Campos e Cunha professor da Faculdade de Economia da Universidade Nova, ex-ministro das Finanças de José Socrates concede hoje uma interessante entrevista ao jornal online Observador, de que se reproduzem abaixo algumas das suas respostas, mas cuja leitura integral se aconselha vivamente.
O ex governante considera
que existe o risco de Portugal e a zona euro entrarem em deflação e critica o
Banco Central Europeu por não ter atuado mais cedo para evitar a ameaça.
Concorda com o
chumbo recente do Tribunal Constitucional a três medidas do Orçamento do Estado
para 2014 e adianta que a reforma da administração pública está por fazer,
apesar de o país ter recuperado a credibilidade por “mérito” do Executivo.
Reestruturar a
dívida pública seria, a seu ver, um erro “brutal”.
“…Sem dúvida que uma aceleração da procura
interna vai aumentar as importações e, nesse sentido, vai reduzir o superávit.
Até podemos entrar em défice. Mas eu não julgo que o défice externo seja um
problema grave para a economia portuguesa. É apenas um sinal de que a procura
interna está sobreaquecida.”
“…Assumindo que António Costa chega à liderança, vai
colocar-se novamente o problema do socratismo. Vai colocar-se a questão de
saber como é que ele vai lidar com os socratistas e com essa herança, que é uma
herança pesada, e que vai estar na mesa dos debates nas próximas eleições
legislativas. Ele arrisca-se a ganhar o partido e a perder o país. Ele é que
terá de decidir, mas seria importante ter um PS sem amarras em relação a alguns
aspetos do passado recente e mais orgulhoso do seu percurso na defesa da
democracia.”
“…Uma certa estabilização macroeconómica é essencial
para os investidores poderem investir. Portugal é, neste momento, um país muito
interessante, não pensando no mercado interno, mas pensando no mercado europeu,
para a localização de empresas, sejam nacionais, sejam estrangeiras. O que se
fez na legislação laboral até agora permite-nos pensar que essa legislação é
competitiva em termos de investimento. Havia muita rigidez e uma parte dessa
rigidez desapareceu”.
Quanto ao
Tribunal Constitucional “…devemos ter em
consideração que o TC existe com aquela composição, em parte indicada pelos
partidos. É um tribunal que está previsto funcionar daquela maneira e tem como
objetivo velar pelo cumprimento da Constituição. Não podemos ficar
surpreendidos que haja leis que sejam consideradas inconstitucionais. Podemos
discutir, podemos estar em desacordo, mas não podemos atacar o TC da forma como
eu o tenho visto ser atacado ultimamente. Penso, mesmo, que do ponto de vista
do Governo, utilizando a expressão de um colega vosso, esta dramatização que se
está a fazer é perigosa.”
Os instrumentos apropriados para isso são o IRS -
tributando quem ganha mais e isentando quem ganha menos -, os apoios no combate
à pobreza ou os subsídios de desemprego, por exemplo. A educação também é um
excelente instrumento de combate à desigualdade entre gerações. O sistema de
pensões funciona com base num contrato, explícito ou implícito, que o Estado
fez, aliás, impôs ao cidadão, e os salários da função pública têm que ser
minimamente competitivos para podermos ter gente capaz na função pública. Se
queremos reduzir o apoio de escritórios de advogados ou engenharia e reduzir o outsourcing, temos de ter dentro da
função pública essas competências que, nos últimos 15 anos, diminuíram
drasticamente”.
“…O BCE reagiu tarde e sabe a pouco. Dificilmente se é
excessivo para combater o perigo de deflação. Eu gostaria que o BCE já tivesse
assumido estar consciente de que existe esse perigo. Mas o discurso foi, todo
ele, no sentido de dizer que não havia esse risco de deflação. Se o BCE tivesse
dito há meses que o problema era real e que estava a seguir a situação,
provavelmente nunca necessitaria de fazer nada porque os mecanismos de mercado
e das expetativas seriam auto corretivos.
