sábado, 5 de janeiro de 2019

Altíssima Definição


Acabei de ouvir o programa Alta Definição, do Daniel Oliveira, cuja entrevistada foi Cristina Ferreira. Como declaração prévia, devo esclarecer que admiro ambos. Já aqui, uma vez, o disse. Mas isso não me impede de criticar o que entenda ser menos bom. Não foi, felizmente, até agora, o caso.
Daniel tem um raríssimo condão para "tirar" das pessoas, quase em silêncio, o que elas têm de melhor. Com efeito, ele questiona um mínimo, para dar largas e brilho ao seu entrevistado. Sei do que falo, porque já fui ao seu programa e considero que essa foi uma das cinco melhores entrevistas que me fizeram. Alem dele, Pedro Rolo Duarte, Manuel Luis Goucha, Cristina Ferreira e Fátima Lopes são as restantes a que me refiro. A todos devo um muito obrigada pelo profissionalismo e pelo afecto demonstrados.
Daniel é, para mim, um caso muito especial, porque quando a entrevista ia para o ar, o Miguel acabara de falecer e ele teve a extrema delicadeza de me perguntar se eu queria ou não que ela fosse emitida. Quis, mas jamais esquecerei esse gesto. O que nele pressenti, indiciava que a sua vida pessoal iria ser o suporte essencial do sucesso da sua vida profissional. Julgo não me ter enganado. Ele irá fazer da SIC uma nova estação televisiva.
Cristina Ferreira que, na segunda feira, iniciará o seu novo programa, mostrou-nos hoje no Alta Definição quem é aquela mulher que eu conheci no Porto há já alguns anos . Ela não se lembrará certamente desse encontro. Mas eu registei-o e nas breves palavras que trocámos, tive a noção de que estava ali alguém com potencial para ser melhor aproveitado.
Ao longo dos anos que foram passando tivemos vários contactos na promoção dos meus livros e nessa altura ela já tinha uma posição na televisão. Já era admirada e também criticada. Pertenço ao grupo de quem sempre admirou a dupla Manel/Cristina, um caso pouco comum na tv portuguesa. 
Mas também confesso ter, a partir de certa altura, pressentido que ela não poderia durar eternamente, já que o meu amigo Manuel, em televisão fizera tudo o que queria e a juventude de Cristina  teria ainda, certamente, sonhos por realizar. É que a vida, neste aspecto e nesta área, é mais cruel para as mulheres do que para os homens. E ai daquelas que o não percebam!
Com efeito, face à tendência crescente de, no entretenimento se recorrer, cada vez mais, às jovens no ecrã, os próximos 10 anos seriam decisivos para Cristina.E ela percebeu-o.
Não sei nada do que se passou na transferência entre canais. Nem quero saber. Sou amiga e admiradora dos três e quero manter-me como tal.
Voltando à entrevista - como sempre muito boa -, Cristina explicou bem quem é e quem pretende continuar, genuinamente, a ser. Não teve tabus em falar do que devia falar, não fez teatro para explicar a sua mudança, como muitos detractores estariam à espera que fizesse e mostrou bem a sua força, sem esconder as suas fragilidades.
Gostei muito de a ver e de a ouvir. Se vou gostar do programa ou não, só daqui a uns dias poderei saber. Para já, como admiradora dela e do Daniel, só lhes posso desejar muito sucesso.
E ao meu querido Manuel Luis desejar que se bata pelo seu programa, como sempre faz com tudo o que é importante na sua vida.

HSC

18 comentários:

  1. Também vi a entrevista e admiro igualmente os três que refere. Como tal subscrevo tudo o que escreveu.

    Beijos

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  2. Foi de facto uma entrevista muito interessante que permite perceber melhor quem é a Cristina Ferreira.

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  3. Cristina Ferreira além de uma resiliente, é uma lutadora.
    Manuel Luis Goucha também.
    Julgo que todos vamos lucrar porque cada um vai se esforçar ao máximo por dar o seu melhor!

