Eu tinha organizado a minha vida toda para não ter que andar na rua nestes dias. Mas, azar dos Távoras, a minha plantação de coentros não chegava para as necessidades e eu resolvi dar um pulo ao supermercado mais perto de casa, visto que na zona onde vivo, foi morrendo de morte lenta tudo o que era comércio de bairro. Agora existem cinco restaurantes, quase pegados uns aos outros e a única mercearia que sobreviveu pratica preços de monopólio.
O meu problema foi mesmo ter ido ao super, porque antes de chegar aos coentros fui "atacada" por uma pessoa que só reconheci quando me disse o nome. E que ficou atónita por eu não me lembrar dela, que não via há cerca de vinte e cinco anos.
Para além de me brindar com um "estás na mesma rapariga", perguntou-me pelo Natal, se continuava a ir para a neve, se estava só ou acompanhada, se agora estava mais cá ou em França, se, se, se. Tive de cortar o inquérito pessoal, mas fiz mal, porque se lhe seguiu a sua história que eu não tinha pedido para ouvir e em que os "ses" de que dependia o seu Natal - eu diria mesmo a sua vida - eram tantos, que nem consigo enumera-los. E os ditos pareciam, de facto, estar a dar-lhe cabo da existência.
Quando pude finalmente falar, tentei explicar-lhe que não adianta nada sofrer por antecipação e que, possivelmente, nada do que ela estava a imaginar iria acontecer. Atrevi-me, até, a sugerir-lhe que fizesse o raciocínio ao contrário, ou seja que pensasse na alegria que ia ter porque, "se" Deus quisesse nenhuma das suas pessimistas previsões iria acontecer.
Quando, por fim, cheguei aos coentros já só havia salsa e hortelã...
HSC
Ó Dra. Helena, é assim que os problemas alheios dão cabo dos nossos intentos e necessidades. E logo coentros, que nesta altura do ano fazem tanta falta para as açordas de alho!!
ResponderEliminarOs meus já deram semente e estão quase a finar-se, senão...estava servida!!
Se não nos falarmos antes, desejo-lhe um Feliz Natal.
Janita
Ah!...pudesse eu transformar-me num molho de coentros e satisfazer o seu desejo.
ResponderEliminarQuem sabe o Papai Nöel atenda.
:-))
ResponderEliminarHelena
Ficou sem coentros, mas a sua conhecida ficou com as suas palavras de animo,força, de certeza que lhe fizeram pensar.Existe muita gente que sofre por anticipação, nem vive o presente com o medo do futuro, penso que com ajuda talvez ultrapassem essa fobia.
Carla
Ai que booooom coentros!!! Adoro!! Fazem-me lembrar o Alentejo da minha infância!
ResponderEliminarNão se pode sair à rua estes dias, Helena, também padeço desse mal!!
ResponderEliminarUm Feliz Natal, com tudo de bom, para si e todos os seus!!!!
Vá lá, vá lá... depois desse diálogo, ainda conseguir a salsa e hortelã, nada mau!...
ResponderEliminarAnónimo das 18:10
ResponderEliminarMas nenhum deles eu precisava. Ao contrário coentros, tenho os meus vasos carregados de salsa e hortelã!
🌷
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