quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Falhar a vida...

Ha muito quem considere, percorrida uma boa parte do caminho, que terá falhado a sua vida. Ou porque as escolhas que fez não deram certo ou porque terá passado ao lado de muita coisa importante. 
Houve um tempo na minha vida, lá muito atrás, que pensei o mesmo. Sobretudo, porque falhara aquilo que considerava o lado mais importante da minha existência, o casamento. Fiquei tão vazia, tão entristecida, tão convencida da minha mediocridade, que olhava para mim e tinha dificuldade em perceber o que é que me acontecera. Até que decidi que se eu não percebia precisava de ajuda para perceber. E procurei essa ajuda que se tornaria vital para um encontro, esse sim feliz, comigo própria.
Foi há cinco décadas que se deu essa magia que representa gostarmos de nós mesmos. E essa magia ficou a dever-se a algo que  eu desconhecia e que considero essencial: a capacidade de nos perdoarmos. Levamos uma vida inteira a falar de perdoar os outros e esquecemos que nunca seremos capazes de o fazer, se não soubermos usar connosco esse perdão.
Agora já não preciso tanto dessa complacência, porque aprendi a viver de outra maneira. Mas não deixo de sorrir ao pensar naquela mulher que ficou lá para trás, convencida de que tinha falhado a sua vida. Hoje tenho a certeza que a "falha" teria sido ter continuado com ela e não me ter divorciado.
É por isso que é preciso ter muito cuidado com o que nos vendem como os "bons figurinos". É que nem todos eles vão com o nosso corpo e muito menos com a nossa alma!

HSC

24 comentários:

  1. Muito obrigado por esteFalhar a vida...


    Melhores cumprimentos.

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  2. Subscrevo totalmente e há muito, mais preciso há 25 anos que fui construindo "esse olhar para dentro" e as lentes do meu olhar da e p'ra vida mudaram e de que maneira.

    Gostei imenso!

    Beijos e um bom dia

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  3. Obrigada Dona Helena, como sempre palavras sábias e certinhas que gostava de usalas para minha terapia com 40 anos de atraso se me permite

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  4. Obrigada. Ler estas suas palavras no dia em que faz um ano em que assinei o divórcio, veio reforçar a certeza de que dei o passo certo. Sabe qual foi a primeira coisa que fiz depois de sair da Conservatória ? Passei pela igreja onde casei e entre lágrimas pedi perdão a Deus... Já passou. E estou bem. Beijinho para si.

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  5. É tão bom aprender consigo, tanta coisa todos os dias !!
    Imensamente grata!

    Cláudia

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  6. Agradeço sempre o que vou aprendendo com os outros,mas essa serenidade ainda estou muito longe de a sentir.
    Estou a tentar,espero lá chegar.
    Abraços
    Maria Isabel

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  7. Palavras tão sábias e tanto me tocam..

    Sempre a admira-la cada vez mais Helena...

    Um enorme bem haja para si e por partilhar connosco tantas maneiras de se estar ou a aprender a estar serenamente na vida...

    Beijinho

    Ana

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  8. A sua serenidade e experiência de vida dá-nos ensinamentos, mesmo
    que não seja essa a sua ideia. Partilha, connosco, a sua avaliação
    da vida.
    E eu gosto de reflectir no que escreve.
    Os meus cumprimentos.
    Irene Alves

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  9. Não imagina o bem que me fez ler este seu texto, Dra. Helena!

    Infelizmente, também eu deveria ter procurado ajuda e não o fiz.

    Foi o tempo que me devolveu a mulher que havia ficado para trás...Como é de calcular, não veio intacta!!

    Obrigada!

    Janita

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  10. Belo ensinamento de vida e muito grata pela sua partilha.As suas palavras são como campainhas que através do som nos transportam para a vida com verdade,com saber,com mestria.É simplesmente fantástica Dra. Helena.Tem em si ,e,consigo ,tudo o que é bom.Só perdeu quem não soube enxergar tudo de si...pois bastava tão pouco.É uma vencedora sem dúvida.Falhas,quem as não tem?!
    Fátima

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  11. Um segredo sem medo - Importante é quem nos acha.

    http://youtu.be/0fGDDFCY0BY

    :-)

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  12. Não vou trazer para aqui a nossa conversa no meu estaminé porque o exemplo que dá (o seu divórcio) é mais do que suficiente para lhe dar inteira razão!