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  4. Goucha contribuiu e ajudou a promover um facínora de Estrema-Direita, como foi o caso de Mário Machado. Conviria ouvir o que disse Daniel Oliveira, repescando um artigo escrito por aquele facínora, para se perceber melhor o tiro no pé que o tal Manuel Luís Goucha (e Sergio Figueiredo) deu ao convidar semelhante criatura para o seu programa. Foi um acto lamentável, que diminui a Democracia e o diminiu a ele (ou o revela, pelo menos para ver até onde pode ir para promover o seu programa). A Democracia tem e terá de ter limites no que respeita à tolerância. Como faz e muito bem o Reino Unido que não permite e pune com prisão as apologias a Hitler e fascismos. Por outro lado, quando um alarve defende Salazar, convido-o a ir até ao You Tube e extrair as imagens e ver os filmes da época, com a Mocidade Portuguesa, as mulheres, o Exército, etc, em fila, a passar em frente ao Ditador, de braço e palam da mão esticados, a gritarem, "Viva Salazar", com o S no cinto das calças das vestes da Mocidade e Legião e das mulheres, com Salazar a corresponder. Para quem a memória é curta, como pelos vistos a da autora deste blgue, que passa um pano de desculpabilização sobre o irresponsável do Goucha-amigo, que deveria recordar-se bem deste tipo de atitudes como os da postura fascista de Salazar, o mesmo que foi lembrado com respeitabilidae poelo jornalista apoiante de Mário Machado e pelo próprio facínora.
    Este Post visou sobretudo amenizar a imagem do Goucha promoro de fascistas e tipos de extrema-direita. Embora não surpreenda.
    Houvesse algum respingo de vergonha e a rapariga, Maria Gomes Cerqueira deveria era retirar-se do programa. Mas, o dinheiro manda mais do que seriedade.
    a)Pedro M.

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  5. Pedro M
    Não vi o programa mas concordo consigo. Foi de facto de facto algo infeliz. Mas só se nesta visão tivermos a coragem de usar as mesmas palavras com figuras do comunismo que mataram milhões e são toleraras e até elogiadas!

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  6. Lembro-me da entrevista que refere com o Daniel Oliveira.
    Que acabava com a Helena, respondendo a uma pergunta do Daniel, a fazer o resumo da entrevista - "olha que tarda tão bem passada com o Daniel!"
    Afirmação a que se seguiu o seu sorriso único.
    Boa semana

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  7. HSC, muito boa a sua resposta a Pedro M, na “mouche” como se costuma dizer!

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  8. Helena Sacadura Cabral,
    Não estão em causa os crimes de Estaline, Pol Pot, do "amigo" de Trump, o líder da Coreia do Norte. Todos eles, e outros tantos iguais, são gente condenável. Patífes. Assassinos, Genocidas. Como aliás, hoje, na Arábia Saudita (e a guerrra estimulada por ela no Yemen, outro genocídeo, com gente, crianças, mulheres, idosos, civis, a morrerem com armas e munições Ocidentais, dos EUA, R.U, FRA, ALE, SUE, etc). Mandar matar opositores é sempre repugnante.
    O que estava em causa e você não quis pôr em cheque (por ser amiga do Goucha), no contexto do que se falava, era atitude do Goucha e de quem por detrás dele assim o decidiu. Não foi um "acto infeliz", como diz. Foi grave. Consciente. Goucha e Sérgio Figueiredo sabem - muito bem - quem é e foi Mário Machado. Uma figura hedionda, quer política, quer, sobretudo, criminal e mesmo no que respeita aos valores democráticos, como é o nosso Estado de Direito.
    A Democracia tem de ter, como bem fazem os britânicos, limites e nesse sentido, invocar Salazar e convidar alguém que mata pretos, homosessexuais, opositores políticos, não deve ser tolerado. O que aliás vai de encontro ao que estabelece a nossa Constituição, que eu saiba ainda em vigor (e que sugiro que seja lida, pelo menos de vez em quando).
    Daí que, HSC, a sua resposta, embora me mereça o respeito de todas as respostas ao que eu penso, seja, no mínimo, deslocada, visto não se centrar no que importava: se foi, ou não, correcto, aquilo que o Goucha fez. Não foi! Ou, na melhor das hipóteses, deveria confrontá-lo com os crimes que ele, Mário Machado, praticou e pelos quais foi condenado, bem como sobre a acção de Salazar, como a Pide, o campo de Tarrafal, os presos políticos, a ausência de Democracia/Ditadura, a guerra inútil Colonial, etc.
    É pena que para aceitar uma crítica se escude numa observação - que nenhum democrata discordaria, como os tais regimes facínoras e estalinistas. Não confundamos as coisas. E "focus" no que se discute.
    Tenha um Bom Ano, com saúde, sinceramente!
    a) Pedro M.

