sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Os amigos

Gosto muito da minha família, porque nunca me faltou. Mas a minha mãe sempre me aconselhou a não descurar as amizades. Porque, dizia ela, os filhos seguem a sua vida, os empregos acabam, os companheiros desaparecem, o tempo passa e quando se é mais velho são os amigos que ficam, e é com eles que passamos os momentos mais agradáveis.
Ria-me muito deste conselho vindo de uma mulher extremamente independente e que dava ao seu clã grande importância. Mas que, de facto, viveu sempre muito rodeada de amigos, em particular aqueles que sentia mais solitários. Foi também com eles, que dividiu os longos anos da doença que a mataria
Há dias, arrumando papéis, encontrei uma carta dela sobre o assunto. E compreendi muito bem ao que ela se referia, eu que tenho muito bons amigos, aos quais devo uma parte importante da força com que tenho aguentado os embates da vida. Com efeito, vale mesmo a pena cultivar as amizades. E, quando possível, faze-lo desde muito cedo.
Ontem almocei, junto ao mar, com uma amiga de infância que conheço desde o primeiro ano do Liceu D. Filipa de Lencastre. Vi crescer os seus filhos e ela viu crescer os meus. Com pouca diferença de tempo perdemos ambas o filho mais velho. O repasto foi um conforto para o estômago e para a alma, num dos restaurantes de que mais gosto e onde me sinto quase em casa.
Quando retornava a casa revi seis décadas de estima, de riso e de lágrimas. E senti-me extremamente gratificada por ainda poder contar com amizades assim. A minha mãe, como sempre, só me deu bons conselhos!

HSC

17 comentários:

  1. Tão bonito este post. :)

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  2. Percebo-a tão bem, Helena! Também para mim, os amigos são talvez o mais precioso dos meus bens, a minha força de todas as horas e porto de abrigo para para os momentos bons e maus.
    E depois este seu post toca-me de uma maneira especial, por outro motivo: por causa da fotografia. Este era, de longe, o restaurante preferido da minha mãe onde almoçávamos sempre no dia de anos dela e no dia da mãe. Por cuasa da proximidade do rio que tanto a fascinava e que eu herdei. Grandes conversas de mãe e filha (no singular ou no plural, quando a minha irmã se nos juntava) e muitos silêncios cúmplices vivemos à volta dessas mesas... Hoje a minha mã tem 88 anos e já não consegue deslocar-se até aí. Por isso os nossos almoços são agora em casa dela, todos os Domingos. Mas esse resaturante traz-me sempre muitas memórias boas. E ainda no dia dos meus anos, em Março, almocei lá ;)

    peço desculpa de me ter posto para aqui a falar de mim desta maneira, mas na verdade o post "mexeu2 comigo!

    Beijinho, Helena!
    isabel Mouzinho

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  3. Cara Helena,
    Durante a juventude a energia e a afirmação pessoal e a falta de experiência leva a pensar que controlamos a vida e que quase tudo é possível. Mas algumas décadas depois, recordamos o que os/as nossos bisavós avós e pais aconselhavam. Chegar à conclusão que eles tinham razão é estarmos a vivenciar os mesmos constrangimentos e alegrias correspondente à respectiva idade.Na vida,a família e as verdadeiras amizades é a maior felicidade que a idade dourada pode almejar. Sempre com amizade.

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  4. As Mães têm sempre razão..

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  5. Sim concordo, de certa forma os amigos são aquela "familia" que temos a liberdade de escolher e que podem permanecer na nossa vida para sempre desde que a amizade seja verdadeira.

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  6. As mães têm quase sempre razão (quase sempre porque sou uma mãe , que às vezes,não a tem:-)

    E também sinto saudades das amigas e colegas desse mesmo Liceu (o belíssimo texto a provocar reacções em cadeia: saber das amigas que não vejo há tempos :-)

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  7. É difícil conservar amizades quando se sai do local onde se viveu a infancia , a juventude e ainda dois anos já casada. 300 kms são 300 kms e as pessoas esquecem-se de telefonar a saber dos outros. Criei novos amigos no Porto e em todo o lado por onde passei, sei que posso contar com algumas pessoas, mas não dou prioridade aos amigos sobre os filhos e netos. Para já eles são mesmo o meu foco de interesse e amor.
    Não socializo com facilidade e detesto ir a eventos ou viagens só para não estar só. É uma coisa que nunca faria....

    O Facebook é um local onde temos muitos amigos e sei que alguns deles o são mesmo, mas a família alargada tb é muito importante e há um elo que nunca se perde, mesmo quando saltitamos de terra em terra.

    Envelhecer é estar só....

