Todos falam muito de "liberdade" de expressão. Todos falam muito de democracia. Todos falam muito de tolerância. Mas quando alguém se arroga o direito de dizer ou escrever o que pensa e esse pensamento não obedece ao que se considera politicamente correcto, cai o Carmo e a Trindade, o verniz estala e a incitação á violência de certos textos críticos, parece tudo menos de gente que tem a obrigação de ter tento na língua. Que mais não seja, por pertencer à chamada elite pensadora.
Já se sabe que Portugal é um país maioritariamente de esquerda. Mas por sorte ou por azar, nem toda a esquerda tem o monopólio da verdade, já que muito esquerdistas não passam de burgueses encapotados ou de ditadores disfarçados, que se um dia detivessem o poder, não hesitariam em liquidar quem não pensasse como eles.
No passado, há quatro décadas - é bom não esquecer -, já tivemos quem quisesse encurralar no Campo Pequeno, oposicionistas a democratas tipo Vasco Gonçalves...
Pois bem, passou quase meio século de revolução em que se acreditou terem-se interiorizado os valores democráticos. Afinal não. Se lhes dessem uma espingarda, os iluminados democratas de hoje, feririam sem apelo nem agravo, todos aqueles que não partilhassem a sua maneira de pensar! Para os acordar e pôr no bom caminho.
É uma pena que assim seja, mas há democracias que se assemelham muito a certas ditaduras. Depois, admiram-se que a direita se esteja a expandir e nas piores circunstâncias.
HSC
Não podia estar mais de acordo com tudo o que diz, Drª Helena.
ResponderEliminarA esquerda não faz a mínima ideia do que é a democracia. O Vasco Pulido Valente costuma dizer que quando se raspa um socialista, aquilo que se encontra, por baixo da fina camada, é um tiranete. E hoje, ainda mais o são, porque "contaminados" pelas más companhias a que se juntaram e a quem escancararam as portas.
Nunca se viu tanta intolerância, tanto radicalismo, tanto extremar de posições e opiniões como hoje. Esta perseguição sistemática a quem ousa pensar diferente não tem precedentes. Há uma vigilância permanente aos nossos actos, à forma como reagimos, um policiamento permanente da linguagem que devemos ou não devemos usar.
Pela minha parte, também faço como a Drª Helena: não permito que a minha liberdade seja cerceada e cultivo a tolerância, desde que aqueles Valores fundamentais, perenes e intemporais que forjaram a civilização europeia não sejam postos em causa. Esse deve ser o limite. Há que estar atento a esta "desconstrução" posta em marcha para aniquilar o "nosso modo de viver" ocidental.
Uma boa semana
Subscrevo inteiramente!
ResponderEliminarUm abraço e um bom dia
Só nos regimes totalitários há pensamento único. Entre nós há pensamento dominante, mas ele tem tanta força como se fosse único. E dizemos nós que somos uma democracia...
ResponderEliminarPodemos não estar de acordo, mas isso não significa que por via do ultraje tenhamos que ser erradicados. Que ao fim de quase 5 décadas ainda tenhamos que discutir problemas desta natureza demonstra bem o que ainda nos falta caminhar!
Anónimo das 15:14
ResponderEliminarPensamento dominante, por enquanto. É só uma questão de tempo para ser pensamento único. Não se ponha "fino" e verá...
Veja o que está a suceder com a historiadora Maria de Fátima Bonifácio, no jornal P-b--co (recuso-me a fazer publicidade ao nome do dito).
Caríssima Helena Sacadura Cabral,
ResponderEliminarJá lhe li melhores textos, este insere-se no Novo Politicamente Correcto que coniste em defender a ignorância e o preconceito a coberto da liberdade de expressão.
Será que, a coberto da liberdade de expressão, ficamos impedidos de criticar um tratado de ignorância, preconceito, conversa de café na sua forma escrita e logo por uma pessoa supostamente oriunda da elite cultural? Os novos tempos são comer e calar perante a ignorância atrevida?
Perante um texto que faz a apologia aberta do racismo através de uma suposta teorização científica, a senhora preocupa-se com as críticas mais ou menos virulentas ao mesmo, desenterrando o PREC e o que nele (não) aconteceu? Já chegámos a este nível de aceitação do mal?
Esperava um pouco mais de si.
