderEliminarNão posso concordar a 100% com a sua posição. Infelizmente há muitos pais que se alheiam da educação dos filhos, seja por que razão for. Se não for a escola a orientá-los, teremos uma sociedade de intolerantes, e ignorantes no que toca à sua função na sociedade e para com ela. Eu também consegui educar os meus filhos e passar-lhe valores, mas acredite que até já na educação pré escolar se nota a falta de interesse dos pais!
ResponderEliminar🌷
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