segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Preciso aprender...

Tenho um grande defeito que vou tentar corrigir em 2014: não sei preguiçar. E eu julgo que também há um direito saudável à preguiça, desde que tenhamos trabalhado o que devíamos.
Não é o mesmo que o descanso. É diferente, porque eu posso descansar a fazer um trabalho diverso do habitual, se isso me der prazer.
Aquilo de que falo é mesmo de não fazer nada, não pensar nada, não me ocupar de nada. A família critica-me e diz que sou uma workaholic. Eu reconheço que é verdade e com a morte do meu filho, já consegui alterar muito o meu ritmo de vida. Passei a "ver" e a "ouvir" melhor e a saber "desligar". Foram grandes, enormes progressos mesmo. Mas ainda não sei "parar" pelo simples prazer de o fazer. Vai ser o meu projecto para o Novo Ano, antes que os que nos governam se adiantem...
Sinto que é importante aprender a faze-lo, para poder dar o devido valor ao trabalho. É que este, em mim, é tão natural que nem me dou conta de que a vida é muito mais do que ele, e também é preguiça. Da saudável, da que não rouba nada a ninguém e apenas representa um lado justo da vida. A ver vamos se conseguirei...

HSC

18 comentários:

  1. É raro eu preguiçar.
    Mas...dequinzeem quinze dias, lá vem a PREGUIÇA BOA !
    Graças a Deus !

    Melhores cumprimentos.

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  2. E sabe bem preguiçar. Já nem me lembro o que isso é...
    Luísa Moreira

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  3. Vai conseguir de certeza, porque como diz "a vida também é preguiça".
    E isso de estar de vez em quando sem fazer nada, nem pensar em nada, cultivando a preguiça, para mim, pelo menos, é também o que me reequilibra e dá força.
    Vai ver que depois já não vai passar sem preguiçar um bocadinho :)

    Beijinho

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  4. Eu também tenho grande dificuldade em preguiçar...

    Beijinhos,
    Vânia Baptista

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  5. Doutora Helena
    Já dizia Fernando Pessoa:
    Ai que prazer não cumprir um dever
    Ter um livro para ler e não o fazer.......

    estou de acordo e a doutora Helena já tem uma bela idade para "curtir uma preguiça".Parece-me um direito muito saudável.Espero que cumpra
    Abraços

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  6. Quando me reformei, jurei a mim própria que ia descansar. NADA! Foi há seis anos e entretanto já fiz dois projetos para a Peditora, algumas traduções, e trabalhos vários. Estudo sempre bastante para tudo isto e às vezes até sinto grande pressão para cumprir os deadlines. Mas penso: se não tivesse isto o que faria?
    Viajar mais, mas tenho o handicap do joelho que não melhora, pelo contrário, Ler mais, pois leio muito mas é no computador :).
    Posso dizer que gozo todos os momentos em que estou só ou com a minha filha, na Foz, em concertos, no Parque da Cidade ou em erralves. Será isso preguiça? Penso que sim. Também durmo quando me apetece, vou as 4 da manhã para a cama e levanto-me ao meio dia...adoro aquele silêncio da noite sem carros.
    Ainda pinto uns quadros, o que não é trabalho e me dá muito gozo.
    Acho que não fazer nada também cansa!!

    Bjinho

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  7. O Fernando Pessoa dizia: "Ai que prazer não cumprir um dever.", tenho a certeza que isso a senhora nunca vai fazer, mas tentar parar entre deveres, fazia-lhe bem a si e aos seus!!
    Aproveito para desejar um Santo Natal para a senhora e a sua família.

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  8. Há muitos anos, ainda não tinha cabelos brancos, e em viagem com os meus três filhos, 7, 12 e15 anos, em plena escadaria de Mommartre diz-me o mais novo : ó mamã, pareces mesmo uma turista profissional! Por graça muitas vezes dizia, no tempo em que trabalhava muito e em que por vezes me sentia exausta, que o que eu queria era ser mesmo isso ser " turista profissional"!
    Agora reformada quase posso dizer que ando perto disso, graças ao que trabalhamos e...poupámos! Isto não é propriamente preguiçar, longe disso mas somos livres para fazer, como se costuma dizer o que nos dá "na real gana"!

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  9. Lembrei-me agora de palavras de Jorge Palma:
    DEIXA-ME RIR...ESSA HISTÓRIA NÃO É MINHA...

    Se os momentos felizes advêm da alegria de fazer coisas, o que interessa preguiçar?

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  10. Mas pela genica que tem...irá fazer uma pausa mas não acredito que fique parada.

    Pensava eu que teria mais tempo para mim, mesmo agora de bolsos quase vazios...qual quê...não páro pois o SOS Avó (10, 8, 4, 2 anos) e à minha mãe (84 anos) é quase dia sim...dia sim. Remuneração monetária? zero, para além do já me foi tirado para pagar uma dívida que não é minha...mas muito bem remunerada em carinho, beijos babados, abraços, sorrisos e brincadeira.
    Há anos que deixei de ir ao cinema, ao teatro, a viajar cá dentro, porque não dá...mas quem sabe se um dia não dará para tudo e muito mais?:)

    Força Dª. Helena e como dizia o meu pai: p'ra frente é que o caminho!

