Confesso, agora que as semi-férias terminaram, que me dei conta de que algo preocupante se está a passar na sociedade portuguesa. Pode ter razões na crise, mas parece-me que vai muito para além dela. Apercebi-me que todos se sentem no direito de emitir públicos juízos de carácter sobre quem quer que seja, mesmo que só conheçam uma parte muito reduzida das pessoas que avaliam.
Há gente que me é indiferente, há gente de quem não gosto, há gente que representa modelos que não aprecio. Mas não há gente que eu odeie, porque considero que o ódio é o sentimento mais devastador que existe.
As sociedades têm meios próprios de regulação. Mas se passarmos a utiliza-los de maneira sistemática, estamos a caminhar para o fim da democracia e a dar razão àqueles que pretendem acabar com ela. O que dá mais força ao adversário é fazer dele uma vítima.
Confesso que a sociedade que mais temo é a justicialista. Aquela em que não só os juízes comandam a nossa vida, mas aquela em que todos nós somos juízes uns dos outros. Ou seja é a ditadura de uma classe que se considera iluminada e que, a seu tempo, prepara a ditadura do líder dessa mesma classe.
Confio no nosso bom senso, talvez porque, com a idade que tenho, já vi coisas demasiadas. Mas sei que o ódio e o rancor nunca resolveram os problemas de ninguém. Nem sequer os daqueles que deles se servem...
HSC
Eu também não odeio ninguém... mas há pessoas (inclusivamente familiares) que me são totalmente indiferentes. Já me magoaram demasiado para que lhes dê importância alguma.
ResponderEliminarPreocupam-se demasiado com a minha vida e com os sucessos que, a pulso, vou conquistando: no fundo tenho pena deles... não são felizes porque não vivem a própria vida, desperdiçam-na a olhar para a minha.
Não se esforçam e querem atingir os mesmos patamares que eu.
Durante muitos anos foram arrogantes para as pessoas que os rodeavam, agora queixam-se que ninguém lhes liga.
Enfim: são pobres de espírito! Deles não quero nada a não ser distância.
Um beijinho,
Vânia
Concordo que a distância ( ou ignorar )certas pessoas é o melhor.
ResponderEliminarTodavia, um dos problemas que verifico diariamente reside nalgumas decisões de juízes, para mim, absolutamente incompreensíveis.
Melhores cumprimentos.
Eu tenho uma teoria: todos os maus, os que odeiam, os rancorosos SÃO PESSOAS INFELIZES e esse é o seu castigo! Porém nem todos os infelizes são maus... e dos primeiros não há que ter pena!
ResponderEliminarTem toda a razão, mas a demagogia barata de um euro deputado responde-se com outras demagogias...
ResponderEliminarTem razão, Helena. Fico parva com a agressividade que, de vez em quando, algumas pessoas revelam. Parecem pessoas sensatas e, depois, a propósito de uma coisa qualquer, parece que um vento mau percorre a sociedade e que aparece uma uma violência que estava latente.
ResponderEliminarA propósito da morte do António Borges, o ódio que veio à superfície é até estranho. Eu nunca concordei com ele e nem é agora que vou louvar as suas ideias mas daí até ao que vi escrito vai um mundo de diferença.
Parece que as pessoas não conseguem ser objectivas, racionais, parece que não conseguem distinguir as águas.
Enfim.
Mas isto não é saudável, nem para os próprios nem para a sociedade pois muito do que se vê nestas alturas não faz qualquer sentido nem leva a lado nenhum.
Um abraço Helena (e já li lá no meu canto o seu comentário sobre o euromilhões em forma de casal; mais: um autêntico jackpot aquela dupla...!)
Estimada Helena,
ResponderEliminarDiz-nos no seu Post:
“todos se sentem no direito de emitir públicos juízos de carácter sobre quem quer que seja, mesmo que só conheçam uma parte muito reduzida das pessoas que avaliam” -No caso de um político, aquilo que interessa é aquio que ele defende. Se vai de encontro aos interesses da maioria da população, sobretudo da mais desfavorecida. Daí que seja absolutamente legítimo juízos de valor (políticos, naturalmente) sobre esse tipo de pessoas. A mim é-me totalmente indiferente se Fulano ou Sicrano são boas pessoas na sua vida privada. O que me importa, enquanto cidadão, contribuinte, eleitor, empresário ou trabalhador, funcionário, é de que forma as nossas vidas – privadas e profissionais - vão ser (ou não) negativamente afectadas.
