O Senhor tem por hábito testar-me. Demorei algum tempo a habituar-me, mas hoje convivo com o facto, com algum à vontade, porque sei que é uma manifestação do seu Amor por mim.
Durante todo o tempo que tem durado este confinamento, andei de credo na boca, com medo que me pudesse acontecer necessitar de um dentista ou de um oftalmologista. No primeiro caso porque tenho um canino que já me deu problemas e no segundo porque tenho de fazer uma benigna intervenção cirúrgica.
Os problemas do canino advieram das diatribes a que me sujeitou um médico de uma Clinica finíssima, para me desvitalizar o dente. Profundamente insatisfeita, decidi procurar o Prof. Francisco Salvado que me disse que a raiz estava partida e só havia duas soluções; ou um implante ou uma cirurgia em que ele tiraria o dente, colaria a raiz e voltaria a pô-lo no lugar. Neguei o implante, porque achava que já tinha tido implantes suficientes na minha vida. Contrariado, mas bom profissional lá fez a cirurgia, avisando-me logo que o resultado duraria o tempo que durasse.
Dito e feito. Há uma semana acordei com dor no tal dente. Prevenida face à situação do Centro Clínico do SAMS e das outras clínicas dentárias estarem fechadas deitei mão do Clamoxyl e no fim das pastilhas, telefonei-lhe a pedir orientação. Sempre atencioso disse-me para eu ir ao Centro Clinico às 11h que a Dra Ana Vieira, que eu já conhecia, me veria. Fiquei tão espantada que até tive dúvidas se teria ouvido bem. Ouvi.
Hoje lá estava eu num Centro quase deserto para ser tratada. A Dra Ana que já me tinha visto noutra ocasião, recebeu-me com a simpatia de sempre e, dentro das limitações – por exemplo não se pode usar broca – fez o que podia fazer. Pelo que percebi, mas sem certezas, a saúde oral vai, para já, funcionar duas vezes por semana.
À saída comecei a pensar no futuro. E as perguntas vieram em catadupa. É que os meus olhos estão entregues ao Dr. Pedro Cruz e a mesoterapia que faço está entregue à Dra Cecília Vaz Pinto e o meu corpinho está nas mãos do Dr. Faustino Ferreira que nunca me abandonou. Ora, à exceção de um, todos eles trabalham no Centro Clínico. E a todos agradeço a forma amiga como sempre se ocuparam de mim.
Então a quem é que eu vou pôr as questões de saber qual o meu futuro sanitário próximo? Ao Dr. Sorriso que preside ao maior sindicato do país e tem acompanhado toda esta situação? À ministra da saúde que seguramente sabe dela? À Dra Graça Freitas? À administração? Alguém me explica?
É que, agora, só falta mesmo uma inflamaçãozinha ocular. É evidente que não sou eu nem as minhas maleitas, que estão aqui em causa. Estão, sim, em causa, milhares de sócios que querem saber o futuro dos seus dividendos, neste caso, o que vai acontecer ao que pagam pela sua saúde...
HSC