quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Esta Lisboa que eu amo...


Não me conformo com o desleixo e o mau aspecto do Rossio.
Cada vez que me tenho cruzado com o Presidente da CML, e nos últimos 4 anos tem sucedido haver encontros casuais, falo-lhe neste assunto. Simpaticamente e sempre com um sorriso, diz que concorda com a necessidade de haver uma intervenção, mas até à data nem sequer deverá ter dado uma volta a pé pela Praça, para se aperceber do seu estado lastimável.
Ainda há dias, ao atravessar a placa central, vi um casal um pouco mais novo do que eu, ainda certamente na casa dos 60 (que já não eu…), a observar detalhadamente a famosa Fonte Wallace (século XIX), a tal que está em frente ao NICOLA, semelhante a 16 que existem em Paris.
Só há pouco tempo soube que um tal Senhor Wallace também ofereceu uma a Lisboa. Pois meti conversa com eles que estavam desolados com a ferrugem qua a começa a corroer o ferro fundido, para além de não deitar uma gota de água. Chegámos á conclusão de que não deverá passar muito tempo até que, numa bela noite, a dita obra de arte seja “adoptada” por alguém que a levará para um sítio mais “digno”… de um jardim privado.”

 (Excerto da carta de um grande amigo que, como eu, ama o seu país)

Não é a primeira vez que aqui me insurjo contra o estado a que o nosso Estado deixou chegar a capital. Falo de Lisboa, onde resido, mas podia subir a Coimbra e ao Porto e detectar os mesmos defeitos.
É uma pena que se deixem chegar certos monumentos a uma tal degradação. É que um roubo ficaria logo justificado, se as fontes fossem "viver" em locais onde a sua manutenção estivesse assegurada.
Senhor Presidente Medina, passe pelo Rocio, a pé, e veja o que os seus municipes lhe pedem. Salve o que resta de um passado que, ele também, conta a nossa história.
Já agora convém lembrar-vos como surgiu a fonte a que me refiro acima.
A chamada Fonte Wallace compõe-se de uma série de obras de arte em ferro fundido para embelezamento de praças e parques públicos, de grande beleza e raridade, produzidas no final do século XIX.
O nome deve-se ao seu idealizador, o filantropo inglês Sir Richard Wallace que doou 100 exemplares da Fonte à cidade de Paris em 1872 e, posteriormente, o fez para outras grandes cidades pelo mundo afora.
Estas fontes foram fundidas na década de 1870 pela fundição Val d’Osne, em França, e o seu escultor, Charles Lebourg, captando o espírito de sua época (o período romântico francês), fez representar, através de quatro belas cariátides, algumas virtudes eternas: a Bondade, a Caridade, a Sobriedade e a Simplicidade. Sobre um pedestal destacam-se, pois, as quatro delicadas estátuas femininas, trajadas em vestes gregas, que sustentam uma cúpula.
Richard Wallace viveu de 21 de Junho de 1818 a 20 de Julho de1890 

HSC

6 comentários:

  1. Certos autarcas (e seus acólitos) parece que têm horror ao belo e a tudo aquilo que representam. Estão empenhados em substituir o que de mais antigo e bonito temos por trastes modernos, sem qualquer estética. É ver o centro de Guimarães, o Toural, como aquilo ficou, não há um vimaranense que o aprecie. No Porto, ocorre-me o Palácio de Cristal, cuja soberba paisagem atrai cada vez mais turistas, está negligenciado de forma inexplicável!
    Se os cidadãos se manifestassem mais... está visto que sem cidadania activa não vamos a lado nenhum!
    Maria

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  2. Eu também não me conformo!Podemos fazer alguma coisa?

    Que tenha um bom fim de semana - está quase a chegar!

    Margarida Palma

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  3. Subscrevo totalmente as suas palavras.

    O que interessa é construir Hotéis…

    Uma profunda decepção pelos autarcas

    que dirigem certas C.M.!!!
    Os meus cumprimentos.
    Irene Alves

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  4. Políticos, está tudo dito!
    Promessas eleitorais e apenas isso.
    Decoro e honestidade de carácter, muito poucos.
    Um bom fim de semana.
    Parabéns pelo novo livro.
    Boa saúde e disposição.
    Ana Cortez

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  5. Andando eu à procura de algo que confirmasse que esta fonte, em Lisboa, é uma "Wallace", deparei-me com o seu blogue. Por momentos, acabei por esquecer ao que andava e fiquei-me por aqui, largos minutos... Quando regressei à minha pesquisa inicial, reparei que a sua publicação tem a mesma data que uma outra minha, sobre uma Wallace, mas em Zurique! E foi aí que comecei a comparar as minhas fotografias, com os nossos textos, e vi que a de Lisboa só à primeira vista é que uma Wallace! A descrição em nada se assemelha com a que existe em Lisboa. Será que estamos perante uma réplica? Então, porque figura com esse nome, em todo o lado, mesmo nos sítios relativos às Wallace? Numa coisa, concordo consigo: seja ou não original, é uma pena o estado (terminal) em que se encontra...
    Agradeço, desde já, uma eventual resposta!
    Judite

    https://asfontesdaminhavida.blogs.sapo.pt/fonte-wallace-lisboa-336915

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