Diz-nos depois, “Confesso que a sociedade que mais temo é a justicialista...Ou seja é a ditadura de uma classe que se considera iluminada e que, a seu tempo, prepara a ditadura do líder dessa mesma classe”- Não podia estar mais de acordo! Na verdade, é o que se assiste actualmente. Uma classe que se julga iluminada, que está no Poder, coadjuvada por uma parte dela fora desse Poder, mas encostada a ele (Banca, falida, mas a viver das “transfusões” que os contribuintes lhe fazem via governo/troika, alguns grandes empresários, PPPs, alguns caros consultores, escritórios de advogados, consultores económicos com elevados salários a salvo de impostos, enfim, a lista é infindável!). Vivemos hoje uma espécie de vingança de certa classe social, a tirar partido de uma situação política favorável, com vista a impôr, paulatinamente (embora, por vezes, de forma desajeitada) a sua vontade e a proteger os seus interesses – a todo o custo e para sempre.
Termina dizendo, “Mas sei que o ódio e o rancor nunca resolveram os problemas de ninguém. Nem sequer os daqueles que deles se servem...” – esperemos que assim seja. Este ódio de classe (favorecida, politica e economicamente) a quem está do outro lado, como os funcionários do Estado (neste caso chega a ser patológico), aos pensionistas, reformados, até mesmo muitos empresários, comerciantes, classes profissionais diversas (professores, sobretudo, mas outras também).
Cara Helena, só espero que este seu Post tenha ecos junto dessa classe “iluminada” e que ajude a contribuir para prevenir a tal “ditadura do lider da mesma classe”. Que nos está, aos poucos, a reduzir ao estatuto de servos da gleba. Para melhor reinarem.
P.Rufino
É assustador, não é?
ResponderEliminarE esses juízes, que tão democratas se dizem, decidem que há um só caminho e uma só maneira de olhar o mundo e ai de quem não pensar e disser como eles pensam e dizem.
Na minha vida encontro cada vez mais gente pronta a julgar tudo e todos, não sei de onde vieram, mas tenho medo do sítio para onde me querem levar.
Sempre um prazer passar por aqui, cara Helena. Obrigada
Meu caro Rufino
ResponderEliminarE no caso de um juiz o que é que o meu amigo considera legítimo? Gostava de saber, porque podemos vir a ficar nas mãos deles.
É que a sociedade não se resume aos políticos. E os juízos de caracter também não.
Os escritórios de advogados e o seu poder actual, não vêem deste governo - de que claramente não gosto -, como sabe. Pululam desde o 25 de Abril que promoveu os jovens licenciados da esquerda universitária. Nem preciso de lhe dar nomes, porque o meu amigo sabe quem são. Porque é que isso aconteceu, é que eu gostava de saber...
Os meus ecos serão nulos porque a classe política não me lê. E ainda bem, porque não é para eles que escrevo.
Os que nos governam agora, hão-de sair pela força do voto. Espero que nas novas eleições, o seu voto seja útil, porque o meu, nenhum deles- estes ou outros -, volta a apanhar!
Estimada Helena,
ResponderEliminarJá me reformei de votos! Esquerda (que significa isso hoje?) ou Direita. Quanto aos Magistrados (pois não são só os juizes, mas também os Procuradores) de facto, têm um poder que, por vezes, nos preocupa. Ás vezes como uma espécie de "consiência social...sem mandato para tal".
Estranha Sociedade esta, que vivemos!
P.Rufino
Consciência, faltou o C.
ResponderEliminarP.Rufino
Mesmo "depenada" pelos abutres do poder...não tenho ódio de ninguém, mas se lhes pudesse dizer algo bem que o fazia, porque todos eles esquecem-se que também fazem parte do povo.
ResponderEliminarEu sou uma mera desconhecida, para eles um mero número, mas eles se estão lá a ganharem à nossa custa é natural que faça/façamos uma análise construtiva e ou destrutiva, que deixam marcas ou são marcados, mas..."quem anda à chuva molha-se e ou quem não quer ser lobo que não vista a pele".
Sinceramente estou farta de "politiqueiros"!
Agustina é fascinante mas o que escreve é literariamente sublime mas muitas vezes não é verdade - não é a verdade!- e muito menos científico.
ResponderEliminarDizer que nunca se sentiu ódio mas apenas indiferença é um mero jogo de palavras.
O que é a indiferença senão um refinamento domesticado do ódio, muito mais letal.
A.Borges é-me odioso, não nego.
Admitir que sentimos o nosso ódio cá dentro, é a única forma de o podermos desativar, de não o praticar.
A morte de Borges não me toca, não me comove. A morte dos bombeiros, sim.
DT
Ao contrário, as diferenças entre esquerda e direita têm hoje mais significado.
ResponderEliminarMuitas pessoas colocam a negatividade toda nos outros. Eles são maus eu sou boa. Ah não eu não sinto ódio, oh que coisa feia!
ResponderEliminarMas só tomando consciência dos sentimentos negativos que nos habitam a todos (assim como os positivos)os podemos neutralizar.
De outro modo o ódio primordial ou irrompe irracional, ou fica congelado e entope-nos.
Caros comentadores
ResponderEliminarApesar de, ou por causa de, a inutilidade do ódio, ele está subjacente na frase -"... A. Borges é-me odioso, não nego..." - a um homem acabado de morrer de forma trágica.
