sábado, 18 de outubro de 2014

Da tolice e da surpresa


Quem é que, em seu juízo perfeito, se lembraria de ir ao Corte Inglês, hoje, num sábado cinzento que se não decidia entre o sol radioso e as nuvens carregadas? Eu. E, claro, uma multidão de gente tão insana como a que vos escreve estas linhas.
Havia comprado, há uns dias, no citado estabelecimento, um lindíssimo blazer azul cobalto, na qual já me via glamourosa - é nesta altura que se costuma dizer que todas as idades têm o seu encanto... - combinando-o com uma calça cinza peito de rola, da qual muito gosto.
Porém, chegada a casa, o azul cobalto, por efeito da luz natural era, de facto, algo situado entre o beringela e o lilás. Pensei para comigo que teria de o ir trocar. Pensar, eu fui pensando. Ir é que não ia, porque se impunha faze-lo de dia, o que era sempre inviável.
Foi assim que, de postergação em postergação, acabei por me encontrar hoje, às 13:00, no meio de um mar de gente que fazia compras, comia, ou pacificamente esperava a sua vez de comprar bilhete para o cinema.
No meio de todo este caos, tive imensa pena de mim. E, quando tudo apontava para que fizesse marcha atrás e saísse dali, a decisão tola que tomei foi a de ficar, almoçar, ir ao supermercado. E, surpresa, trocar o blazer azul cobalto por um vestido branco e preto mais um casaco de malha de cor indefinida. Peças de que visivelmente não necessitava... Salvou-se terem tido uma boa redução de preço, mas não se salvou a minha manifesta estupidez.
Derreada, resolvi tomar um café, num pequeno espaço do andar onde fiz todos estes disparates. Já sentada e com uma imensa vontade de mandar os sapatinhos às urtigas, dei-me conta da azáfama com que as peças de vestuário iam desaparecendo dos cabides e das prateleiras para os sacos que as pessoas amontoavam nas suas mãos.
De repente, sem qualquer explicação plausível, só consegui pensar no Orçamento para 2015. Porque diabo havia eu de lembrar tamanha desgraça? Ignoro. Mas é por mais evidente, que devo estar a precisar de acompanhamento clínico especializado. Só pode ser isso!

HSC

13 comentários:

  1. A julgar por mim própria, pensaria: “perdida por 100, perdida por 1000”; vou mas é terminar aquilo que comecei. Esgotada mas vacinada, por uns bons tempos...
    Hoje em dia, o Corte Inglês, só à noite e, durante a semana. Até porque chego lá tão cansada que nem consigo carregar muitos sacos. Remédio Santo!! Ganho eu e o meu orçamento.
    Boa noite e bom descanso
    Beijinho com saudades de uma boa cavaqueira :)

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  2. Estive no mesmo local incluindo super no mesmo dia e à mesma hora gostaria muito de lhe ter mandado um sorriso, da próxima vez vou ter que prestar mais atenção a quem me rodeia.

    Tenha um bom domingo

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  3. Fez muito bem doutora Helena. Não foram disparates,essa roupinha já ninguém lha tira e não se sabe se para o ano será capaz. Tudo vai ser pior.
    Pelo menos bem vestida vai estar.
    Bom domingo

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  4. Não resta a dúvida que, o Corte Inglês de Lisboa, jamais serviria de barómetro para medir a qualidade de vida dos Portugueses!... Quanto às cores, é assim mesmo, nem tudo é o que parece à primeira vista...
    Meus cumprimentos.

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  5. Cara Drª Helena

    Há um senhor algures neste país que me toma conta de uma casa de que muito gosto e de um jardim de que minha mulher ainda gosta mais.
    Foi algo que comprei e recuperei e não que herdei, tem outro sabor.

    Esse senhor tem uma reforma que não chega a nada de nada, era trabalhador agrícola e criou 5 filhos.
    A motoreta com 15 anos em que anda fui eu que lha dei, estou a pensar arranjar-lhe outra.

    Como nunca se queixa e só trabalha, um dia eu disse-lhe algo do género "só vejo gente que vai a restaurantes, viaja e troca de carro a queixar-se mas a si não lhe ouço nada".

    Diz-me ele: "Queixar-me da crise? Pois se eu nasci e sempre vivi em crise!".

