segunda-feira, 1 de junho de 2015

Pequena Elegia Chamada Domingo

O domingo era uma coisa pequena.
Uma coisa tão pequena
que cabia inteirinha nos teus olhos.
Nas tuas mãos
estavam os montes e os rios
e as nuvens.
Mas as rosas,
as rosas estavam na tua boca.

Hoje os montes e os rios
e as nuvens
não vêm nas tuas mãos.
(Se ao menos elas viessem
sem montes e sem nuvens
e sem rios...)
O domingo está apenas nos meus olhos
e é grande.
Os montes estão distantes e ocultam
os rios e as nuvens
e as rosas.



                   (Eugénio de Andrade, "Poesia e Prosa [1940-1980]")

Eugénio de Andrade é, já aqui o disse por mais de uma vez, um dos meus poetas preferidos. Acompanha-me na cabeceira da cama onde há sempre um dos seus livros. Hoje encontrei este poema citado pelo Pedro Rolo Duarte e fui à procura dele para o partilhar convosco nesta segunda feira, que se seguiu ao domingo... que passei na Feira do Livro.
Ora digam lá se não é uma pequena maravilha!

HSC

20 comentários:


  1. Comovente. Deu-me vontade de chorar, ando sensível aos sentimentos e às perdas....

    Bjinho

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  2. Sem dúvida que é lindo. Falando em domingo, veio-me à memória o romance de Fernando Namora "Domingo à Tarde".

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  3. Virgínia
    Acontece com todos os que já percorremos um longo caminho. E Eugénio de Andrade sabe falar ao coração de todos nós!

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  4. Não é uma pequena maravilha, HSC...
    É uma MARAVILHA (das grandes ).

    Melhores cumprimentos e boa Feira do Livro.

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  5. Senhora,e eu não sei?!
    Dra Vírginia fique por aqui que isso passa.Um doce para si.

    Ambrósio

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  6. Senhora,e eu não sei?!
    Dra Vírginia fique por aqui que isso passa.Um doce para si.

    Ambrósio

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  7. Maravilha! Um tesouro para o coração e para a alma.
    Beijinho e abraço.

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  8. Também gosto imenso desse poeta e este poema é imensamente tocante.

    Um bom serão

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  9. É sim senhora, uma maravilha. O poema, o ter estado na Feira do Livro, o ter recebido a caixinha com o sabonete, o estar vivo, fazer o que gosta e ter família. Há muitas outras, ainda.
    Uma boa semana.

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  10. Gosto de Eugénio de Andrade há imensos anos.
    Obrigada pela partilha.
    Bjs.
    Irene Alves

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  11. Bom dia Helena!
    Muito bonito.
    Porque somos tão dependentes, das palavras que nos tocam o coração...
    Talvez, acalmem a nossa inquietação, também tenho na cabeceira um livro inspirador, já o li ,reli, e cada vez que o abro vejo algo de novo.
    Partilho, um texto que gostei muito.Tomara muitos filhos reconhecerem os que os pais, fizeram por eles, em todas as suas etapas, até ao abandono do ninho. Talvez não existessem tantos idosos esquecidos nos lares, hospitais. Agora, que tenho a minha avó num lar, dá-me imensa pena ouvir alguns desabafos.Quase todos os sábados, a minha avó vai para a minha casa, quando a vou buscar, vejo nos olhos de alguns como gostavam de sair . Não saio, sem uma palavra a todos (8/9) , um toque, como é importante o tocar.

