domingo, 6 de outubro de 2013

Não podia ser pior...

Como sou a única da família a respeitar horas, sempre que entre nós se combina alguma coisa, eu desespero. Os meus irmãos e eu fomos criados de forma britânica e sob o princípio de que "é melhor esperar do que fazer-se esperado".
Tive e tenho pegas homéricas com os meus filhos, que neste campo, saem ao Pai, artista, para quem o tempo é uma coisa que se não conta.  Usei de todos os meios para os tornar pontuais, mas nada consegui.
Neste sábado tínhamos decidido ir jantar e depois ver um bom filme. Há nestas combinações o problema do horário e o da escolha do cinema. Por uma qualquer bizarria cuja razão desconheço, o meu filho Paulo gosta sempre de ir para uns cinemas do arco da velha e eu insisto nas Amoreiras.
A decisão foi pelo filme O Mordomo. Ele queria a Ana Arendt, mas eu não queria ver dramas. Assim, pensei Amoreiras. Ele pensou Alferragide, cinema onde eu nunca pusera os pés e que está instalado num Centro Comercial que tem um ruído de vozes insuportável, como pano de fundo. Claro que chegou tarde - jantar, portanto, foi à vida - e claro que se enganou no local onde deveria ter virado o seu carrinho. Eu, como estava irritada com a escolha, não dizia nada e assistia de palanque. Quando chegámos à bilheteira só havia a primeira fila. Disse peremptoriamente que não e, ele - que percebeu que a culpa fora dele - escolheu, na hora, o que estava mais à mão, ou seja a estreia de Jogo de Risco.
Pior a emenda que o soneto porque eu não gosto nada do canastrão Ben Afleck. Felizmente que a fita tinha o Justin Timberlake, único que se aproveitava.
Entramos assim na matéria. O filme é, do meu ponto de vista, fracote. Mas quem vai ver o Afleck sabe que não assistirá a uma obra prima. A história até tem piada mas, de facto, aquele "piqueno" a interpretar um durão inteligente, ou melhor, espertalhão, não convence ninguém e a mim muito menos.
E aqui se vê como, num serão familiar, se fica sem jantar, sem Mordomo e sem jeito!

HSC

26 comentários:

  1. Nós vimos ontem "O Mordomo", aqui na pacata Estrasburgo. Muito politicamente alinhado (aliás, para o lado que eu gosto, mas não deixa ainda assim de ser um pouco excessivo), mas um drama muito bem feito, grande interpretação, realização perfeita, parecia um dos velhos clássicos do Frank Capra, choro e bons sentimentos... Gostei muito, francamente! Muito, mesmo. Não deixe de ver.

    O "Hannah Arendt" é muito bom, muito inteligente (pensa mais, enquanto "O Mordomo" emociona mais) e não é nada pesado. Vai gostar.

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  2. Se gargalhada pagasse imposto ó Dª. Helena, acabei de entrar na falência e onde é que eu já ouvi e senti esta "realidade":):)

    Para mim o pior foi ter ficado sem o Mordomo que faria o jantar e que daria muito jeito:):)

    Um abraço

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  3. Essa ideia dos horários também me queijo do mesmo, fui crida num regime do antigamente não se chega atrasada a nada ficou-me de memoria o meu primeiro emprego em que o chefe me disse, no dia que cheguei com uns minutos de atraso mil escudos sem um tostão não são mil escudos foi lição até aos dias de hoje, foi difícil foi passar a mensagem aos mais novos.
    Manuela

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  4. A senhora já devia saber, melhor do que ninguém, que o seu filho nunca faz o que promete!

    Carlos Serra

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  5. Doutora Helena

    Tal como a Senhora, sou sempre pontual (coisa que parece que já se não usa, certamente não faz parte da boa educação),por isso imagino o sofrimento que deve ter sido:ficar sem jantar, sem mordomo, sem jeito. Melhor fora ter ficado em casa a comer um pãozinho com queijo e a ver um DVD, e quando o filho chegasse, dizia-lhe como a minha avó: Quem tarde vier, come o que trouxer

    mãe, tem paciência!!!!!!

    Abraços da
    maria isabel

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  6. Caro Carlos Serra
    Muito obrigada pela sua delicadeza!

