“Vivi
intensamente esta semana em que todos fomos e
somos Charlie. Pouco escrevi sobre o tema. Apenas um apontamento no
Facebook, depois do desfecho de sexta-feira:
“Quiseram morrer, morreram. Não tenho pena nem me entusiasma (concordo
com o Miguel Esteves Cardoso no Público, como
de costume.
Porém, o facto de terem morrido não muda a sua condição: não vão
ser heróis de qualquer pessoa de bem, qualquer que seja o credo. Serão para
todo o sempre bárbaros assassinos”.
E
não consegui escrever mais nada.
Não
por não ter o que dizer, mas por sentir que todos dizem, todos falam - e no
ruído não consigo distinguir o que faz sentido."
“...Quando
me noto redundante, escolho o silêncio. Talvez seja por isso que me sinta
bem junto ao mar: nunca se repete, mesmo que as ondas sejam sucessivas; nunca
me cansa, porque nunca é igual; obriga-me ao silêncio não por redundância, mas
pela diferença.
(Pedro Rolo Duarte
in http://pedroroloduarte.blogs.sapo.pt)
Este
excerto do último post do Pedro Rolo Duarte aborda uma questão importante: a de
emitirmos opiniões sobre tudo e sobre todos, mesmo quando nada de novo
temos para acrescentar.
Com
efeito, durante cerca de dez dias toda a gente se afirmava "je suis
Charlie". E todos tentaram, em primeira mão, fazer declações especiais.
Aqui, como no restante mundo, onde o assunto foi o tema do momento.
O
que esgotou, rapidamente, qualquer originalidade, sobretudo por parte daqueles
que se manifestaram tardiamente. Em consequência, uns calaram-se porque nada
mais havia dizer. Outros, porém, entenderam que deviam ser o eco do que já
havia sido expresso, sem se darem conta da redudância...
Esta
necessidade, tão nacional, de toda a gente se pronunciar àcerca de tudo - somos
uns tudólogos - este desejo permanente de opinar, esta forma sui
generis de incontinência verbal acabam, no fundo, por desvalorizar o
que é realmente importante e que fica, assim, diluido num mar de banalidades. É
pena, mas é congénito!
HSC
O que falam por aí.
ResponderEliminarhttp://www.libertaddigital.com/espana/2013-07-24/un-iman-en-la-television-ceuti-toda-mujer-que-se-perfume-es-una-fornicadora-1276495974/
ResponderEliminarNem todos alinharam pela mesma bitola. Tive discussões aguerridas sobre liberdade de expressão e insultos continuados, assim como o significado da manifestação em Paris. Escrevi no meu blogue algo de diferente....
Nunca fui Charlie.
Ha tanto ruido e ha tanta sede de ser "cool" que a maior parte das pessoas nao para para pensar que esta defesa do direito de expressao e uma via de sentido unico e que esta cada vez mais a separar povos e culturas.
ResponderEliminarPerco um pouco de esperanca nos politicos deste mundo quando os vejo a marchar em Paris e alguns tem as maos manchadas de sangue.
A titulo de exemplo, o embaixador da Arabia Saudita esteve presente na marcha quando nesse mesmo dia um homem chamado Raif Badawi levou 50 chicotadas (das 1000 que lhe estao destinadas ao longo dos proximos meses) por ter ousado questionar o Islao.
Deixo aqui um link se a Helena estiver interessada nesta história (assim como os seus comentadores):
http://www.journaldemontreal.com/2015/01/09/raif-badawi-et-charlie-hebdo-meme-combat
http://www.bbc.com/news/blogs-trending-30751518
ResponderEliminarBom dia Helena!
Estou, 100% de acordo com a frase de Goethe, por isso pago para me ouvirem.
Sempre fui boa ouvinte, às vezes vivo intensamente os problemas de amigos, não sei ser diferente. Talvez, seja esse o motivo de me procurem para debitar os seus males.
Outra arte é guardar o que se ouviu, essa já é rara.
Os tudólogos, alguns intitulam-se como sabedores de tudo, tem o dom da palavra, a obra em si é nula.
