domingo, 10 de novembro de 2013

O estado do Estado

Hoje quero abordar uma notícia que ontem ouvi na televisão e me deixou chocada.
Vivo do meu trabalho, nunca pretendi ser rica e nunca invejei aqueles que o são. Mas sempre tive a expectativa de acabar os meus dias com dignidade e sem deixar dívidas a quem quer que fosse.
O que me chocou foi ter sabido que no meio da crise louca que atravessamos existam mais oitenta e cinco multimilionários cuja fortuna conjunta – e são 870 os que detêm este estatuto – cresceu, este ano, cerca de 11%, ou seja 75 mil milhões de euros, que representam perto de metade do nosso PIB anual.
Eu sei que a questão, não pode ser analisada do ponto de vista pessoal, mas sim do ponto de vista político. Mas pergunto como é possível ter acontecido que cerca de 0,01% da população tenha ficado mais rica, enquanto a maioria da população ficou bastante mais pobre?
Os mais ricos ficam mais ricos e os mais pobres ficam mais pobres. E tudo isto acontece, sem qualquer surpresa, sem qualquer investigação, sem afinal, qualquer responsabilidade de ninguém?

HSC

13 comentários:

  1. Quando li a notícia também questionei-me e andei umas décadas para trás. Resultado? Do ponto de vista político o único caso que chegou à condenação foi o caso "Melancia" e se estiver errada emende-me por favor.
    Os tribunais estão inundados de processos que arrancam com grande alarido, buracos de milhões e milhões até ao descalabro actual das contas públicas e às páginas tantas..."uma montanha pariu um rato". Enfim!

    Dª. Helena, POLITICAMENTE falando há muito que a ética, a moral, honestidade e sobretudo a solidariedade foram abafadas pelo "complô ou compadrio político" e os culpados é o povo que gastou demais e como responsável que é, toca de fazerem cortes cegos e quando alguma superfície faz uma "mega promoção de bens alimentares" ainda os condenam?

    O meu descrédito é total, mais uma vez na vida, sobram-me dias... e faço minhas as palavras de Régio (espero que ele não se aborreça:) )

    Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
    Ninguém me peça definições!
    Ninguém me diga: "vem por aqui"!
    A minha vida é um vendaval que se soltou,
    É uma onda que se alevantou,
    É um átomo a mais que se animou...
    Não sei por onde vou,
    Não sei para onde vou
    Sei que não vou por aí!

    Bom domingo!

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  2. Esta notícia fez-me a pergunta: Como se conseguiu o aumento destes milionários? É que, anteriormente, muitos se assumiram graças ao imobiliário, contudo, nestes últimos anos, não me parece que tenha sido por aí. Nos arredores de Lisboa, não digo o local, zona de topo, com vista para o mar, estão presentemente em construção meia dúzia de vivendas, cujo custo andará por milhões de euros, cada uma. Não vejo nos arredores, nenhum prédio de apartamentos para a classe-média, em construção...

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  3. Li essa notícia há uns dois dias e fiquei HORRORIZADA, mas é o país que temos... Completamente lamentável quando há, cada vez, mais pessoas a passarem fome.

    Basta ir à Av, da Liberdade, em Lisboa, para ver a dicotomia entre ricos e muito pobres - os sem-abrigo a aguardar o fecho das lojas para se deitarem. Sem dúvida, uma imagem degradante para os inúmeros turistas que visitam a cidade!

    Isabel BP

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  4. Cara Drª Helena

    Como sabe os períodos de crise são excelentes para que os mais ousados(no bom e no mau sentido) enriqueçam .
    Conhecer e separar uns dos outros no modo como lá chegaram é que seria muito útil .

    RuiMG

    PS - Permito-me um link curioso sobre o panorama geral nesta "próspera" Europa em que vivemos:

    http://www.publico.pt/economia/noticia/os-multimilionarios-portugueses-sao-mais-e-estao-mais-ricos-1611725

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  5. Querida Helena

    Ainda aqui muito "entrouxada" no sofá depois de uma intervenção cirúrgica chata, estive ontem muito atenta à entrevista, porque "um tal" passarinho me soprou ao ouvido que ia lá estar. Mais uma vez linda,inteligente, frontal, desinibida e imparcial( nada de novo para mim, aliás)

    Já agora também gostei da dupla Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, de quem gosto muito. No entanto, acho que não vou oferecer às minhas netas, os seus novos trabalhos...

    Quanto a si,o abraço de sempre e felicidades para o novo livro.

    Dos mais ricos e dos mais pobres parece que só Cristo percebia.
    Também eu, cada dia que passa, "quero ter fé, preciso dela"

    (Nunca ninguém tinha dito tão bem o que eu sinto)

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  6. As minhas lágrimas transformaram~se em raiva e os dentes apertam os lábios para não gritar. Todos os dias luto contra as adversidades, contra o desanimo...
    Como eu a compreendo. Felizmente, vamos tendo a capacidade para denunciar. Até quando?