    Anillo de compromiso

    Un muchacho entró con paso firme a la joyería y pidió que le mostraran el mejor anillo de compromiso que tuviera. El joyero le presentó uno. La hermosa piedra, solitaria, brillaba como un diminuto sol resplandeciente.
    El muchacho contempló el anillo y con una sonrisa lo aprobó. Preguntó luego el precio y se dispuso a pagarlo ¿Se va usted a casar pronto? – Le preguntó el joyero. No – respondió el muchacho – Ni siquiera tengo novia. La muda sorpresa del joyero divirtió al comprador.
    Es para mi mamá -dijo el muchacho – Cuando yo iba a nacer estuvo sola; alguien le aconsejó que me matara antes de que naciera, así se evitaría problemas; pero ella se negó y me dio el don de la vida.Y tuvo muchos problemas. Muchos.
    Ella nunca tuvo uno. Yo se lo doy como promesa de que si ella hizo todo por mí, ahora yo haré todo por ella. Quizá después entregue otro anillo de compromiso. Pero será el segundo.
    Fue padre y madre para mí. Fue mi amiga, mi hermana y mi maestra. Me hizo ser lo que soy. Ahora que puedo le compro este anillo de compromiso.
    El joyero no dijo nada. Solamente ordenó a su cajera que hiciera al muchacho el descuento aquel que se hacía nada más que a los clientes importantes.

    Carla

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  12. Admiro e conheço bem a obra deste grande poeta que escolheu ser portuense uma grande parte da sua vida.
    Um poeta sensível que merece ser lido.
    Bj

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  13. Maria Isabel o seu comentário não chegou cá!

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  14. Doutora Helena
    Não tenho muito conhecimento de poesia e acho o Eugénio de Andrade um bocado difícil.Os poemas que eu percebo ,gosto muito.Outros não entendo.
    Como já tenho dado a perceber,sou do Porto e morei na zona da Foz.Vivi relativamente perto do poeta.
    A última vez que o vi,foi numa situação que me chocou.
    Fui em trabalho à segurança social e ele estava lá. Chamava a atenção,porque vestia uma gabardine verde escuro, muito velha e uns sapatos rotos de lado. Falava sozinho, muito alto, sobre política e dizia poesia.
    Tinha um aspecto tão degradado!!! metia dó.
    As pessoas riam do velho maluco e diziam:parece poeta o homem.
    Comentei com um senhor ,sentado ao meu lado, que era de verdade um grande poeta.O senhor deu um ar de riso.
    Mais me impressionou quando foi atendido e começou a barafustar com a funcionária e a apontar para os papeis.
    Cheguei ao pé dele,e vi que era a segurança social da empregada que ele ia pagar mas o dinheiro não chegava e ele não percebia porquê.
    também não expliquei,fui pagar e disse~lhe que já estava resolvido.
    Não me agradeceu,virou as costas e seguiu a dizer mais um poema que eu já não ouvi.
    Que triste cena eu presenciei.
    Só voltei a ouvir falar dele, aquando da sua morte.
    Não é único,eu sei, mas este eu vi de perto.
    Foi isto que pedi para não publicar,não é uma coisa bonita para se saber e como eu lamento.
    Mais uma vez digo que estava tão bonita na televisão. É um prazer vê-la e ouvi-la.
    Cá a espero na nossa feira do livro
    Abraços
    Maria Isabel

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  15. Maria Isabel
    Há pessoas que "acabam" muito mal a sua vida. O meu irmão mais velho um homem culto e encantador teve um AVC e não parece o mesmo. De um momento para o outro deixamos de existir.
    Eugénio de Andrade viveu com dificuldades os seus últimos anos, porque o Estado trata muito mal a cultura e certos artistas. Acresce que a homosexualidade de Andrade, nesse tempo, era um factor de enorme marginalização.
    Pobre Eugénio de Andrade que tanto e tão bom nos deixou!

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  16. O Estado trata tão mal,que nem Ministério da Cultura há.
    Quanto menos cultura, melhor,menos trabalho dá.
    Afinal nos manuais da escola dá-se como exemplo "A casa dos segredos" e outras coisas semelhantes para quê conhecer Eugénio de Andrade?

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  17. Portugal,tem a Casa do Artista.
    Que todos podem contribuir fazendo-se sócios,pagando uma quota simbólica,para um dia mais tarde poderem ter descanso e usufruir com dignidade.Mas há quem não pense no futuro,e bastava,só um pouquinho.Depois queixam-se e é tarde!
    Cultura também é termos responsabilidade e fazermos por nós e não delegar sempre a culpa nos outros.
    Digo eu,mas vale o vale!Mas aqui fica a dica.
    Artistas e todos do meio,vá lá,é só um pouquinho,informem-se.É para o vosso bem.
    Maria de Fátima

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  18. Maria leal aqui só para ti

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