O Supremo Tribunal Administrativo reduziu o valor da indemnização que a Maternidade Alfredo da Costa terá de pagar a uma mulher que ficou impedida de voltar a ter relações sexuais com normalidade depois de ali ter sido operada há já 19 anos. Um dos argumentos invocados pelos juízes, com idades entre os 56 e os 64 anos, foi o de que a doente “já tinha 50 anos e dois filhos”, isto é, “uma idade em que a sexualidade não tem a importância que assume em idades mais jovens, importância essa que vai diminuindo à medida que a idade avança”.
Abstenho-me das considerações clínicas que negam esta realidade. Vou directa ao que estava em discussão : a perda de um direito de personalidade. E relativamente a estes - nos quais a sexualidade se integra - nenhuma destas considerações tem qualquer relevância.
A idade da lesada e a referência ao facto de ser mãe de dois filhos poderiam ser importantes se o que estivesse em causa fosse uma indemnização por perda da capacidade de reprodução. Não era manifestamente o caso. Nem tão pouco faz qualquer sentido, no século XXI, associar a maternidade à sexualidade.
Curiosamente um dos magistrados pertence ao sexo feminino e, confesso, não sei o que terá sentido ao ver este retrato. Quanto aos homens e a atendendo às suas idades, sinto um calafrio só de pensar no que esta “avaliação” poderá dizer das suas próprias vidas...
HSC
Impresionante o veredicto e impresinante seu post por razões opostas. Obrigado !!!
ResponderEliminarNão pude deixar de achar divertida a escolha do título deste post ;)
ResponderEliminarTer relações sexuais aos 20, 50 ou 100 anos é um direito humano que assiste a qualquer cidadão. Como é possível chegarem a magistrados com uma lógica de raciocínio tão primária !?
ResponderEliminarQuerida Helena, tenho muito medo desta gente...
Patético. Ridículo. Preconceito. Parolice pura.
ResponderEliminarQue mais irá nos acontecer ... ???
Abraço, Helena!
Um amigo meu partilhou a notícia deste acórdão no Facebook. Resumi o meu comentário a esse "post" numa uma só palavra: impotentes?
ResponderEliminarQuerida Helenamiga
ResponderEliminarSão "sentenças" como esta que levam à desgraça em que se encontra a Justiça em Portugal, Mas, pior: a Educação; a Saúde,Os Negócios Estrangeiros etc. etc.
E vem o suposto primeiro-ministro Coelho dizer que comentadores e jornalistas são preguiçosos, orgulhosos e mentirosos (inverdades é a forma correctamente política de dize mentiras) e ninguém lhe vai às mãos. Não prestamos nós,os portugueses; lamento,mas... não prestamos.
Qjs
Sentença imatura, desprovida de objectividade e humanidade.
ResponderEliminarConcordo consigo, D.Helena.
Cláudia
Todo este processo "é de bradar aos céus" e lembrar "tempos de um passado recente"...e sobre a magistrada...pois...pelo que subscrevo as suas palavras.
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ResponderEliminarHelena,
Ridículo!!
Quanto ao título do post, seria um bom tema para um próximo texto :)
Contou-lhe algo que se passou comigo, na semana passada.
Encontrei, numa loja chinesa a mesma marca, modelos, de umas roupas que costumo comprar, claro que na dita loja, a dona prima por ter só uma peça de cada modelo.
Numca pensei, as ver numca loja chinesa, o melhor com um preço 2/3 vezes inferior às que comprava.
Comprei um conjunto que já tenho, mas de outra cor só por 19,90 € :)
Carla
Bem, volta e meia somos surpreendidos por decisões completamente desprovidas de bom senso. Eu não entendo esta decisão, terão estes juízes ficado impotentes aos 50? Há dias outros juízes também decidiram tendo em conta que 'um trabalhador embriagado pode aumentar a produtividade'. Mas que juízes são estes? que gente é esta? que país é este? Uma tristeza, caramba.
ResponderEliminarMaria L
Que ridículo....queria ver se fizessem o mesmo às mulheres dos ditos juízes ( ou será que ele não sabem o que isso é???)
ResponderEliminarCom juízes destes não precisamos de justiça...
ResponderEliminarPois a mim me parece pura maldade retirar um direito adquirido usando tal malevolência. O que não entendo é como pode ser válido o motivo apresentado. E que sejam os juízes a pensar deste modo...deixa-nos sem recurso. A quem recorrer quando a justiça assim raciocina?!
ResponderEliminarNão há palavras. A nossa justiça até sexualmente está impotente
ResponderEliminarEsta decisão do tribunal fez-me recordar este episódio:
ResponderEliminar"O acto sexual é para ter filhos - diz ele"
Já que o coito — diz Morgado —
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou — parca ração! —
uma vez. E se a função
faz o órgão — diz o ditado —
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.
Natália Correia em resposta a João Morgado, deputado da bancada parlamentar do CDS,
no debate sobre a legalização do aborto, no dia 3 de Abril de 1982.
(fonte:www.cardigos.org/frederico/poesia/Morgado.htm)
Fernanda
Fernanda
ResponderEliminarBem me ri com a Natália por causa dessa sua intervenção!
Acabo por ter pena destes juízes!
ResponderEliminarSão uns frustrados, uns cinzentões, uns tristes,uns monótonos,sem graça nenhuma ... Coitadas das suas mulheres, é preciso ter azar.
Cumprimentos
Que dizer ?!...
ResponderEliminarÉ melhor não dizer nada.
Felicidades
Como a televisão dá a oportunidade de rever os programas,vi com agrado a presença da Doutora Helena num programa da manhã. Como sempre esteve muito bem.Estava com um ar muito feliz. Espero muito sucesso para o novo livro.
ResponderEliminarE como diz que o mais importante são os afectos,eu concordo, e daqui vai o meu miminho:
Um grande abraço de admiração.
fica-se sem palavras...alô, alô, planeta terra...?!?!?!
ResponderEliminarQuando estas situações acontecem dão-nos conta do PAÍS REAL.
ResponderEliminarPenso que a sexualidade evoluiu muito, mas não tanto como em geral se pensa, continuam a existir muitos atavismos, preconceitos, repressão, opressão, assédios e abusos.
O que se liberalizou e alargou foi sobretudo o supermercado sexual.
Porque existe tanta violência doméstica?
Estudos recentes mostram que a violência existe na proporção de um, em quatro pares de namorados jovens.
Estes racionalmente condenam-na, no entanto praticam-na.
Como se explica isto?
Além do mais, só o simples facto de ficar incontinente por negligência, já é altamente punível.
Esta sentença atribui à sexualidade um valor meramente reprodutor.
Infelizmente e para minha surpresa, encontro pessoas (homens, mas tb mulheres) que, embora de forma camuflada para não parecerem antiquados, no fundo, no fundo, pensam assim. E descaem-se, mesmo sem dar por isso.
Traem-se quando o IRS penaliza as pessoas que não têm filhos, por exemplo.
Dra. Helena, seriam mesmo juízes ou estariam encapuçados?
ResponderEliminarBeijinhos,
Ailime
http://youtu.be/zS80zuVj5XE
ResponderEliminar"AMOR É PARA SEMPRE, SEXO TAMBÉM"