    As pessoas à minha volta que mais se queixam têm mais que eu e eu tenho algo (não é segredo, está no meu IRS):o que eu não tenho é paciência para os ouvir todo o ano numa conversa e depois 2 meses a gabarem-se do que fizeram nas férias...

    Nada como ter uma casa numa pequena vila do interior e ser de Lisboa (casas na praia não contam) para não perdermos a noção das realidades, muito diluídas na cidade.

    É que eu almoço todos os dias na Baixa e tenho que "fazer horas" para nunca ír antes das duas e meia.
    Para estar à espera prefiro fazê-lo na Bertrand, na Férin ou até na FNAC.

    RuiMG



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  6. oh D. Helena, é bom ver que a noção de sacrifício é bem relativa.
    Explico.
    Quer me parecer que a Helena deu consigo a pensar no orçamento para 2015, como eu dou comigo a pensar "olha, ainda há quem possa fazer comprinhas"
    E, não, não se trata de inveja, apenas constatação de que de facto o sacrifício é bem relativo.
    Cumprimentos,
    Cláudia

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  7. Estar no Corte Inglês, muitas
    pessoas, compras, Orçamento de
    Estado...
    Penso que entendi aonde queria
    chegar...mas sabe, o problema
    é que há uma parte da população
    portuguesa que nunca entrará no
    El Corte Inglés, e que nem tem
    dinheiro para comer ou comprar
    medicamentos, e que vão ter um
    aumento na sua reforma que não
    chega aos 3 euros mês!!! Mas com
    esses poucos se importam até que
    um dia(que eu não desejo) lhes
    suceda ficar numa situação de total pobreza!!!
    Mas a vida é assim mesmo, a maioria quando pode, faz uso
    (e bem) dos seus recursos, os que
    não têm(não existem, são ignorados!!!)...
    Cumprimentos
    Irene Alves

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  8. É proíbido ir a tais sítios ao fim de semana!
    Enchem-se de gente, de crianças e só faltam os animais de estimação...
    No meio desta confusão e com a pressa de lá sair, fazem-se compras precipitadas que depois nos arrependemos! É sempre assim...
    Mas tem a oportunidade de tornar a trocar, não?
    Custa-me ver estes espaços comerciais cheios de crianças enquanto os parques e jardins estão mais vazios. Pegou a moda,e é vê-las por lá mesmo à noite,naquela agitação e barulho, a horas que já deveriam estar na cama! E depois os pais queixam-se que estas crianças
    não sossegam e não dormem bem...
    Enfim....
    Cumprimentos

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  9. Oh! Mas está um encanto o post que escreveu depois de dia tão anómalo:)

    Boa noite

    PS: ameei o pormenor da cor da calça:)

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  10. Não, não é tolice pensar no OE '15. Para quem, como eu, trabalha (ainda que em part-time) numa loja de shopping, sabe que temos as épocas de enchentes conhecidas de todos: fim do mês, Natal e Agosto, bem como as outras: a devolução do IRS, os subsidios de ferias e Natal e, agora, o aclamado futuro (ou não) alívio na carteira.

    Tudo menos tolice sua, garanto-lhe!

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  11. Helena,
    o seu pensamento para o orçatº de 2015, teve o seu porquê, enquanto via desaparecer as roupas...
    Não nos podemos esquecer, que cada vez mais, existem mais ricos em Portugal, o Corte Inglês não é para todos, essas ditas pessoas que faziam desparecer o vestuário dos cabides, pertencem a outra elite, já que não estamos em saldos.
    Pessoalmente, aproveito os saldos no corte Inglês, como faço compras no Freeport, já vi ali alguns jornalistas, muitas caras conhecidas da nossa sociedade.
    Aprendi, com os meus pais a ser poupada, hoje podemos estar bem, amanhã não o sabemos...

    "Comprova-se ainda que os ricos estão cada vez ricos: em relação ao ano passado, regista-se um crescimento de 14,4 mil milhões. O Correio da Manhã publica amanhã, na sua edição impressa, todos os pormenores sobre os homens e as mulheres mais abastados em Portugal"

    http://www.cmjornal.xl.pt/nacional/economia/detalhe/milionarios-portugueses-estao-cada-vez-mais-ricos.html

    Carla



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