A melhor maneira de combater um fenómeno monetário é
tomar em conta as expetativas, não as falsear e considerar que a gestão das
expetativas é, também, um grande instrumento de política monetária. Gostaria de
ver maior preocupação verbal da parte dos responsáveis do BCE em relação à
deflação e, é evidente, só as palavras não chegam.”
HSC
O ar cansado do Sr mostra, sem dúvida, o profundíssimo trabalho de análise do que escreveu...
ResponderEliminarCampos e Cunha foi Governador do Banco de Portugal, e beneficiando de uma lei de Cavaco enquanto 1º MINISTRO, reformou-.se aos 47 anos, depois de cumpridos 5 anos de árduo trabalho,. uff, e passou a auferir uma pensão vitalícia de 9.000 Euros mensais, x 14 meses, Não sendo o único,mas a pensão dele deve ser a mais elevada. "Enamorou-se" da inteligência e capacidade de trabalho de José Sócrates e estabeleceu com ele uma união que os levou ao programa Novas Fronteiras e à maioria absoluta, sendo nomeado Ministro das Finanças. Não contava com a impetuosidade de Sócrates que tomou logo uma medidas drástica: os Ministros não podiam acumular pensões ou reformas. Campos e Cunha viu a vida dele andar para trás, pois o ordenado de Ministro não lhe dava para pagar ao Jardineiro, inventou que não estava de acordo com o TGV nem com o Aeroporto, que tinham herdado do GOVERNO ANTERIOR, que assinaram o contrato com Espanha e a UE e que ele próprio tinha incluido no Programa Novas Fronteiras, deu-se como exausto, pediu a demissão de Ministro, voltou para a Universidade Nova a fazer pareceres em privado e a receber a tal pensão vitalícia em que não se pode tocar porque o BdP obedece ao BCE, enquanto os desgraçados reformados do BdP FORAM EQUIPARADOS A FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS. Já pediu a reforma de Professor, o ALFORRECA deu-lhe um taxo no CCB e se calhar ainda acaba Presidente do mesmo. Depois de sair do Governo dedicou a sua vida a dizer mal do Sócrates, do TGV, do Aeroporto, das Estradas etc. Se tivesse um pingo de vergonha estava bem calado.
ResponderEliminarLídia desconheço a vida financeira de Campos e Cunha.
ResponderEliminarQuando aconselhei a leitura da entrevista, fi-lo enquanto cidadã interessada em conhecer o pensamento de quem sabe decerto mais do que eu.
Quando vou ao médico o que me interessa é que ele diagnostique bem o meu mal, para "eu" me tratar. Não me interessa a sua vida pessoal.
Não conheço Campos e Cunha, mas sei reconhecer uma boa entrevista. E a dele é boa.
Se ganha muito, se diz mal de Socrates, se é videirinho, são aspectos que neste caso concreto, me adiantam pouco. Aconselhei a leitura da entrevista. Não aconselhei que as pessoas admirem o entrevistado...
Helena. longe de mim criticá-la por apreciar a entrevista de CAMPOS E CUNHA. Como ele volta a criticar José Sócrates, como se tivesse uma obsessão, lembrei-me da passagem dele pelo governo e da razão que o levou a demitir-se mas como tudo na vida, para cada um sua verdade, como dizia Pirandelo. Pode ser que o meu relato tenha algumas inverdades, porque o tempo passa e algumas deturpações ocorrem.
ResponderEliminarDesculpe a minha rude franqueza mas a diplomacia não é o meu forte, apesar de não ser tão mal educada como Ana Gomes. Cumprimentos..............Lidia
Lídia a diplomacia aos diplomatas...
ResponderEliminarAqui pode dizer-se o que se pensa, desde que estejamos seguros do que afirmamos.
Talvez porque a minha área é a economia e a comunicação sou sensível ao discurso de análise técnica.
E entre si e Ana Gomes há um fosso a separa~las. A Lídia diz o que pensa. Ana Gomes diz o que lhe convém...