    Bjo

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  13. Uma lição (e que grande lição!) gratuita...
    O meu muito obrigada!

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  14. Boa tarde Helena
    Um texto intrínseco, palavras sentidas, refletidas, de quem sabe o que diz e porquê. Dizer a uma multidão o que se sente, não é para todos. Tenho aprendido muito consigo, obrigado é uma inspiração para mulheres/homens. Gostava de ter um bocadinho da sua sabedoria, vou bebendo desta fonte, dos livros, da vida.

    Um abraço
    Carla

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  15. Paulo
    O que é mais surpreendente, no meu caso, é que foi a partir de um erro meu, que recuperei a minha vida, a minha alegria, a minha serenidade, enfim, a essência daquilo que realmente sou. E que pude perceber que, afinal, a felicidade não estava ali naquele pedaço de vida, mas sim no que esta, bem mais tade, haveria de me proporcionar.
    Daí que costume dizer que não me arrependo nada do que fiz. Apenas me arrependo de algumas coisas que não fiz...
    Bjo

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  16. http://youtu.be/BIkbYMvwnHo

    Ghost

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  17. A mim aconteceu-me deixar arrastar o falhanço do meu casamento por demasiado tempo e só me sentir redimida quando me divorciei. O falhanço não foi tão grande como se possa crer, pois houve sempre uma parte de mim que amava a vida de família a cinco. Quando os filhos cresceram, partiram e aí é que realizei como havia um vazio na minha vida...nunca precisei de me perdoar pois tudo o que fiz foi pensado e realizado para bem dos meus.

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  18. Bom dia Helena
    Viva o Sporting.
    Aí está o segredo para alguma da nossa serenidade, viver sem arrependimentos. Os arrepedimentos corroiem,deixam mazelas. Viver em liberdade, concretizar sonhos é alimento para a alma. Pena, que muitas das mulheres não tenham condições financeiras e coragem para tomar essa decisão.
    Gostei da condecoração a Simone ,também ela foi uma mulher de coragem, uma mulher que sem papas na lingua.http://lifestyle.sapo.pt/fama/noticias-fama/artigos/simone-de-oliveira-revela-passado-chocante.
    Mais mulheres o mereciam, para bom entendedor meia palavra basta.

    Permita-me que conte, algo que nada tem a ver com o texto, mas que me sensilibilzou muito.
    Ontem, no lar onde está a minha avó foi dia de festa, uma senhora fez 98 anos, o marido está lá também tem 94, estão casados há 72 anos. Ambos estão muito lúcidos, os netos, muito carinhosos com a avó, tratavam-na por amor, avózinha. Ainda há netos que se lembram dos avós, ao contrário de muitos que lá estão, foram esquecidos por quem os pôs no mundo. A D.Beatriz a aniversariante, contou-me com as lágrimas nos olhos, que o filho com 71 anos está no hospital com cancro no estômogo, ainda pensou em ir vê-lo. A nora espera a todo o momento a desfecho mais trágico. Que vai contar aos sogros quando acontecer. Pergunto, não seria melhor poupar a senhora com 98 anos dessa dor avassladora? O pai já está mais conformado, sabe o que vai acontecer, mas a mãe não. Mãe é mãe disse a nora. Há certos momentos, que temos que pensar com o coração e sermos menos racionais, penso eu...

    Carla

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  19. Quando uma pessoa começa a agir e a pensar como si própria e não como os outros gostariam, é realmente livre e feliz!
    Mesmo em casamentos "felizes"há sempre alguém, geralmente a Mulher, que está sempre a ceder em nome da estabilidade, da paz e da harmonia... Quando se apercebe disto e resolve pensar e agir pela sua própria cabeça, é o "fim do mundo"! Toda a gente se revolta e nos faz sentir culpadas! Lamento, mas já chega!

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