“...O silêncio da morte é um silêncio
imaginado por vivos. Já o silêncio da vida é um silêncio apenas possível de ser
ouvido enquanto estivermos vivos. Por isso não devemos desperdiçá-lo pois não
iremos cá estar sempre para o ouvir.”
Gosto
muito dos textos que este blogger escreve. Não sei quem seja – tenho uma leve
suspeita que será alguém com muito boa formação filosófica e estética e que sabe
usá-la em moldes muito eficazes – nem me lembro de como fui parar aos seus
Ponteiros Parados. O facto é que já por mais de uma vez, aquilo que lá leio
serviu de mote para alguns dos posts que aqui escrevi. Como, aliás, hoje,
acontece
No
caso concreto do silêncio e da necessidade que dele tenho para equilibrar a
minha existência, não são matéria nova no Fio de prumo. Ele é tão importante
como um espaço só meu, no meio da casa de família. Espaço e silêncio próprios
são, para mim, condições indispensáveis à existência que escolhi e desejo
continuar a levar.
Mas
o silêncio – da morte - de que se fala na sua frase é uma abordagem nova. Todos
costumamos falar do “nosso silêncio” que é o da vida e que para cada um de nós
toma formas diversas. O meu não será propriamente igual ao do meu vizinho da
frente.
Não.
Aquilo de que aqui se fala é o que imaginamos será o da morte. E até neste
acredito que não só cada um o sinta aproximar-se de maneira muito distinta,
como até o “ouvirá” de modo muito pessoal.
Finalmente,
face a tudo o que disse atrás, concordo inteiramente com José Ricardo:
aproveitemos bem o silêncio dos vivos, porque o outro não sabemos, de facto,
como será...
HSC
ResponderEliminarHelena,
sabe-me tão bem o silêncio desejado, o silêncio quando me deito e leio, o que me inspira.
Ao invês adoro, ouvir a Rita pela manhã a cantarolar, aquela vozinha que enche o espaço de silêncio com vida, de alegria.
O silêncio do cemitério, abomino, faz-me descer às profundezas da dor, que tento ocultar com outras fontes de energia. A morte, é algo que ainda tenho que interiorizar, mas foi a morte que me fez mudar.
Existem adversidades, que nos vão esculpindo, creio para melhor.
Partilho algo que ouvi, existem muitos tipos de silêncio.
Solidão, externa quanto baste,
solidão, interna o mínimo possível,
Estar realmente só, por algum tempo pode ser uma benção.
Estar afectivamente só, é um terrível infortúnio.
Solidão, como te desejo,
saudade, como te invejo
mas, te desejei um dia que estava triste, não estava triste, mas depremido.
Já que nem saudade conseguia sentir.
Coimbra de Matos
Carla
Além do silêncio dos vivos e do silêncio imaginado dos mortos, há o silêncio que vem deles. O silêncio que se ouve num cemitério, que sendo silêncio, ouve-se muito bem...
ResponderEliminarO silêncio da morte tem este som magnífico só que "sem som"...tranquilo e com muita luz e paz.
ResponderEliminarhttp://youtu.be/sUgoBb8m1eE
🌷
ResponderEliminarCada vez gosto mais do silêncio, aquele que é possível nos tempos que correm. Não tenho nenhuma ambição de ouvir o que não me interessa e já não tenho paciência para ouvir os outros em geral.
Faz-me falta ouvir os meus netos pois eles fazem-me rir, mas os adultos só dizem banalidades.
🌹
ResponderEliminarSinto o silêncio da vida com a sua dualidade de âncora que afunda ou balão que eleva.Já o da morte só tem asas.
ResponderEliminarE,a linha que os separa é ténue...é a porta da vida para um outro plano da vida.
Silêncios encantam pelo mistério que encerram em si.
FT
Que reflexão!
ResponderEliminarProfunda como o silêncio em si...
Mais uma partilha excelente de um blogger que arrisco a dizer com uma boa alma.Gosto muito deste Ponteiros Parados.
Obrigada Dra Helena
Maria
Obrigado por partilhar.
ResponderEliminarMelhor que o silêncio só um bater de corações.
R.
Paulo
ResponderEliminarÉ verdade. Coco Chanel, uma das mulheres que biografei sentia-se atraída pelo silêncio dos cemitérios!
Carla
ResponderEliminarO silêncio para mim não significa solidão. Muito pelo contrário significa a imensa necessidade de estar comigo mesma fisica e espiritualmente.
Os solitários não gozam a sua própria companhia.
Exma. Senhora,
ResponderEliminarJosé Ricardo é um filósofo formidável e um professor estupendo. Tive a ventura de o ter como mestre, há mais de 20 anos. Sempre o conheci douto.
Boa noite.
E não andará por aí, uma (ainda que ínfima) dose de narcisismo?
ResponderEliminar-digo eu !!!!!!
Nunca tinha pensado nisto desta maneira...
ResponderEliminarMas "o silêncio dos vivos" não se deve de facto desperdiçar; e é-me cada vez mais fundamental.
Beijinho
Entre o silêncio da vida e o silêncio da morte existe uma ponte de estrelas.
ResponderEliminarA
Outro ente
ResponderEliminarObrigada pela informação. Só confirma a minha "desconfiança".
Acresce - do meu ponto de vista -, que o sentido estético com que "adorna" os seus posts revela um nível cultural muito exigente!
ResponderEliminarHelena,
sem duvida, concordo consigo.
Digo, que foi na solidão que descobri o prazer do silêncio.
Foi, nele que descobri outras formas de vida, além das quais não as tinha descoberto, existem coisas, que nos levam ao encontro de outras.
Nada é casual, é no que creio hoje.
Carla
Cara Helena,
ResponderEliminarJosé Ricardo Costa foi meu professor de Filosofia e ainda hoje quando leio os seus textos, recordo as suas aulas com muita saudade. Dono de uma cultura e de um saber invejáveis, tinha uma forma muito especial de introduzir as matérias, com recurso a exemplos muito práticos e a histórias da sua própria vida. Estaria o nosso ensino muito melhor se muitos fossem como ele. Todos seria difícil, pois há coisas que não estão ao alcance de qualquer um. Quando leio o Ponteiros Parados percebo que o seu olhar sobre a realidade, sobre a vida mantém-se atento e perspicaz. Ainda bem para os seus alunos. Recordo que este blogue já foi escrito a duas mãos, pela também excelente Ivone Costa, que escreve no Delito de Opinião.
O post já vai longo mas não posso deixar de partilhar a admiração que nutro pela forma como olha o mundo, as pessoas, a vida. Um exemplo que considero muito.
🍀🌹🍀
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