sábado, 11 de outubro de 2014

Estilos


Ao longo da minha vida, julgo ter dado à cidadania, a importância que ela tem no meu estilo de vida. Não foi nunca através do exercício da política activa, mas nunca me furtei a apoiar publicamente as causas que considerei justas, nem silenciei o que penso ser errado.
Um ou uma comentadora anónima, no meu post sobre os Cuidados Paliativos - em que pedia meio minuto de silêncio, para hoje nos lembrarmos deles -, chamou a minha atenção para o facto de não ser com atitudes destas que as coisas se resolvem, mas sim com barulho, muito barulho e revolução. Respondi, como seria de esperar, à sua sugestão.
Mas julguei que valia a pena fazer um post sobre o assunto. Todos os países têm os seus Guevara. Para o bem ou para o mal, eu não sou um deles. 
Cada um tem o seu estilo próprio e sair dele dá, por norma, mau resultado. Não sei viver em conflito. Nem quero. Fui educada a tentar perceber a posição daqueles que não pensam como eu, mas isso não quer dizer que tenha que actuar como eles.
As revoluções não têm obrigatoriamente que ser feitas com violência, embora seja essa a prática corrente, marginalizando os que não sabem ou não querem pegar em armas. Estes, entre os quais me incluo, não baixam os braços. Lutam por ideais e mudam sempre que são convencidos. Sem medos ou vergonhas. Mas acreditam que o peso da palavra pode ser superior ao peso de uma metralhadora. 
E acreditam que, muitas vezes, os apologistas das revoluções e do barulho, não podendo faze-los, acabam por ficar de braços caídos...

HSC

6 comentários:

  1. Também acredito na força da palavra sobre a força das armas. Gandhi, Mandela e M. Luther King são exemplo disso.
    Gostaria que este lema tivesse a sua razão na luta contra o Estado Islâmico que, sem darmos fé, está a alastrar pelo mundo fora, sem dó nem piedade...
    Francamente, estou muito céptica... não vislumbro uma solução pacífica.
    Cumprimentos

    ResponderEliminar
  2. Há revoluções pacíficas:). Mas, por norma, dão barulho.

    ResponderEliminar
  3. Como escreveu Eduardo Lourenço num prefácio a um livro de Otelo Saraiva de Carvalho, talvez há mais de vinte anos (tenho o livro, mas assim de repente não o encontrei para precisar a data): ".... uma alteração de fundo e forma, a que alguns chamam com terror de revolução."
    Pois. O que necessitamos é de barulho, de uma alteração profunda. Pode-se chamar revolução. Não significa violência, metralhadoras e balas. Há várias formas de fazer a revolução. A Maria do Porto, no comentário anterior lembrou Gandhi, Luther King e Mandela, apesar de no fim do comentário escrever que já não acredita numa solução pacífica. No entanto, se necessário .... Em Maio de 68, em França, não foram precisas armas (de balas), mas sim palavras, motivação, cidadania. Para os que como nós, entradotes na idade (mas ainda novos) já com a força reduzida, temos a palavra.

    Cumprimentos,

    lm 11.12.14

    ResponderEliminar
  4. Como a MARIA DO PORTO, também estou muito céptico...


    Melhores cumprimentos.

    ResponderEliminar
  5. Maria (publicamente anónima)
    Boa noite Drª Helena! Muito bons os seus posts sobre este assunto. Como tantos outros. Aprecio o seu estilo de exercer a cidadania. Uma pessoa, como a Senhora, que escreve e usa a palavra para denunciar, seja o que for, quando acha que o deve fazer é importante. Acredito na força da palavra. Pode ter um efeito mais lento mas, quando persistente e usada na hora certa e no tempo certo é, certamente, um acto de cidadania que ocupa um lugar importante na sociedade.
    Fazendo um paralelo com a frase “a canção é uma arma”, também na canção é a palavra a ter importância. A palavra escrita, dita ou cantada pode ter mais força do que o uso das armas. Com um efeito mais lento mas menos letal para a humanidade serve para alertar, para perceber que não baixamos os braços, para discordar ou concordar, do que vai pelo mundo e para dar voz a quem não tem.
    Respeito quem se manifesta com estrondo e quem faz revoluções, mas não é muito o meu estilo. No entanto gosto de protestar, gosto de dizer “não”, quando tenho que o fazer, sem violência nem estrondo. Discordo completamente da guerra, porque acho que não serve em nada a Humanidade.
    Neste momento estou muito preocupada com os focos de guerra que estão a acontecer pelo mundo não muito distante. Um mundo entendido como uma aldeia global, para o bem e para o mal, nunca se sabe quanto tempo estamos fora desses conflitos sem sentido. Conflitos por uma religião ou por um bocado de terreno, cidade, ou parte de um país, não fazem sentido nenhum.
    Obrigada por nos proporcionar boas leituras e alertar para causas importantes.
    Tenha um bom fim de semana
    Maria M

    ResponderEliminar
  6. Gostei das suas palavras e concordo com a sua atitude. Quando convencida, por argumentos válidos e pertinentes,aceito
    as opiniões contrárias. A violência, principalmente a das metralhadoras revela-se, muitas vezes, ineficaz.
    if

    ResponderEliminar