Repito que não o conheci. Nem concordei, como economista com muitas das suas medidas.
Mas odiar quem dá conselhos e não exerce o poder, não será dar-lhe importância demasiada e esquecer os verdadeiros responsáveis daquilo que nos está a acontecer e que já vem de trás, de um outro esperto que, em democracia, o país livremente elegeu?
Dá que pensar!
Caro/a DT
ResponderEliminarAqui temos um pomo de discórdia. Agustina, minha mestra de vida, ensinou-me mais sobre a realidade, do que 5 anos de Universidade.
O que é verdade? E o que é "a" verdade? Uma variável!
de facto estamos a cair nisso, na superficialidade, no juizo apressado sem estudar os fundamentos, na opinião acesa, mas quase todos estamos, começa no governo (os politicos podres nas palavras do ministro dos estrangeiros), os empresarios ignorantes do borges, seguro e outros a opinar mal ouve a noticia sem primeiro reflectir, etc. tudo é feito portanto em cima do joelho, expresso imediatamente, à pressa, acreditamos no que mais nos convem, etc etc
ResponderEliminarP Rufino, é pena que se tenha reformado de votos!
ResponderEliminarVejo-lhe inteligência, sabedoria e astúcia para saber escolher!
Parecia-me bem que voltasse à vida activa....
m cumprimentos,
ResponderEliminarFico admirada com a paciência que a doutora tem para responder a alguns comentadores. Eu não tinha.
Só mesmo quem sabe muito da vida é que o faz sem perder a calma.
Beijinhos
maria isabel
P. Rufino, vote, por favor :-)
ResponderEliminarCara Helena,
ResponderEliminar“Um homem acabado de morrer de forma trágica”, não, ele não morreu de forma trágica, mas de uma doença incurável, como muitos outros (perdi, este ano, 3, dois grandes amigos e um familiar, pelas mesmas razões, não trágicas, mas do foro da saúde). De forma trágica morreram os bombeiros a tentar salvar vidas, florestas, casas, etc. A dar, com vida e saúde, o seu melhor a uma causa – proteger pessoas e bens das chamas – e depois perecer no meio dessa luta, tragicamente. Borges não merece sequer ser equiparado aqueles jovens bombeiros falecidos (uma delas que cheguei a conhecer, como outro dia referi, a dar o seu melhor a bem dos outros, contrariamente a Borges, que deu o seu melhor, mas em prol de uma minoria de priviligiados da Finança e do Poder que nos desgraça).
“Os verdadeiros responsáveis vêm detrás” – estou de acordo. Um deles está hoje sentado em Belém, outro em Bruxelas, etc. Quanto ao “outro” (Sócrates), que aqui se subentende (tendo sido mau), é uma criança de berço ao lado destes figurões que hoje nos desgovernam: gente ligada a Agências de Notação (ou de “Rating”, como o Moedas), empregados do FMI, gente que aufere salarios excepcionais livre de impostos, enquanto a malta os paga com língua de palmo (como foi o caso de Borges, de Moreira Rato, etc), gente com ligações aos grandes escritórios de advogados, ás consultoras economico-financeiras, aos Bancos privados em aflições, gente que vende a pataco os nossos “anéis” (EDP, em breve os Correios, as Águas, etc) que dão lucro e que, por essa via, amanhã o interesse dos accionistas sobrepôr-se-á ao interesse público, etc. Esta gente hoje, com o apoio de Belém, é desapiedada, mentirosa, manipuladora e de uma agressividade anti-social que choca o mais empedernido!
Vejo, por outro lado, uma Oposição fraquinha e tenho pena. Precisávamos de gente mais aguerrida, que, com sentido de responsabilidade e – uma forte solidariedade social – apoiasse quem deve ser apoiado. Entre pessoas singulares e colectivas. Mas enfim, é o que temos!
P.Rufino
Caros comentadores
ResponderEliminarOs comentários sobre António Borges, por aqui estão terminados.
Existem outros blogues onde os mesmos serão bem vindos.
Agradeço Drª Helena o seu comentário, mas o que quis dizer foi justamente que a verdade ou as verdades ninguém as tem debaixo do braço, nem mesmo Agustina que muito admiro, como escritora, como mulher, como referência.
ResponderEliminarTb eu aprendi com os livros, com as artes, com os outros, tb na universidade, tb consigo. Aprende-se onde se aprende, não tem tempo nem lugar.
DT
http://www.youtube.com/watch?v=mbpbLk0-VcQ
ResponderEliminarHoje este video para quem se arvóra em dono da verdade,num mundo de pecadores se acham santos.
Se carregarem em hope está lá este video,vejam,meditem e quando tiverem vontade de como diz a Drª" Aquela em que não só os juízes comandam a nossa vida, mas aquela em que todos nós somos juízes uns dos outros."por favor fiquem calados...
Cumprimentos
fátima Duarte