    Beijos

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  11. Na minha opinião, que vale o que vale (a minha intenção é apenas partilhar ideias e experiências), nem workaholic, nem se ' laisser aller'.

    Para mim foi(é) importante a prática da meditação.

    Nos anos 80 quando tomei contacto com a meditação, as pessoas que eu conhecia que a praticavam, eram demasiado drásticas e pseudo rigorosas. Nada menos do que uma posição de lótus perfeita, que eles próprios muito frustrados não conseguiam, claro.

    Depois falavam muito do vazio a atingir, e do ego a reduzir (para eles, a anular, aguerridos). Posições muito teóricas, interpretações precipitadas e rígidas, de leituras, é o que eu hoje penso.

    Eu nem me atrevia a dizer-lhes que gostava de meditar deitada e que não sentia nada daquilo do vazio. E que quanto ao ego simplificava, e achava que queria dizer que nos empobrece sermos muito centrados em nós mesmos e narcísicos. Era assim que eu via as coisas, mas não dizia nada.

    Hoje a meditação é usada de um modo acessível a toda a gente, com benefícios de bem-estar e saúde.
    Não é necessário ser-se budista, nem estar no alto da montanha, pode-se praticar sentado numa cadeira, para quem não consiga estar sentado no chão.
    Meditar deitado, tb pode ser, mas a pessoa pode adormecer, é o que é.

    Métodos de meditação são integrados hoje em sistemas terapêuticos, com grandes resultados a vários níveis, mesmo no que se refere à dor crónica (através do método Mindfulness).

    Meditar, não precisa de muito tempo diário, tem a ver com a respiração e com a capacidade de darmos atenção plena (o que não é fácil, exige treino) ao que no momento estamos a sentir e a pensar, pequenas coisas, aparentemente prosaicas até, e nada transcendentes.

    E a tal questão do ego, que toda a minha vida tenho tentado entender, tem a ver com a lei da impermanência, isto é nada é estático. Não existe um ego imutável.

    Aqueles meus amigos, afinal, queriam atingir logo que começavam, aquilo que só alguns monges budistas altamente experientes e dedicados, ao fim de uma longa caminhada, conseguem.


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  12. Gosto de preguiçar, sentada no sofá, vendo as minhas séries preferidas, com o meu filho bem encostado a mim, enquanto lhe "trituro" as mãos doces e quentes... pena é estes momentos serem pontuais.
    É uma terapia sem igual!
    Cumprimentos,
    Cláudia

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  13. Cara Anónima das 11:37
    Meditar é uma excelente terapia. Comecei nos "retiros", mas cedo me libertei dessa postura orientada, diria mesmo forçada. Hoje, pratico-a com frequência, de modo despojado, mas de certo modo, virada para dentro.
    Na preguiça quero estar virada para fora, à conversa comigo ou com os outros, ou até silenciosa, mas sem qualquer introspecção.

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  14. Vai conseguir sim. Porque sei que é uma pessoa decidida e porque são essas dicotomias de que dão um maior “sabor” à vida.
    Abraços grandes

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  15. Eu também "pratico" meditação.

    Ajuda bastante mas também é tão difícil adotarmos esta postura. Recordo os primeiros tempos, que me foram muito dificeis, quando estava a chegar aquele momennto maravilhoso de paz interior, dava-me uma aflição enorme e tinha de "regressar", com o tempo fui melhorando e agora já não tenho essas aflições e já integra a minha rotina quotidiana.

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  16. Gostei muito da sua resposta. Para mim a meditação não é introspeção, não é psicológica. É entrar em contacto com o corpo e relaxar. É estabelecer uma ligação entre mente e corpo. Não falei nisso como alternativa para quem quer trabalhar menos, porque na meditação há um certo 'trabalho'. Mas eu preciso disso senão tenho tendência para me dispersar. É uma espécie de uma bússola, que me dá bem estar e me permite tb (es)preguiçar. Se sente que precisa de parar, é porque isso neste momento é importante para si.

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  17. Como não a considerava workaholic quando li este post não entendi.
    Mas depois de pensar um pouco acho que cheguei lá: tantos livros, tantas datas, tantas apresentações aqui e ali, tanta pressão durante anos, tudo isso deve ser estafante.
    Tem mais do que direito a despreocupar-se, a virar-se para fora para o mundo, a olhar com tempo para ver, a ouvir com tempo para ouvir, a parar (em tempos li algo intitulado ' o que mexe a parar').
    Isto que lhe estou a dizer é também a mim que o digo.

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  18. Dr.ª Helena,penso que o importante é o equilíbrio.E só temos esse mesmo equílibrio quando estamos em harmonia com a nossa vontade.
    É o viver contrariado que nos causa insatisfação,angústia,ansiedade,etc.
    Por isso trabalhar e preguiçar é fundamental pois apesar de antagónicas,as posições,acabam completando-se quando na medida "qb" satisfazem o nosso desejo.
    Devemos por isso,na medida possível,viver de acordo com a nossa vontade e os nossos desejos,evitando contrariar o que gostamos de fazer.
    Este é o meu lema.
    Cumprimentos

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