"O final da tarde de ontem, é
à Helena Sacadura Cabral que tenho que o agradecer. Porque foi
o que ela escrevera há dias no seu
blogue que me fez ir até à Universidade Católica. Para assistir
ao lançamento de um livro que reúne cinco textos de Cicely Saunders,
a pioneira do movimento moderno dos cuidados paliativos. Com duas aliciantes: a
apresentação deIsabel Galriça Neto, que admiro muito e cujo filho, Francisco,
traduz a obra (Watch with me no original) e do Padre
Tolentino de Mendonça. Razões mais do que suficientes para valerem a
deslocação.
Mas não só. Tal como dizia
a Helena no seu post, esta é uma causa da maior
importância, que nos implica a todos. Ainda bem que fui. Porque fiquei a saber
mais sobre este assunto e, sobretudo, porque me emocionei com o discurso de
ambos, feito com simplicidade, rigor e sentimento.
Mais do que a apresentação de um
livro, aquela hora em que estivemos juntos foi uma partilha e uma reflexão
conjunta sobre a vida e a morte, sobre a vulnerabilidade do fim de um caminho,
visto não como uma derrota, mas como a possibilidade e o direito de viver tão
intensamente quanto possível até ao fim, celebrando a vida. Dizia o Padre Tolentino
de Mendonça "Sabemos tantas coisas úteis e inúteis. E ninguém nos
ensina a morrer". É que a morte é, na sociedade moderna, um tabu, uma
ideia que tentamos afastar de nós, como se ao não pensar nisso evitássemos que
acontecesse. E depois, o magnífico e comovente testemunho dos momentos finais
de vida do seu pai, de quando lhe pegava na mão e, em passinhos muito
pequeninos, o levava até a uma janela do hospital, de onde se via o mundo.
Naquele altura, dizia, "ele era simultaneamente meu pai e meu filho, mas a
sua mão era, e ainda é, maior que a minha".
Foi mais ou menos com estas
palavras que o Padre Tolentino terminou, de uma forma que me
tocou muito especialmente, talvez porque, todos os Domingos, quando estou com a
minha mãe, é também um pouco isso que sinto; quando lhe pego na mão e esse
contacto silencioso com a mão que me ensinou a vida diz tanto do que não chega
às palavras; e é uma forma de a amparar e de enfrentar a morte. E de a encarar
com a maior naturalidade de que sou (somos) capaz(es). Ontem, tomei consciência
do que de certo modo já sentia no coração: que aceitar a morte, por mais
difícil que seja, é também aprender muito acerca da vida."
Permito-me reproduzir este post de uma comentadora que me visita muito - isabelmouzinho.blogspot.pt -, porque tive a oportunidade de a conhecer e porque a tarde de ontem foi uma lavagem da alma.
Nunca serei rica - nem quereria - mas sou milionária nos afectos que possuo. Disso não tenho qualquer dúvida!
HSC
Permito-me reproduzir este post de uma comentadora que me visita muito - isabelmouzinho.blogspot.pt -, porque tive a oportunidade de a conhecer e porque a tarde de ontem foi uma lavagem da alma.
Nunca serei rica - nem quereria - mas sou milionária nos afectos que possuo. Disso não tenho qualquer dúvida!
HSC
ResponderEliminarTenho tanto tanto para aprender,mas ainda não tenho coragem.
Não sei dizer mais nada
Beijos e parabens
E não vão apresentar aqui no Porto?
ResponderEliminarÀ grande Helena!
ResponderEliminarBonito texto, este da Isabel, e, especialmente sensível... No entanto, aceitar a morte também exige um caminho a percorrer que por vezes se torna um bocadinho longo....Mas, tenho a certeza que, lá no final, acabamos por conseguir celebrar a vida com muito mais intensidade. Digo eu!..
ResponderEliminarUm abraço para si e outro para a Isabel
A reflexão sobre o fim da vida tem sido alvo de trabalho académicos ao longo dos últimos anos. Podemos citar como exemplo o livro do Professor Doutor José Barros de Oliveira (FPCE-UP) que é um dos marcos de um conjunto de estudos em Portugal sobre o tema (Viver a morte - Abordagem antropológica e psicológica. Coimbra: Almedina (1998).
ResponderEliminarA REVISTA E-PSI terá em breve novidades nesta área.
Esta revista científica foi criada em Maio de 2011 por dois jovens psicólogos. É um periódico eletrónico de Acesso Livre e gratuito que publica artigos científicos nas áreas da Psicologia, Educação e Saúde.
Aproveitamos para convidar todos os interessados em nos visitar.
Agradecemos a partilha e aproveitamos para dar os parabéns pelo blog que abre um espaço para reflexão e debates muito interessantes.
Saudações cordiais,
Ainda não nasceram as palavras para dizer o que sinto após a leitura deste post.
ResponderEliminarLuísa Moreira
Minha querida Helena:
ResponderEliminarDe facto, só quem como nós esteve na Universidade Católica naquele fim de tarde consegue entender e sentir a profundidade e a beleza do que ali se passou. E encher a alma de luz e ficar mais desperta para estas coisas, que são afinal tão importantes.
Concordo em absoluto com o seu último parágrafo. também eu sou muito mais rica de afectos do que de dinheiro. E prefiro assim. Nunca fui a Nova Iorque, mas tenho conhecido pessoas extraordinárias e guardo no coração muitos encontros e abraços, que me fazem feliz. O nosso, por exemplo. É que a Helena pertence, definitivamente, ao grupo de pessoas a quem quero bem. Obrigada por tudo.
Um beijinho muito grande
Isabel Mouzinho
Lindo texto. Muito obrigada pela partilha.
ResponderEliminarBjinho
Se escrevesse este comentário no pretérito aborda-la-ia como Sra. Dra, Sra D. Helena, ou Exmª Senhora,mas de uma enfiada, após uma passagem de 15 dias em Lisboa, e comprar e ler seis das suas obras e sorve-las, posso dizer-lhe sem qualquer pudor....Helena, muito muito obrigada, por existir, por escrever. É hoje sem duvida das pessoas em quem mais confio/leio.Obrigada porque com a sua ajuda "entreguei" o meu pai a Deus.Roguei as mesmas "pragas" ao grande amor da minha vida e continuo a rir e a chorar sem qualquer preconceito das calças rasgadas do meu filho e da intelectualidade da minha . Estou desempregada, mas vou estar consigo, se assim Deus o permitir, na próxima feira do livro. Quero vê-la. Olhar esses olhos de mar e então perceber de onde lhe vem a "garra". Exista... exista muito, porque precisamos de si.
ResponderEliminarMG
Revista E-PSI
ResponderEliminarMuito obrigada pelas informações que de certo irão interessar a maioria de nós.
MG
ResponderEliminarPor Helena é que deve mesmo tratar-me. Os títulos são como os brasões. Só interessam a quem lhes liga importância...
A sua lucidez em ter colocado este post deixa-me muito pequenino.
ResponderEliminarMelhores cumprimentos.
Bem Haja por divulgar o tema extensivo a qualquer um de nós.
ResponderEliminarMais um livro que não perderei de certeza.
Boa tarde a todos vós,
ResponderEliminarVimos anunciar que que o Volume Temático "Temas em Psicologia do Envelhecimento (Vol.I)" já está online para download gratuito na Revista E-Psi.
Ver mais em: http://epsi-revista.webnode.pt/
Muito obrigado a todos pelo apoio neste projeto de voluntários.
Saudações cordiais,
Revista E-Psi
Pedro e Catarina