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  8. Sem dúvida, os amigos são os melhores que temos e tenho percebido ultimamente que os melhores são os que nos encorajam a caminhar em frente, ainda que isso (de certa forma nos afaste).
    Com todas estas mudanças: num mês tive três propostas de trabalho (e mais uns "vamos ver") alguns dos que se diziam amigos, me desincentivavam do trabalho por ser por turnos e ter fins-de-semana ocupados. Os verdadeiros encorajam-me a agarrar estas oportunidades, reiterando que vão "estar sempre presentes e disponíveis".

    Finalmente encontrei o rumo: encontrei trabalho e descobri os verdadeiros amigos.

    Um beijinho,
    Vânia Baptista

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  9. Sabe uma coisa Helena, eu acredito que os valores estão a voltar, que a verdadeira amizade, altruísta e sincera, está a regressar, mesmo que seja devagarinho, às relações entre os indivíduos. E, como tenho o privilégio de preencher uma parte da minha vida a leccionar, reconheço que esta transformação está, de ano para ano, cada vez mais acentuada.
    Admiráveis, foram as mães que desfrutámos...
    Beijinho

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  10. Amizades assim, lembram-me o meu post "A OUTRA IRMÃ"... que bom, que bom e que tempero para a alma, tem razão sim senhor!!!!
    http://agridoceedoce.blogspot.pt/2013/06/outra-irma-o-meu-irmao-mais-novo-quando.html
    Beijo, Helena!!!!

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  11. Mas então os filhos não são sempre filhos e estão presentes mesmo quando vão à sua vida? Eles vão à sua vida, é certo, mas os amigos também têm a sua vida. Agora se a comparação for com o companheiro ou companheira, aí sim...esses muitas vezes vão à sua vida ...

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  12. Penso que o Anónimo das 17:31 está a "falar" a sério.

    Hoje sou Mãe... mas recordo tantas vezes as palavras dos meus Pais e também do meu Avô querido cuja sensibilidade me causa lágrimas, ainda hoje.

    Se a família é importante, os Amigos (e cada vez mais os de longa data) merecem um lugar destacado na nossa vida e no nosso coração. E cada vez mais sinto isso...

    E nas palavras de Mário Quintana "A amizade é um amor que nunca morre."

    Um abraço

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  13. Cara Virgínia
    Não creio que envelhecer seja estar só. É, talvez, por ter bons amigos que penso assim.
    Quando disse que os filhos seguem a sua vida é porque constituem uma nova família de que somos apenas uma parte. E. se há algo de que sempre fugi foi de constituir qualquer peso para os meus. Netos com 20 anos gostam de estar com a avó e estão, mas não fazem companhia. Têm amigos e vida própria. Os filhos também. E ainda bem.
    Mas os amigos, variados, têm sempre um espaço para rir, chorar, almoçar, jantar, ir ao cinema, viajar.
    E, para os amigos distantes, que também tenho, há o Skype, o telemóvel e o telefone que ajudam a mitigar a saudade!

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  14. Doutora Helena
    E quando a vida não dá possibilidade de fazer amigos? quando os filhos vão e muito bem à sua vida e ficamos sós aos 58 anos? Com dificuldades porque não há trabalho? O que fazer? chorar de vez em quando e rir de mim própria. Pelo menos não me levem o sentido de humor nem me obriguem a pagar imposto.
    Beijinhos
    maria isabel

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  15. Ó Maria Isabel. apesar de tudo tem saúde e humor. É meio caminho andado.
    Diga-me lá porque é que aos 58 anos, uma idade tão boa, tendo ficado só, não tem amigos?!
    E o que faz para os conquistar? E para até descobrir alguém para partilhar a sua vida? É sempre tempo, garanto-lhe. Mas é preciso ir à luta...

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  16. Doutora Helena

    Quem me dera a sua força. Devo ser muito desinteressante. Os valores que eu tenho são pouco valorizados e já lutei muito. Tudo cansa e esgota. mas sinto falta de amigos. não tenho vocação para dona de casa nem reformada para estar todo o dia a ver a miséria dos nossos programas de TV.Só a doutora e o senhor Zambujal(o bom malandro) me faz olhar para a tv.
    Mesmo assim só pela troca destas palavras me faz ter um dia melhor
    Beijinhos
    maria isabel

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  17. Grande e sábia lição. Os filhos vão, mesmo, por muito que nos enganemos e iludamos, à vida deles(e ainda bem). E, depois, é com os amigos e sobretudo se forem de longa data que falamos de tudo, mesmo tudo, recordamos as parvoíces de infância ou adolescência, descobrimos cada vez mais coisas que nos unem, são eles que nos vislumbram no olhar uma tristeza ou uma alegria nova, uma paixão, uma exaltação; o que escapa aos da família, aos amigos não escapa, enfim, é bom ter amigos, sim. E olhe o seu post leva-nos a procurar manter contactos distantes ou em vias de extinção.
    Beijinho,
    Luísa

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