domingo, 7 de junho de 2015

Na morte da mãe




"Morreste, morreste, meu amor, minha mãe, Mummy, Mummy. Que vai ser de mim? Que vai ser de nós? Como vamos estar todos sós sem ti?
Morreste, morreste, meu amor, minha mãe,Mummy, Mummy. Como é que tanta vida é capaz de morrer assim?  Onde está o riso que ainda não rimos? Quem vai rir por ti, em teu lugar, como só tu sabias rir? Ninguém, ninguém, ninguém que seja como tu, querida mãe.
Agora a quem é que eu vou dar a ler estas palavras de amor que te escrevo? Escrevi-te tantas, só pelo prazer de te ver a lê-las, de saber que as sabias de cor. Como é que vais lê-las agora? Lê-as agora, se puderes.Please, Mummy, try.
Olho para as coisas todas que nos deixaste e nada me consola saber que são coisas que não morrem. Sabias muito bem que a coisa mais maravilhosa de todas as coisas que nos deste eras tu. E mesmo assim morreste, morreste, meu amor, minha mãe, Mummy, Mummy. Mãe, mãe, mãe, onde estás?"

Este foi o texto que Miguel Esteves Cardoso escreveu para o jornal Publico, após a morte recente de sua mãe, senhora que eu tive o grato gosto de conhecer, pese embora as circunstâncias tristes em que tal ocorreu.
MEC continua, felizmente para ele e para nós, a não ter medo nem vergonha de revelar a forma como vive os seus afectos. Só posso dar-lhe aquele apertado abraço e dizer-lhe "não deixes, nunca, de ser assim"!

HSC

16 comentários:


  1. Sem querer chocá-la ou magoá-la, acho que estas demonstrações de afecto devem ficar connosco, num círculo restrito e não ser atiradas aos 4 ventos para um jornal de seriedade duvidosa, lido por milhares de pessoas anónimas. É como os beijos e as relações amorosas, são de carácter privado.
    Não aprecio o estilo do MEC, já o disse várias vezes no meu blogue, acho curiosa a sua necessidade narcisista de falar das coisinhas de vida, que quanto a mim, só seriam interessantes se fossem publicadas em revistas para mulheres, aquelas que vão desaparecendo cada vez mais e que às vezes fazem falta.
    A quantidade de pessoas que escrevem cronicas e depois publicam livros a eito com os mesmo conteúdos em Portugal é impressionante. E há editoras que se recusam a publicar outros livros - poemas, contos, etc. - que seriam culturalmente muito mais úteis aos leitores para satisfazer estes egos incensados pelos media.

    Desculpe, Helena se a ofendo, mas tinha de dizer o que penso com toda a sinceridade.

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  2. Uma partilha comovente do sentimento de um homem que ao ver partir o seu amor maior parece uma criança perdida de dor.Dói muito e vai doer para sempre...
    Aprender a viver com esta dor,com esta ausência é,é,...sei lá!Impensável,mas,tem de ser.
    Fátima

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  3. Muito bem, Miguel Esteves Cardoso.
    A pureza do seu ser que a muitos pode parecer estranha, não é mais que uma forma superior de dizer o que sente.
    Toca-nos profundamente. Excepto às pessoas que não têm sentimentos.
    Cumprimento-a com afecto, Helena.

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  4. Se para se "ter sentimentos" é preciso ser exibicionista ou gostar de exibicionismo, não me importo nada de ser rotulada de fria e indiferente.

    Registo a crítica, na realidade é a primeira vez que me acham fria...eu pessoalmente penso que sou demasiado sensível e lamechas...está a ver , Observador?

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  5. Hoje vi o Professor Marcelo Rebelo de Sousa fazer uma breve apresentação do seu último livro. Nunca li nada seu. Gostei deste título.
    Gostaria de lhe pedir um autógrafo. Como poderei fazer, uma vez que não moro em Lisboa?
    Boa noite.

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  6. Virgínia
    Amar não obedece a regras. Cada uma como foi amado e reproduz, por norma, esse modelo.
    A mãe do MEC, inglesa, era uma pessoa invulgar que educou o filho a não ter pejo nem receios nas manifestações de afecto. Ela lá saberia porquê.
    Pessoalmente toca-me muito uma carta publica de amor a uma mãe que acaba de morrer. E gostaria muito que alguém pudesse faze-lo em relação a mim.
    Depois julgo tremendamente injusto que, na sociedade em que vivemos, os homens não possam/devam, tanto como as mulheres, exprimirem os seus afectos, as suas dores, os seus medos.
    Mas compreendo a sua posição de considerar que as manifestações de amor -filial ou qualquer outro - devam ficar na esfera estrita do privado. Cada um reage consoante foi educado e consoante aquilo de que é capaz.

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  7. A mim, a carta do MEC, tocou-me profundamente.
    Como me tocam as crónicas que ele escreve à sua eterna amada MARIA JOÃO.
    Obrigado, HSC, por ter partilhado connosco a crónica de hoje, pois ao Domingo não leio nenhum jornal.

    Melhores cumprimentos.

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  8. Há um ditado português que diz: "Quem tem telhados de vidro não deve atirar pedradas". Vem isto a propósito de alguém que, no seu blogue, passa a vida afalar nos seus familiares e agora vem insurgir-se com o MEC...

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  9. Já tinha lido mas foi muito bom reler.
    Valorizo sempre as manifestações de carinho e "invejo" e sinto falta que os meus rapazes não exteriorizem o que sentem por mim desse modo, mas fazem-no graças a Deus de outra forma.
    O MEC parece sempre um bocadinho exagerado, teatral nas palavras mas já por diversas vezes me arrepiei ao lê-lo, é o seu jeito que até é um pouco estranho dada a sua ascendência inglesa.
    Também eu Doutora Helena, gostaria muito que alguém pudesse fazê-lo em relação a mim, mas ainda viva para poder ler!
    Beijinho
    FL

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  10. Lamento voltar " à vaca fria", Helena , mas os seus leitores anónimos gostam de espicaçar sem se identificarem o que acho uma cobardia.
    Aceitei perfeitamente a sua resposta ( Helena), mas não aceito críticas deste/a senhor/a. Falar de familiares não é transcrever cartas de amor, nem entrar em intimidades. Todos nós temos família e falar deles revela sentimentos, alegrias, problemas ou mesmo dramas que não devemos esconder. Aliás, os blogues são sempre um pouco narcísicos. Não é a mesma coisa escrever em jornais publicos de grande tiragem.

    Desculpe esta insistência, não tenciono pronunciar-me sobre o MEC nunca mais. Acho que é saudável expressar opiniões diversas e não seguirmos todos a mesma linha de pensamento. Só demonstra inteligência.

    Boa semana!

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  11. Existem, pessoas que não têm pudor em expor os seus sentimentos.
    Bonito, mas não me tocou, às vezes o menos é mais.

    Carla

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  12. Já tinha lido e não me espanta nada esta forma de ser e estar do MEC. Lindíssima homenagem para além das muitas que fez enquanto foi viva.

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  13. Senhora,o meu respeito e solidariedade nesta hora difícil.A si e ao Miguel Esteves Cardoso.

    Ambrósio

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