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  7. Cara Helena,

    Subscrevo o seu post.

    Sem dúvida que dá para pensar...

    No país em que os pobres aumentam de uma forma exponencial todos os dias e em que o declínio da outrora chamada classe média é uma realidade que se está a
    transformar numa pobreza envergonhada.

    Muitos deles pensionistas que vêem sistematicamente as suas parcas pensões serem reduzidas a um limite impensável.Até os poucos que ultrapassaram a barreira dos 90 anos sofrem reduções numa pensão há muito desactualizada e que mal chega para pagar os remédios na farmácia.

    Em Portugal só há deveres e responsabilidade para quem trabalha por conta de outrem.

    Há excepcões,claro, mas são tão poucas.....

    Se não fosse o Banco Alimentar, Cáritas entre outras organizações, pergunto-me o que seria dos Portugueses?
    Sempre com amizade.

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  8. Pois minha amiga, esses senhores que tanto tem podiam repartir parte da sua fortuna por quem nada tem, mas é mais certo quem tem pouco repartir.
    Que mundo louco em que vivemos.

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  9. Noutros paises os ricos pagam 50% ou mais ao Estado e nunca poderão ser tantos a distanciar-se da grande massa empobrecida que ultimamente tem vindo a crescer, segundo dizem.

    Porque, aqui para nós, não vejo que as pessoas mudem de hábitos, os cafés continuam cheios, os estádios, idem, os concertos de música pimba e não pimba, cinemas, idem. Há quem sofra muito, sobretudo fora das cidades e nos subúrbios, mas no geral, muita gente continua a viver razoavelmente, se trabalhar.

    Será que estou completamente enganada?

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  10. Cara Drª Helena, subscrevo na íntegra o seu post. O que acontece de forma reiterada, como sempre, ficará assim.... Sem se saber nada e sem nada ser julgado! Veja quem renasceu das cinzas há bem pouco tempo e está na maior até fazendo-lhe concorrência, na edição de livros!....
    A História é cíclica e cada vez mais gosto de ler o Eça de Queiróz!
    Já não acredito em ninguém, nem na justiça! O nosso país está muito "doente" em vários campos....
    Neste momento, vive-se o dia a dia, pedindo a Deus que não nos falte a saúde, para podermos trabalhar (para aqueles que ainda têm emprego).
    Um Abraço!
    P.S. Ah! E gostei muito de a ver ontem no programa do Herman! Como sempre com muita classe!
    Maria (seg. int.)

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  11. Tinha acabado de chegar do hospital de uma consulta de rotina de oftalmologia,porque sou insulino dependente à 18 anos(tenho 58)e foi-me dito que era a ultima consulta a que eu tinha direito,porque como sou muito cuidadosa, tenho a glicemia controlada e não tenho diabetes nos olhos, devido aos cortes, já nao tenho direito a estas consultas porque o meu lugar ficará ocupado com doentes piores que eu.Cheguei contente por não ter problemas de maior nos olhos mas triste por ficar sem este beneficio que julgava ter direito.Estava a comer a minha pera rocha, que detesto, mas é a fruta que consigo comprar a 30 centimus o kilo e ouço na televisão dizer que Portugal está em 12º lugar dos 30 países europeus de milionários.Mais 10 penso eu, que no ano passado.PASSADA fiquei eu com a notícia.Como? Se cada vez mais cortam em tudo até na consulta de rotina de uma diabetica de 2 em 2 anos,cada vez mais pessoas recorrem a bancos de alimentos, cada vez mais desemprego,mais gente vai para fora procurar trabalho, não seria de saber como estas pessoas conseguem enriquecer?De onde lhes vem o dinheiro se cada vez menos se compra,cada vez mais empresas pedem insolvencias.Há aqui qualquer coisa que me escapa mas que me irrita, que me faz desacreditar em tudo e todos.Não sei mesmo demonstrar a minha indignação, só sei dizer que vergonha de PaÍs.

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  12. Maria Isabel
    São casos como o seu e alguns infelizmente ainda piores que me têm tirado o sono nos últimos meses...

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  13. Eu também sei que há piores,porque eu ainda tenho quem me ajude,mas o meu receio é o que vai ser de mim quando aqueles que repartem do que tem,não do que lhes sobra deixar de conseguir ajudar.
    Pergunto o que fizeram aos impostos que eu paguei durante os anos que trabalhei para agora estar a precisar de ajuda. Mandaram-me um email com 2 fotos aqui no Porto no mesmo lugar uma no ano de 1945 a preto e branco com uma fila enorme para a sopa dos pobres e outra de 2013 a cores uma fila igual para um banco de distribuição de alimentos.Só o nome mudou, a miséria é igual.Fiquei arrepiada e como a doutora diz sem conseguir dormir. Dá que pensar.

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