"Muita parra e pouca uva."
“Se soubéssemos quantas e quantas vezes as nossas palavras são mal interpretadas, haveria muito mais silêncio neste mundo.”
Oscar Wilde
Carla
Sou dos que se calaram. Preferi o comentário entre os meus. O terrorismo tem as costas largas e, muitas vezes, a liberdade de expressão é malbaratada. Entristeceu-me ver galitos fazer medições sobre quem era mais ou menos Charlie; quando ser Charlie não passava apenas de uma demostração de solidariedade pelas vítimas e de repúdio pela barbárie.
ResponderEliminarÉ verdade que houve muito ruído e redundância sobre este acontecimento tão trágico. Os habituais opinion makers, que nos entram em casa diariamente através da televisão (se nós deixarmos, claro), proferiram as mesmas frases e sentenças até à exaustão. Este assunto foi também muito abordado e repetido na blogosfera por parte de pessoas comuns, mas, neste caso, confesso que compreendo a reação. Por um lado, penso que foi a necessidade de fazer uma espécie de catarse perante acontecimentos tão trágicos. Por outro, porque todo o ser humano tem algo de narcísico em si. Mesmo repetindo o que outros já disseram vezes sem fim, o ser humano acha sempre que acrescenta algo ao coro de indinação e revolta – a sua voz, o seu grito, o seu clamor.
ResponderEliminarComentador S
ResponderEliminarVivi um ano e um mês no Canadá, precisamente em Montreal e por coincidência na Rue Sherbrok. Tive tempo , já que eu não trabalhava, para apreciar a sociedade a partir de algumas amizades que fiz. Muitas vezes dei por mim pasmada com as atitudes! Atitudes que iam do tratamento dos imigrantes até à complacência com que aturavam a Máfia que aqui aje como nos filmes, tal é qual!
Não tenho espaço para mais a não ser que nalgumas coisas foi uma desilusão e nós éramos imigrantes de luxo!
Oh não. Não é congénito. Não sou ninguém conhecido senão dos meus amigos e da minha família e tb não me apeteceu ser redundante. E não me creio nada única neste aspecto. Há é vozes que falam muito alto e sempre com muita pressa de dizer. E os seguidistas das mesmas que tb fazem barulho e opinam sobre o opinado.
ResponderEliminarE depois parecem um mundo em uníssono. Mas não são (há muito mais gente).
É porém certo que as redes sociais conseguem banalizar tudo. Rasouram.
Incontinência verbal - vou adoptar. Eheheheheh
ResponderEliminarCF
...e de Nanólogos!
ResponderEliminarSão os que falam muito e não dizem nada.
Mansinha sem jeito
Estou com Sua Eminência o Papa Francisco.
ResponderEliminarÉ preciso respeitar a religião dos outros povos.
Liberdade também é respeito.
E com o Gustavo do "Querido mudei a casa".
Palavras sábias e que podiam evitar guerras.Sou contra o terrorismo físico,ideológico e/ou psicológico,note-se.
Mas a venda de armamento e a libertinagem de opinião fala mais alto.
Afinal o CH vai encaixar milhões - muito triste tudo isto.
Uns e outros venha o anjo mau e escolha!
Charlot
Até que enfim!
ResponderEliminarAcabo de ouvir o Papa e subscrevo.Não se pode insultar a religião dos outros.
Até Cristo virou o templo dos vendilhões. Há dúvidas?!
Não sei quem é mais maluco/doido,se os terroristas se os
Cartoonistas?!
Se uns são terroristas físicos os outros são terroristas psicológicos.
Desenhem algo produtivo caramba!
Não é medo,é dignidade!
Je suis Chaplin!
ResponderEliminarComo é que alguém, em seu juízo perfeito, põe em pé de igualdade a "maluquice" de uns cartoonistas críticos, com o desvario de pisar sobre tudo que é o homem, matando-os por isso mesmo?!
ResponderEliminarIsto compara-se?!