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  7. Helena este seu post fez-me rir... e muito.
    Já vi este filme ( o que a Helena descreveu ) várias vezes!!! ;)
    ... há que no fim de cada episodio como este, ter muito humor ( e amor, claro! ) ;)

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  8. O Jogo de Risco não vou mesmo ver, e ainda estou embalada pelos blues de Blue Jasmine que fui ver ontem.
    Muito a propósito no filme de Allen a balada «A good man is hard to find» que Bessie Smith cantou nos anos 20.
    Os moradores famosos das mansões milionárias de Park Avenue/Nova Iorque e da região de veraneio de luxo The Hamptons/Long Island, como Madonna, Paris Hilton, Caroline Kennedy e, entre muitos outros, o próprio Alec Baldwin, acham chic morar em mansões de luxo mas usar jeans rotos. Não é o caso de Jasmine uma socialite ultra clássica e formal nos seus modelos de marca, cujo lema de vida é «Se deres boas gorgetas serás bem servido». E a casa de Ginger- é pequena e atafulhada, mas não é uma casa bem boa, não é uma casa de pobre. Será que WA conhece mesmo alguém que more num bairro pobre? Agora vou ler os comentários do post relativo ao filme de W Allen, realizador único e inimitável.

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  9. Admiro a Doutora Helena ter paciência para responder a provocações.Há pessoas que em vez de apanharem o humor da situação que a doutora faz o favor de partilhar para nos divertir,fazem o favor de mandar recados que sabem que não chegam ao destino.Se fosse comigo seria assim e com a doutora também, tenho a certeza.Não me prive destes bocados da vida real tão parecidos com os meus e que muito me diverte

    Com muito respeito mas receba os meus beijinhos
    maria isabel

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  10. Sempre fui pontual, o meu marido nem se fala é do tipo que eu digo " chegar antes de partir"! Como professora durante 36 anos, o rigor imposto pela campaínha tornou-se genético. Acho que o consegui passar aos meus filhos que pelo menos relativamente a nós o são!
    p.s. Vi o "Mordomo" e gostei imenso!

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    1. Depois de ler os comentários, está-me a parecer que eu sou uma sortuda (termo que só conheci quando vim para o Alentejo), no que diz respeito ao hábito da pontualidade dos meus!

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  11. Eu divirto-me sempre imenso com estes seus relatos, Helena. Não há dúvida de que é uma brilhante contadora de histórias. Fartei-me de rir e fiquei a saber que não devo ir ver este filme.
    De resto, apesar de viver muito perto do cinema a que foi, nunca vi lá filme nenhum.
    Também escolho sempre Amoreiras, ou Corte Inglês ;)

    Beijinho
    Isabel Mouzinho

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  12. Partilho o sua preferencia pelas Amoreiras, sempre!... Quanto ao filme, tenho andado bastante afastada, serve-me, por isso, a sua critica como importante referencia. Um dia destes inicio a minha empreitada...
    Um abraço e obrigada

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  13. Já vivi as duas fases - chegar atrasada até mais ou menos aos 25 anos e depois passei a ser de uma pontualidade britância. Fase em que me encontro e de onde não quero sair porque é terrível esperar eternamente por alguém!

    Quanto aos filmes, vi O Mordomo assim que estreou e gostei mesmo muito - interpretação e enredo.

    Hoje, finalmente, fui ver Blue Jasmim... Adorei a interpretação da Cate Blanchett (como sempre é notável!), mas o filme está muito áquem dos últimos filmes do WA rodados na Europa.

    O Jogo de Risco não está nos meus horizontes e deve valer mesmo só pelo Justin Timberlake.

    Isabel BP

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  14. Pois eu vi hoje o filme Hannah Arendt e adorei. Não é nenhum drama, é mais uma biografia e documentário com uma profundidade extraordinária, umas interpretações excelentes e uma maneira de filmar original. O seu filho Paulo tinha muita razão em o querer ver.

    Mas independentemente disso, se fosse a si, Helena, agradecia aos deuses de poder ir ao cinema na sua companhia, pois um político como ele deve ter o tempo contado à milésima ( o meu filho nunca pode ir ao cinema à noite, é video conferencias, é papers para entregar, é telefonemas dos EU) e tempo livre nenhum.

    Ver maus filmes é um desperdício....prefiro não arriscar....

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  15. Mesmo com o atraso,sem jantar e sem ir onde queria, acho que valeu a pena, uma vez que teve o principal: gozar da companhia do seu filho!

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  16. Cara Helena,

    Quando tenho destes desabafos,com alguem da minha idade, vejo que é mais comum do que seria suposto.

    Parece que os filhos não conseguem ser pontuais quando se trata de lazer.

    O seu filho, não sendo médico, pode ter alguma desculpa. Comigo, acabo sempre por ouvir um "relaxe mãe, sem stress" e então disponho-me a gozar o tempo restante.

    Mãe sofre...

