Julgo que, até hoje, nenhum filme de Woody Allen me desiludiu. Mesmo aqueles que eram menos bons tinham sempre qualquer coisa que me levava a pensar que tinham valido a pena. Curiosamente - e ao contrário do que me acontece com outros directores - o homem, enquanto pessoa, não me interessava muito. Mas o realizador e o intérprete, ao contrário, sempre me despertaram uma enorme curiosidade.Talvez porque houvesse nesses dois papeis, na obra e na interpretação, um qualquer lado feminino mais escondido, uma ironia ácida, uma tristeza que provocava riso. Enfim, percebia-se que como pessoa não se levava muito a sério, que, para mim, é um factor de extrema importância. De enfatuados, cheios de si, estou eu bastante farta. Basta ligar o aparelho de tv e eles ali estão a debitar a cassete gasta das suas pomposas certezas.
Assim, fui para o cinema com uma amiga também fã de Allen, ambas convencidas do bom bocado que iríamos ter. Sessão das seis, para jantar em seguida, contentinhas da vida, já que pelo meu lado, ando, há dois meses, em exames, para decidir se opero as duas mãos, afectadas pelo síndroma do canal cárpico. Para os que não sabem o que é, continuem sem saber, porque as dores são piores do que más.
Confesso, que quando acabou o filme quer eu, quer a minha amiga perguntámos "mas o que é isto?". É um filme triste, de alguém que sente a velhice e se angustia com isso. Ora não era essa a tónica da obra deste homem, até aqui. Os velhos existiam mas, felizmente, nao se compadeciam com a sua velhice ou a saudade dos tempos em que eram jovens.
Neste filme, essa compaixão manifesta-se num triste triângulo amoroso, ao qual o realizador não soube dar a volta. E eu saí, pela primeira vez, desiludida com a desilusão de Woody Allen.
HSC
A sério? Por acaso não tinha muito boa ideia deste filme, mas se uma fã diz que não vale a pena... oh! =(
ResponderEliminarUm beijinho,
http://obiquinidourado.blogspot.pt/
Pois eu gostei, Helena. Já vi melhores filmes de Woody Allen, mas também piores. Não me desiludiu e acho-o até muito alleniano: no jazz como pano de fundo, nos gags humorísticos, nos sentimentos onde se misturam nostalgia e ironia, sei lá...
ResponderEliminarRealmente, de Woody Allen não tem nada...
ResponderEliminarMelhores cumprimentos.
Ainda não vi, mas li críticas positivas até em jornais estrangeiros. Falavam da mestria do W. Allen embora realçassem a nostalgia presente neste filme. Se é assim como o viu também não me agradará...
ResponderEliminarSei o que é o síndrome do canal cárpico, tenho familiares e amigos com esse problema. São dores altamente incapacitantes. Todos se operaram( uma mão de cada vez!!!)e correu bem. Cabe-lhe naturalmente a si e ao seu médico decidir, mas é já um acto muito normal nos hospitais, como sabe.
As melhoras. Bjs da Maria do Porto
Já somos duas querida amiga, não o canal cárpico mas um joelho que teimosamente não me deixou dormir durante os últimos três meses e que depois de radiografia, ressonância e afins, também não pode estar pior. Ora para já uma prótese está um bocadão fora de causa mas as dores são muito insuportáveis. Valha-me um anti inflamatório que há uns dias me vai deixando dormir. Vamos ver o que se segue em cena.
ResponderEliminarQuanto às suas mãozinhas aconselhe-se bem porque, do que tenho constatado, é uma operação que nem sempre é fácil garantir o resultado.
As melhoras e um abração.
Ó Isabelinha onde é que viu gags humorísticos? Só se adormeci nessa parte...
ResponderEliminarE aquele triângulo, Isabel? A menina de olhar romântico casada com o tio mas a querer levar à certa o sobrinho? Já viu maior cliché?!
Não acredito que posa ter gostado "daquilo".
Bem sei, o jazz lembra-nos sempre o Woody. Mas o antigo, Não este que deve estar a sentir o fim, fica nostálgico e tenta que nós fiquemos também virados para o passado. Que já foi e não volta...
Felizmente porque a piquena não era boa escolha!.
E o outro cliché da boa mãe que se torna doméstica e se esquece do marido? Quase uma telenovela nacional!
:-))
Minha querida Tété
ResponderEliminarEu tive/ tenho o mesmo problema. E as dores foram à vida com a mesoterapia feita por um fisiatra excelente do Hospital da Luz que se chama João Pinto Coelho. Foi o melhor que me podia ter acontecido. Fiz seis sessões, uma vez por semana.
Vá lá que ele tira-lhe essas dores. É que os anti inflamatórios estragam o estômago e sobem a tensão.
Querida Helena,
ResponderEliminarMuito obrigada pela informação. Vou-me organizar e ver se passo por lá.
Um beijinho