Depois do choque recebido em Paris, a questão que se põe é de saber se o nosso Ocidente é uma civilização ou a civilização modelo em todos os aspectos materiais de poder e em termos de ética. Será um Império com vassalos ou um conjunto disparate de Estados-nação unidos por uma só causa, a supremacia do homem branco, velho mito do XIX° século mas ainda vivaz no XXI° ? Ou será unicamente o neoliberalismo e a globalização que permitem de laminar as identidades e as espiritualidades para criar um mundo propicio ao desenvolvimento sem fim do mercado?
ResponderEliminarEstudei, quando era jovem, as várias civilizações do passado e tive mesmo a oportunidade de visitar quase todos os países oriundos dessas civilizações diferentes da nossa , judeo-cristã.
A civilização é o facto de levar uma sociedade a um nível de progresso considerado mais elevado e mais evoluído que o seu estado anterior. que supõe que esta acepção inclui uma noção de progresso que se opõe à barbárie e à selvajaria.
Compreendi também que a civilização é um conjunto de leis e tradições que caracterizam o estado de evolução duma sociedade, politica ou moral, sem fazer um julgamento de valor. Uma sociedade define um tipo de homem ideal como o "homem de bem" segundo Confúcio, o "honesto homem" do XVII° século ou o "gentleman"" da Inglaterra vitoriana.
O comportamento civilizado permite aos homens de viver em conjunto, a capacidade de fazer atenção aos outros membros da sociedade e de tratar os diferendos de maneira pacifica e ordenada. Os homens podem então construir a vida na urbe.
O progresso técnico e o da civilização estão intimamente associados .
A Europa, que beneficiou dum avanço técnico e militar indesmentível, sentiu-se investida duma missão civilizadora - da qual devemos reconhecer o aspecto positivo - mas que a autorizou também a lançar uma colonização abjecta, da qual todos conhecemos os excessos.
A descolonização , nem sempre elevou as elites idóneas indispensáveis para o exercício do poder. Frequentemente foram os mais aguerridos ou os mais violentos que o conquistaram, postos em seguida rapidamente ao serviço dos antigos mestres através duma dependência total económica e financeira. Os interesses vitais de uns, vão conjugar-se com a ambição sem freio de outros, criando uma sociedade corrupta da qual os povos são as únicas vítimas. Esta corrupção vai mesmo, finalmente, afectar os países que a praticam, isto é os corruptores.
Estas elites vão ilustrar-se, em muitos casos, pelo açambarcamento das riquezas em benefício pessoal, deixando os povos na mesma ou ainda mais pobres que antes. Quando analisamos a situação dos povos africanos e dos povos árabes, verifica-se que os valores que apregoamos no ocidente, inerentes à democracia e aos direitos do homem, estão longe de serem aplicados nesses países.
O Ocidente continua entretanto a retirar todos os benefícios desta situação, dando o seu apoio a regimes ditatoriais corruptos, que transferem para os bancos ocidentais o fruto das suas razias.
Não podemos ignorar este aspecto da nossa civilização, quando vemos o terrorismo lançar ataques suicidas contra os nossos interesses estratégicos vitais, as nossas instituições, os nossos valores e o primeiro entre todos : a nossa LIBERDADE.
Este terrorismo é ainda mais feroz quando ele se serve da religião , carburante explosivo, quando é agredida por imagens que ofendem aqueles que nela crêem. Sobretudo quando sabemos que nos Estados teocráticos, a Religiao e o Estado , longe de estarem separados como nos nossos , são o Poder da Nação.
Bea.
ResponderEliminarO pé de igualdade está á vista.Um lápis tem o poder de fazer disparar uma arma.
Só os mentecaptos não conseguem fazer um esforço para entender,é preciso mais disparos?
Então continuem...uns já fazem cartoons nos anjinhos.
A ver vamos pois não acredito que parem,uns e outros.
Será difícil fazer cartoons com ensinamentos de compaixão ,de amizade de solidariedade,de união?De salvação do planeta,da protecção aos animais,etc,etc
De mudança para um mundo de amor?
Hmmmm,isto não deve gerar riqueza!!!
Olhe,sou um grande doente mental,confesso.
Normais são uns e outros que se degladiam.
Perdão mundo normal!