Nunca percebi porque acha que um burguês não pode ser de esquerda. Conheço gente que vive bem folgada e é de esquerda. E porque não? de esquerda só pode ser pé rapado? Oh minha senhora… :-)
ResponderEliminarCaro Makiavel
ResponderEliminarO meu post não se referia a ninguém em especial. Ou antes referia-se a alguém que foi afastado das suas funções porque não era politicamente correcto. Mas desses ilustres desconhecidos não se fala,
Foi o sr Makiavel que resolveu personalizar o meu texto em Fatima Bonifácio. Acredite que quando eu quiser escrever sobre a historiadora não lhe roubarei o nome.
Respeito-a como investigadora mas isso não significa que pense como ela. Nem que tenha de defender o que ela escreveu.
O texto, se quer conhecer a minha opinião, não terá sido muito feliz. Mas daí a merecer as barbaridades e aleivismos de que foi alvo, vai uma enorme distância. Todos têm o direito de discordar das suas posições e de exporem as razões da sua discordância. O que já me parece não terem direito é de a achincalharem com qualificativos que me recuso a repetir. Ou seja, é esse tipo de crítica que depois retira toda a razão àqueles que possam tê-la.
Aproveito, aliás, para o esclarecer que respeito muita gente que pensa de modo diferente do meu. O que deve ser uma evidência, tendo sido mãe dos filhos que tive e que são um bom exemplo de como se pode viver democraticamente, sem pensamento único!
O politicamente correcto/incorrecto não existe. O que existe são direitos humanos, respeito versus preconceito, regras de convívio versus ofender os outros. No convívio, existem regras de civismo e sanções contra a ofensa, contra o bullying, ou deviam existir. A liberdade de expressão só é livre quando constrói e quando liberta, pelo riso, pelo prazer visual, sonoro, emocional, intelectual. É o que acontece com a arte, com os humoristas, com a criatividade. Quando a expressão é destrutiva não é livre, porque está amarrada a alguma ferida, à frustração, ao ódio. Não sei de quem fala, mas acredito mesmo que o politicamente correcto é um saco vazio que os Bolsonaros deste mundo estão a aproveitar para aliciar as massas infelizes, legitimamente infelizes, fazendo-as acreditar que existe dentro do saco um inimigo politicamente correcto que as controla como se fossem marionetes. Nada mais perverso. Para se aproximarem das massas desvalorizam a universidade, os livros, a arte, onde é que isso nos leva!
ResponderEliminarque exagero
ResponderEliminarMakiavel tem razão. Razão que falta à ilustre autora deste Blogue. Caso contrário, porquê este Post agora e não antes de Fátima Bonifácio ter escrito o que escreveu?
ResponderEliminarOutra coisa: então um burguês não pode ser de esquerda? No meu caso, aufiro um bom salário, claramente acima da média, pag um IMI relativamente elevado e voto à esquerda do PS (um voto útil, porque não me revejo a 100% no BE). Sou obrigado a ser pé-rapado, ou a prescindir daquilo que possuo e criei para poder auto-intitular-me de esquerda e nela votar?
Sabe, Srª D. Helena Sacadura Cabral, como empresário mantenho os 25 dias de férias aos meus funcionários, que lhe foram roubados pelo governo de Direita PSD/DS (e que Costa e o seu PS se recusam a repor), faço contratos onde pago claramente acima do salário mínimo (ninguém recebe menos de 750 Euros líquidos, por exemplo), exijo 7 horas e quando trabalham mais 1 ou 2 horas pago essas horas como extras. Sabe qual é o resultado disto? É ter gente feliz a trabalhar para mim e uma taxa de produtividade elevada. Ah, já me esquecia, não há diferenças salariais entre homens e mulheres e concedo sempre algum tempo extra às mães que o acabam por o ser, sem me fixar no tempo legal. Tenho lucro, podia certamente ter um pouco mais, mas à custa de critérios laborais que não professo. Chamam-me, por brincadeira, o "patrão vermelho". Gosto da alcunha.
Ilustre Senhora, um bom dia e sem rancor.
Drª Helena, apercebo-me que está sempre atenta e actualizada em relação ao que se escreve na comunicação social. Provavelmente já leu o artigo de Gabriel Mithá Ribeiro no Observador, mas se ainda o não fez, aconselho-o vivamente. Tão cheio de dignidade e de bom senso! Desmascara estes paternalistas da esquerda, os Penas Pires e os Boaventuras S.S. desta vida.
