terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Parece-me demais...


O excesso de moralismo tem, sobre mim, um efeito perverso. Não é de agora e sempre me senti desconfortável quando tentaram aplicar-me figurinos do politicamente correcto.
Vem isto a propósito da malha apertada a que muitos de nós ficamos sujeitos pelo exercício de certas funções públicas ou, até, por sorte ou azar, nos termos tornado mais ou menos "afamados".
Não conheço Mario Centeno de lado algum. Nem do Banco de Portugal que ambos, em épocas diferentes, frequentámos. Nem sequer é, entre actuais ministros, aquele com quem simpatizo de modo especial. Limito-me a ter por amigo, alguém que  também é seu amigo. É pouco para estar em causa qualquer conflito de interesses. 
Por isso, estou à vontade para exprimir a minha opinião. Admito que pedir dois bilhetes para ver um jogo de futebol na bancada central, não tenha sido uma atitude feliz. Mas daí a acreditar na cumplicidade de favores que esse pedido representaria, vai uma distância que, neste momento, me recuso a percorrer.
Portugal precisa de ter uma comunicação social séria, que não embarque de imediato no julgamento em praça publica, apesar das audiências que isso comporta. Porque o mal que tal comportamento provoca na pessoa visada não é nada comparado com o mal que provoca no país e na imagem que este carece de projectar no exterior.
Repito, não tenho qualquer filiação partidária, nao conheço nem simpatizo muito com Mario Centeno, ninguém me encomendou o sermão e até estou em total desacordo com algumas medidas tomadas pelo Ministro da Finanças. Mas não gosto nem desejo ver um ministro português ser enxovalhado e julgado na praça publica nacional e estrangeira, sem que as instituições próprias o tenham avaliado.

HSC

11 comentários:

  1. Tudo o que excede os limites do bom senso causa-me um grande transtorno emocional, sobretudo quando se tenta alcançar um fim pelas vias menos corretas.
    Abraço

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  2. Subscrevo totalmente o seu texto.

    Estamos a atingir um grau 0 na comunicação social

    e até na própria justiça(???).

    No momento em que Mário Centeno ocupa um cargo
    internacional importante, aqui em Portugal tenta-se
    derrubar um Ministro das Finanças? E por causa de
    2 bilhetes de futebol? Se ele tivesse que deixar o
    cargo de Ministro das Finanças, teria que deixar o
    cargo internacional, seria um enorme desprestígio
    para Portugal.Será que não pensam?

    Os meus cordiais cumprimentos.
    Irene Alves

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  3. Não sou adepto de futebol nem nunca comprei ou pedi um bilhete para ir ver um desafio. Tive de estar duas vezes num estádio para acompanhar um convidado. Presumo que há uma diferença entre os bilhetes, que são pagos, e os convites para os chamados camarotes ou tribunas dos dirigentes dos clubes que não são vendidos, não têm preço. Assim, se o Ministro das Finanças, personalidade que não conheço pessoalmente, utilizou um convite do Presidente de um clube confesso que não entendo toda esta exploração pouco digna que pode denegrir a imagem de um político que tem dado provas de competência e de bom senso, a bem do nosso País. Tanto quanto se pode perceber, a sua designação para Presidente do Eurogrupo não foi uma "amabilidade" dos responsáveis da União Europeia. Foi distinguido pelos seus pares "europeus" algo que anteriores titulares portugueses dessa pasta nunca conseguiu...
    Enfim, como diria alguém, é a vida... Habituem-se!
    J Honorato Ferreira

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  4. Acompanho o Miguel Sousa Tavares quando ele afirma que, por este andar, qualquer dia não teremos ninguém com um mínimo de qualificações disposto/a a ocupar cargos públicos.
    Isto não é luta política, é luta no lamaçal.

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  5. Helena
    Há uma certa comunicação social de gosta de deitar rastilhos e quando o fogo pega custa a apagar, é triste ver este tipo de informação barata, vazia.

    E o que diz do caso Lex?

    Partilho uma frase que não esqueci, aprendi em Filosofia.

    Moralista em Filosofia não é aquele que cospe regras para cima de outro, moralista em Filosofia é alguém que observa o comportamento humano para trás da hipocrisia.

    Abraço
    Carla

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  6. Também eu... Mas essa do "julgamento em praça pública" é o maior calhau na pedra no sapato desta democracia.

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  7. Tem toda a razão. O que se está a passar é tão rasteirinho, tão mau...Parece que ficam contentes por ver o enxovalho ao Ministro das Finanças atravessar fronteiras! Que gentinha reles.

    Maria F. Silvestre

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  8. Faço minhas as palavras de Pedro Coimbra.
    E mais, já não tenho paciência para este tipo de Comunicação Social...
    Bj da Maria do Porto

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  9. "Portugal precisa de ter uma comunicação social séria, que não embarque de imediato no julgamento em praça publica."
    Mas não tem. Mais! Portugal tem várias comunicações sociais e todas elas tendem a embarcar de imediato no julgamento em praça pública.
    E porquê?
    - Porque cada comunicação social está ao serviço de uma cor politica que quando não é governo, é contra ele.
    - Porque a comunicação social é uma indústria que precisa de vender produto acabado e para isso, necessita de matéria prima.
    - Porque esta indústria usa mão-de-obra qualificada e impõe-lhe objetivos impossíveis de atingir, seguindo as regras deontológicas tacitamente aceites.
    - E porque a matéria prima corrupta, podre, fácil de encontrar a preços irrisórios e compensadores... abunda.
    - E porque àquele nível, qualquer falta de seriedade e de princípios, justifica largamente. E ainda porque àquele nível... nada tem consequências.
    Então o que justifica que a comunicação social seja séria e cumpra escrupulosamente os códigos deontológicos?

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  10. Pois... há raposas manipuladoras.
    Mas ..."Quem não quer ser lobo não ..."
    JG

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