segunda-feira, 24 de março de 2014

O Homem e a política


"...Por vezes questiono-me até que ponto degenerou a política europeia para termos deixado de ver à nossa volta homens com a envergadura de um Adolfo Suárez. Homens tocados por um sentido de elementar decência que os levam a servir da melhor maneira os concidadãos deixando as nações que governam mais respeitadas, mais dignas e mais livres. E que depois se afastam rumo ao crepúsculo, sem aguardarem honrarias nem esperarem o reconhecimento ou até a mais elementar gratidão dos contemporâneos, apesar de terem deixado a sua marca impressa no destino histórico. Bastando-lhes a convicção da missão cumprida e a certeza de terem contribuído para tornar o mundo um lugar mais habitável."

Pedro Correia in Delito de Opinião

Julgo que este último parágrafo do post de Pedro Correia diz tudo o que eu penso da política dos dias de hoje. Adolfo Suarez personificou bem o que a mais nobre profissão do mundo pode e deve ser. Com falhas, com sucessos e insucessos. Mas com um amor inquestionável ao seu país!

HSC

14 comentários:

  1. Subscrevo totalmente aquilo que aqui diz. Desapareceu um grande Senhor da Política (espanhola e não só).
    P.Rufino

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  2. Extraordinário homem, extraordinário exemplo, sem dúvida o melhor político espanhol do século vinte.

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  3. E que tarefa gigantesca lhe foi proposta...

    Depois de tantos anos de franquismo, tão pouco tempo depois de alguns contestatários(ainda) serem condenados à morte, com a vizinhança portuguesa inebriada e confusa com a súbita liberdade,Adolfo fica com a Espanha ao colo.

    E a Espanha era uma manta de retalhos esgaçada nas costuras, perigosamente a romper.
    Era preciso agir rápido sem ser precipitado, era preciso aproveitar o contentamento para fazer as grandes viragens mas ter o tacto e o equilíbrio suficientes
    para não deixar pontas soltas e conter os extremismos.

    Há "casamentos" que resultam no momento certo. O bom senso e as capacidades políticas de Adolfo com o apoio sereno de Juan Carlos (também ele recém chegado) talvez tenham sido o segredo para o sucesso.

    A tarefa era enorme mas o povo ansiava por gente diferente corajosa, vistosa, com "salero"...
    E os astros se puseram de acordo.

    Pena que Adolfo tenha partido sem se lembrar quem era.
    Oxalá a História não venha a sofrer da mesma doença.

    (Ainda por cima...era um homem bonito!!!Tudo ajudou.)

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  4. Subscrevo inteiramente porque foi um homem que viveu para a política e não da política. Claro que teve os seus altos e baixos mas a sua dignidade ao abdicar de qualquer remuneração após ter deixado o "cargo" mostra a verticalidade que só existe em poucos para não dizer, raros.

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  5. Foi um exemplo. Devia ser seguido. Infelizmente não é.

    Cris

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  6. Os seres humanos fantásticos existem.
    Alguns roçam a perfeição e é uma questão de coração.
    E o importante mesmo, é que quando se é assim,se fica contente apenas por deixar uma Boa marca,um Bom trabalho,um Bom exemplo,e não ganhar uma "coroa de louro".
    Uma benção de paz.

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  7. Concordo com tudo. E tenho muita pena que não haja muitos políticos como Adolfo Suárez.

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  8. Caríssima Helena:
    Permita-me que deixe aqui o comentário que pus hoje no Delito de Opinião, pois não sei se todos os visitantes do Fio de Prumo vão ao Delito.
    «Em 2001 Adolfo Suarez perdeu a mulher, em 2004 perdeu uma filha.
    Para as tratar na doença hipotecou uma casa que tinha em Ávila, sua cidade natal.
    Recusou qualquer benesse e não quis receber qualquer reforma pelos anos em que exerceu o poder político.
    Vivia da advocacia.
    Quantos se podem orgulhar disto?
    Há uma grande diferença entre os homens de corpo inteiro e a praga de pigmeus que invadiu a política.
    Infelizmente, e para nosso mal, são estes últimos que dominam as instâncias do poder praticamente por todo o mundo (com as honrosas excepções que conhecemos).
    E o que me desgosta mais é ver as lutas estúpidas e «pequeninas», motivadas apenas por razões ideológicas (e por falta de inteligência), que as facções da populaça mantêm acesa por todo o lado, também nos blogues: basta ver os comentários.
    Como se não houvesse outra dimensão para os homens e para as coisas das nossas vidas, incluindo a política que nos governa.
    Afinal, a qualidade das «elites» que nos comandam (nos mais variados níveis) resulta muito da qualidade dos comandados.
    Nelsons Mandelas e Adolfos Suarez há poucos porque haverá poucos que os merecem?
    Ou porque haverá poucos que os ajudam a florescer mesmo merecendo-os?»

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  9. António P Pereira
    Tem muita razão. E é por isso que certas pessoas se recusam a entrar no jogo político. É que ele é, cada vez mais, apenas jogo partidário.

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  10. Que o exemplo de Adolfo Suarez, o seu sentido de missão, de entrega, aos "outros" e ao país, refresque e inspire todos os "pigmeus" que se têm instalado na nossa terra. É difícil, mas necessária, uma inteligência certa na hora certa...

    (Não tarda, esta sua, assídua, comentadora, vai pedir a equivalência de qualquer curso de saúde, por currículo adquirido... Que Deus permita, no entanto, que seja pelos sucessos alcançados... A ver vamos!!)

    Beijinho para si e boa semana.

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  11. Naturalmente concordo com tudo o que até aqui vi nos comentários.
    Permitam-me que destaque uma frase do ERA UMA VEZ:

    " Pena que Adolfo tenha partido sem se lembrar quem era.
    Oxalá a História não venha a sofrer da mesma doença.


    Melhores cumprimentos e a mágoa de ver partir um dos GRANDES.

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  12. Muita honestidade e grande espirito de entrega gratuita. Um homem impar.Fazem tanta falta pessoas como Adolfo Suarez.
    Beijinhos, Zia

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  13. Desde muito jovem que sempre senti um fascínio pelo Adolfo Suarez. Acompanhei parte do percurso político e, posteriormente, a doença da mulher e da filha (mais tarde ainda de uma outra filha que, felizmente, venceu a luta contra essa terrível doença).

    Apraz-me referir, ainda, a unidade dos espanhóis em relação ao reconhecimento pública quanto à sua envergadura política - incluindo a presença de todos os sectores da sociedade e quadrantes políticos - era, de facto, um SENHOR na verdadeira acepção da palavra.

    Dificilmente no nosso país se veria esta união.

    Descanse em Paz!

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  14. O último comentário é meu que, por lapso, não assinei antes de submeter.

    Isabel BP

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