ResponderEliminarCara Dra. Helena Sacadura Cabral,
ResponderEliminarEstamos a viver um Novo Processo Revolucionário em Curso (NPREC) em Portugal: estão de volta os boicotes ao trabalho alheio, a imposição do pensamento único, os assassinatos de carácter dos desalinhados, a instrumentalização dos que tem menos recursos, as monitorizações virtuais e as novas formas de coletivização forçada, agora mais intelectuais. No NPREC volta a valer tudo: é-se alvo de todas as artimanhas e maledicência. E a vítima até deve ficar grata pelo privilégio de lhe usarem as ideias porque isso é reconhecer as qualidades da pessoa, mesmo que não lhe deem os créditos por elas.
Se quer que lhe diga, apesar de me sentir mais próximo do Paulo, sinto saudades do Miguel. Com ele por cá, talvez não se assistisse a tanta imaturidade em alguns sectores do espaço público português.
Cumprimentos.
Anónimo das 15:20
ResponderEliminarO senhor pode ser um patrão vermelho para os seus felizes empregados. E até acredito que lhes dê participação nos lucros da empresa que também é deles...
Mas como comentador levanta suspeitas sobre as razões do que escrevi. E isso, caro senhor, é muito pouco próprio de um homem que se comporta como diz. Infelizmente!
Fátima Bonifácio, de extrema esquerda quando jovem estudante, definiu-se posteriormente como «muito, muito, de direita» segundo as suas palavras.
ResponderEliminarNão interessa se o seu texto é politicamente correto ou incorreto, isso não interessa nada. O que interessa é se é ou não um texto racista.
Bonifácio gosta de uma boa polémica, precisa disso, para ela é um jogo.
Cara Drª Helena:
ResponderEliminarE pensar que toda esta polémica estalou com um texto de Mª de Fátima Bonifácio!!!
A historiadora veio expressar livremente um sentimento muito humano que é o do protesto, da indignação e do repúdio perante a ENTREVISTA ao secretário nacional do PS, Rui Pena Pires. Mª de Fátima Bonifácio denunciou o embuste das ideias aí divulgadas por este senhor. Lamentava ele "a falta de diversidade no espaço social". Defendia, pois, a possibilidade de resolver o problema da inclusão de ciganos e negros através do uso de um passe praticamente de livre-trânsito no acesso sem restrições ao ensino superior para "resolverem os problemas do racismo e da xenofobia"(sic). E, argumentando em conformidade, acrescentava, entre outras coisas de igual calibre, "se fizermos uma política de alargamento ao acesso ao ensino superior, resolveremos parte do problema...para todos os que têm condições mínimas"(sic). Chamo a atenção, sem comentar, para os dois adjectivos:
condições MÍNIMAS vs ensino SUPERIOR. Prosseguindo, temos então o secretário nacional do PS, Rui Pena Pires, a defender como critério a cor da pele, raça ou etnia. E o mesmo se aplicaria no acesso à Assembleia da República.
De estarrecer!!! Isto é uma enormidade, porque trata aquelas comunidades de uma forma indigna, que os apouca e os diminui. Além do mais, tudo isto é desonesto, e constitui uma injustiça se não mesmo uma traição àqueles alunos que, com persistência, esforço, sacrifício pessoal e das suas família se aplicam num honesto estudo.
E foi isto, muito simplesmente, que espoletou o texto corajoso de Mª de Fátima Bonifácio A PARTIR DAS ideias expressas por Rui Pena Pires na sua promoção da ignorância e da incompetência, através de medidas , estas sim, muito polémicas. E tão polémicas, que lhes podiam sair ao contrario do efeito pretendido... Tenho reparado que ninguém discutiu isto e se desviou (muito conveniente!!!) o foco de atençâo do tema principal do artigo de MFB para o acessório.
"Quando alguém aponta para a Lua, os imbecis apenas vêem o dedo"- provérbio chinês.
Muitos Cumprimentos pedindo mil desculpas por me alongar tanto
a maior parte dos portugueses nem vota ou vota contrariado para defender os seus interesses pessoais, nos próximos anos esse voto que no passado elegeu sá carneiro cavaco silva e durão estará alinhado numa miscelânea de partidos com teologias muy discutíveis
ResponderEliminarO facto de ser historiadora, catedrática, não confere a Fátima Bonifácio nenhuma validação para publicar sobre ciganos e negros, comunidades que não tem estudado, mostrando ignorar os estudos levados a cabo em Portugal pela antropologia cultural.