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  9. Partilho da opinião sobre tudo, do início ao fim da publicação. O Alta Definição de sábado nem me surpreendeu, não sei se por já conhecer muito da entrevistada ou se por eu estar certa de que ela ia ser fiel a si própria em tudo.

    Também desejo agora os maiores sucessos a todos, não percebo esta nova realidade que tentam criar de termos de escolher, admirar uns e odiar outros... São todos incríveis profissionais e merecem continuar a receber méritos e a somar sucessos, seja quem for a conseguir maior audiência no fim.

    Já agora, também é uma honra comentar neste blogue :) a desejar um muito feliz ano novo!

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  10. Arnaldo Matos é do MRRPP e Isabel do Carmo do defunto PSR. Matos e Carmo nunca se puderam ver! Ou será que agora são amigos? Foram ambos estalinistas, mas, curiosamente, inimigos políticos (vá lá saber-se porquê!).

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  11. Caro Pedro M
    Vi há bem pouco tempo num programa televisivo de grande audiência, Arnaldo de Matos, fundador das Brigadas Revolucionárias falar sobre algumas atrocidades feitas pelo movimento . Ninguém se indignou.
    Para além destas, a LUAR usou bombas para matar e não vi qualquer indignação relativamente à lamentável exposição que a ex-.mulher de Carlos Antunes, Isabel do Carmo - ambos fundadores daquele movimento - fez na televisão e que, agora, exerce tranquilamente medicina num hospital publico.
    Já lhe disse que não concordo com o que aconteceu, como não concordo que Arnaldo de Matos viesse explicar a necessidade de de fazer o que fez, sem mostrar pinga de arrependimento. Bem pelo contrário.
    Curiosamente ninguém reagiu. Dois pesos e duas medidas? A democracia é, de facto, o melhor dos maus regimes. E o politicamente correcto só tem agravado esta situação!


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  12. Já comecei a ver o "Programa da Cristina" e acho-a nervosa e pouco natural. Falta ritmo e espontaneidade. O cenário é demasiado grande e pouco intimista e a Cristina perdeu aquilo que a diferenciada e cativava: a sua natureza entre a criança e a adolescente ingénua com resposta pronta sem auto-análise prévia. Brilhava na picardia com o Goucha.
    Agora o peso da responsabilidade a vários níveis muda tudo!
    Chega a ser de mau gosto atitudes pouco finas..., gritaria, riso nervoso por tudo e por nada...falta de naturalidade e de cultura...
    Mas eu já estava de algo semelhante. As pessoas deslumbram-se com facilidade e é tudo uma questão de moda...efémero!
    Emília

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  13. D. Helena estou totalmente de acordo consigo ,as pessoas tem dois pesos e duas medidas

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  14. Muito bem, Helena! Há certos "democratas" que só veem para o lado que as palas que ostentam lhes permitem...

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  15. Pedro M... viver em democracia, é viver com comunistas, fascistas, pretos, brancos, etc... ou será que agora vamos ter de matar todos os fascistas ou conunistas que por aí circulam, só porque não temos a mesma ideologia? O tempo da outra senhora ja era.... digo eu.

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  16. Subscrevo as suas palavras e agora que o
    programa da Cristina já começou e está a bater
    todos os outros em audiência, se pode avaliar a
    qualidade do seu trabalho por si própria e para
    mim está a ser muito bom.
    Os meus cumprimentos.
    Irene Alves

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