sábado, 12 de dezembro de 2015

A crise da comunicação social


“...A crise dos jornais tem uma explicação, a tese da tempestade perfeita, que juntou globalização, custos salariais elevados, perda de leitores e de receitas de publicidade. E, no entanto, isto não esclarece totalmente o fenómeno da morte dos jornais. Nos últimos vinte anos, as redacções perderam metade dos jornalistas, como se tivessem perdido um dos seus braços. Tornaram-se locais onde se trabalha por rotina, com chefias burocráticas, inflexíveis, muito politizadas e dependentes. Perdeu-se a camaradagem e as diferenças salariais são escandalosas. Isto dá origem a produtos previsíveis, que pouco adiantam à vida das pessoas.

No seu longo declínio de vinte anos, os jornais perderam sobretudo a criatividade. Eles transformaram-se em simples retratos do tempo, em vez de interpretações.”
“...Ao longo de uma geração, os jornais perderam progressivamente a crónica e a narrativa, dedicando-se ainda mais à notícia e opinião, dois tipos de texto que a globalização banalizou, com a agravante dos jornais tradicionais recusarem assumir as tendências políticas que obviamente possuem”.
“...Ao deixarem sair os jornalistas mais experientes e de melhor qualidade, os jornais perderam memória e independência, condenaram-se à morte lenta, dando de bandeja a discussão da sociedade a meios gratuitos que têm sustentação económica oposta. No processo, os intelectuais desapareceram da paisagem e a própria palavra ganhou toque de ironia. É por isso que o país não tem debates nem circulação de ideias, por isso papagueamos banalidades em mau inglês e dependemos cada vez mais das interpretações que outras nações e culturas fazem do mundo”.

         Excertos de um post de Luis Naves no blogue Delito de Opinião

Infelizmente esta análise poderia também estender-se ás cadeias televisivas, onde os debates políticos entre militantes partidários de topo chega a agoniar, porque nada trazem de novo e se limitam, sempre, a propagandear as linhas mestras daqueles que lhes deram protecção. E isto para não falar já do que, em tv, se entende por "programas de entretenimento" e onde o cabotinismo faz escola.
A rádio está mais a salvo, porque aí a música ou a publicidade falam mais do que os políticos que por norma só lá vão quando existem motivos especiais para tal. 

HSC

4 comentários:

  1. Pegamos num jornal diário, com meia dúzia de folhas e pouco
    conteúdo com interesse. Gastar dinheiro em comprá-lo?

    Mesmo o semanário Expresso está muito diferente daquilo que foi
    um dia. Uma fonte de desinteresse - agora.

    Os jornais, as rádios e os canais de televisão ficaram sem os
    grandes profissionais que tinham. Uns morreram, outros foram
    dispensados. Agora minam os estagiários...às vezes fico envergonhada
    com as coisas que dizem ou as perguntas que fazem.

    Acho que ainda vão piorar mais ou fechar além do sol e do i, qualquer
    dia um outro.

    Tudo está tão desinteressante...

    Bom fim de semana. Cumprimentos.
    Irene Alves

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  2. Enquanto lia, fui verificando o seu LIVE TRAFFIC FEED e confesso que fiquei impressionado com a quantidade dos seus leitores sedentos de conhecerem o que hoje nos traz !
    Uma vez mais, venho felicita-la muito vivamente.

    Melhores cumprimentos.

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  3. No entanto, podemos vir ao Fio de Prumo que foi o que fiz depois de ter dado uma vista de olhos rapida num tabloide e de ter lido um artigo bem interessante noutro de melhor qualidade e, apenas por acaso, de outra nabionalidade.
    A net permite-nos mais escolha tanto para o bem como para o mal.
    L.L.

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  4. Senhora,o Segredo é o Livre Arbítrio.

    http://youtu.be/LV5_xj_yuhs

    Ambrósio

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