ResponderEliminarNo seu artigo «A paixão xenófoba de Bonifácio, a questão cigana e o racismo de estado» o antropólogo JGPereira Bastos afirma «Vamos então a factos: a historiadora não fornece quaisquer dados da sua área de competência e envolve-se na área da antropologia cultural, onde chumbaria na respectiva licenciatura, por incompetência movida pela paixão xenófoba» e ainda «Na sua ignorância, a historiadora confunde assimilação cultural com integração culturalmente diferenciada e recusa a realidade do multiculturalismo, o respeito pela diversidade de um mundo com mais de cinco mil línguas e culturas».
Defendendo a discriminação positiva, JGPB descreva a história dos ciganos em Portugal afirmando que esta comunidade sofre «a mais grave e escandalosa de todas as situações de racismo e xenofobia registados em Portugal».
Caras/os comentadores
ResponderEliminarO meu texto não é, não foi sobre Fátima Bonifácio que é uma gota de água na imensidão do que pode entender-se por democracia de pensamento. Apesar de ter havido quem duvidasse de mim, o que é lamentável. Não escrevo para agradar, nem para obter benefícios. Escrevo porque entendo ser esse um caminho de cidadania que muito prezo.
Logo, é inutil tentarem levar on meu post para onde ele não foi.
Pena tenho eu do desgraçado engenheiro, pai de familia, que teve a triste ideia de dizer o que pensava acerca das obrigações da empresa onde trabalha e que foi "afastado" por causa disso.
Destes casos ninguém fala. E só não ponho neste blog o seu nome, porque a isso não estou autorizada. Se estivesse, talvez houvesse aqui alguma surpresa.
HSC não duvido, porque deixou isso bem claro, que o seu post nada teve a ver com a publicação infelicíssima de MF Bonifácio. Mas como não pode identificar a quem se refere e o post surgiu na altura do referido texto, aproveito o tema para desabafar a minha indignação. F Bonifácio tinha todo o direito em manifestar-se contra as quotas, sem precisar de chegar aos delírios de ódio a que chegou, com argumentos de fancaria, que não são admissíveis numa prof universitária e o pior de tudo, sem mostrar nenhuma saída, sem apresentar nenhuma solução para a integração dos ciganos e negros, cuja realidade mostra desconhecer. «São inassimiláveis» diz, demonstrando que não só não sabe que não se pretende a sua «assimilação» mas a sua «integração», como os deixa a apodrecer num beco sem saída, e isso é duma tristeza que dói. Li vários artigos de diferentes quadrantes, incluindo G Mithá Ribeiro, que não conhecia, porque gosto de ver as coisas de vários ângulos. Apesar de ter ideias interessantes acabou por me decepcionar, por ser um texto bastante confuso e porque defende regras muito estritas e estanques: só as mulheres podem falar das mulheres, só os ciganos podem falar dos ciganos, só os negros podem falar dos negros, só os idosos podem falar dos idosos, só os jovens podem falar dos jovens. Uma das ideias interessantes do texto é quando Mithá Ribeiro refere os sentimentos das minorias, mas mais uma vez, devido à tal rigidez, só o cigano pode conhecer os seus sentimentos, só uma mulher pode conhecer o seus sentimentos, etc.
ResponderEliminare a direita em portugal está em clara retração, não surge um movimento de extrema-direita faz anos. Portugal não é a europa
ResponderEliminare isto é só o começo, não votem no "Chega" não...
ResponderEliminarAo comentador anónimo do dia 12 de julho às 11:18
ResponderEliminarTambém li o texto de Mithá Ribeiro. Aliás, leio-o sempre que escreve e tenho uma grande admiração por ele.
Julgo que quando GMR se referia ao facto de só os ciganos poderem falar de ciganos ou os idosos dos idosos ou os negros dos negros etc. suponho que queira dizer que só aqueles que vivem "de facto" os problemas, podem falar com conhecimento de causa. É que Mithá Ribeiro também sabe do que fala...
SC
A velha e mal-amada Bonifácio, empedernida que mete medo ao susto, separada da natureza, da árvore, da seiva, escurinha, encardida, para o seu próprio gosto e desgosto, sente uma lancinante solidão e esperneia para chamar a atenção. Terá sido tratada como raça inferior do sul, lá fora, no país em que estudou? Maria de Fátima sente-se inassimilável num mundo anti-intelectual, em que é dominante o culto do corpo, da juventude e da beleza.
ResponderEliminarSó o bebé pode falar do bebé, só o cão pode falar do cão, só o mar pode falar do mar (ele é que sabe se está poluído ou não), um mundo frio e triste de total incomunicação.
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