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  17. Podiam ter optado por um videoclub e o aluguer do "Fiel Jardineiro" ou à inglesa " Being There " com Peter Sellers ea Shirley Mac Laine, entre outros. Quem sabe o filho Paulo iria ter a oportunidade de perceber como nos meios políticos e financeiros, quando uns falam de "alhos", outros entendem "bugalhos" e daí podem sortir altas estratégias.

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  18. Cara Drª Helena,

    Ri-me imenso, o final do post é fenomenal!

    Bem parece que padeço do mesmo mal passo a minha vida à espera .... nunca chega a horas começou ainda namorávamos e depois de casados continua o horário é um problema .... e eu odeio esperar porque faço de tudo para não chegar atrasada.

    Haja paciência espero que o petit quando crescer não herde esta capacidade do pai.

    Um abraço,

    Isabel

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  19. Cara Helena,

    Não posso comparar a sua situação com a minha, porque a Helena tem família e amigos com quem fazer esses programas e eu tenho uma família muito reduzida que não gosta de cinema (pelo menos não em salas de cinema) e os amigos disponíveis são cada vez menos. Deve ser por isso que, desde tenra idade, vou sozinha ao cinema... E tão pontual que eu sou! Nunca me deixo à espera ;)
    E filme com o Affleck também não escolho. O último devaneio que tive com ele foi o Argo e ainda nem vi 1/3 do filme. Tenho a certeza que é por ele! Raios!

    Beijinho grande e muita paciência ;)

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  20. Cara Drª Helena,
    Ao contrário do Carlos Serra eu acho que o sei filho Paulo cumpre o que promete! Mas, tal como lhe aconteceu, também já passei muitas horas esperando por ele...(Mas valeu sempre a pena!Embora co algumas fitas de má escolha...)
    Luísa Moreira

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  21. Bom dia,

    também costumo ser pontual e não gosto nada de pessoas que fazem questão em chegar sempre depois da hora. Uma coisa é um atraso, um contratempo, outra é um querer intencional chegar atrasado, porque "dizem que os portugueses são assim" e/ou porque fica bem, está na moda!!!
    Eu sou portuguesa, criada por portugueses e não me revejo nessa imagem do chegar depois da hora.
    Cumprimentos,
    Cláudia

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  22. HSC tem muito sentido de humor e uma grande capacidade de síntese. Por exemplo, no comentário que faz a Blue Jasmine, consegue em poucas palavras, dar-nos os traços essenciais.

    Nah! Neste filme Jogo não me apanham. Sempre achei a expressão de Ben Affleck vazia, não transmite nenhum interesse pelo que o rodeia, para não lhe chamar outra coisa.

    O Mordomo, já vi e ouvi a música envolvente e vibrante de Rodrigo Leão, por entre a banda sonora das várias épocas. O filme coloca no centro da ação um personagem aparentemente secundário, um mordomo negro que serve sucessivamente 8 presidentes na casa branca, e não personagens que mudaram a história, como por ex.o seu filho Louis que luta pelos Direitos Civis. Aí reside muito do interesse do filme e na interpretação de Forest Whitaker, que me comove sempre. No entanto a importância da possível influência do mordomo nos presidentes, parece-me exagerada.

    Hannah Arendt é uma filósofa cuja obra gostaria de conhecer melhor. Vou ver o filme. A sua frase 'a banalidade do mal' motiva-me.

    Diana não vou ver.

    Blue Jasmine, que foi muito comentado neste blog, já vi e provoca-nos um riso...sádico. Conservadora e até «imperial» no relacionamento com os outros, encharcada em Xanax e Stoli Martinis, Jasmine desempenha o papel de mulher de um fraudulento investidor, inspirado no escândalo Madoff.

    Like Someone in Love do iraniano Abbas Kiarostami, o autor de Através das Oliveiras, um filme de que gostei muito.
    O filme passa-se no Japão, em Tokyo e arredores e é falado em japonês.
    Embora filme um dia a dia e personagens aparentemente simples, é um filme enigmático.





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  23. Delícia de texto! Não pelo que aconteceu mas porque é o que eu sinto praticamente todos os dias. Neste país quem é pontual perde muuuuito tempo. Eu não cresci à britânica. Cresci à alemã e, portanto, vivo no desespero permanente da adágio sapiente do "quem espera, ..."

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  24. “Creio na pontualidade , embora por vezes ela me torne solitário”

    Edward V. Lucas , humorista inglês

    RuiMG

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  25. Ahahah como eu a compreendo! Ficar no mesmo serão sem jantar e sem "mordomo" é algo para deixar qualquer mulher à beira de um ataque de nervos!
    Bem Haja Drª Helena

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