O meu Pai foi-o tardiamente. Tendo o dobro da idade da minha Mãe quando casou - dezassete ela e trinta e quatro ele - quando eu nasci, o matrimónio contava já sete anos e um filho, o meu irmão mais velho.
Assim, fui educada com o rigor do jurista para quem as mulheres tinham tarefas bem definidas - na sociedade de então -, entre uma certa forma de cultura geral, o casamento e a maternidade. Este trio era, para ele, a base em que assentava a formação de uma jovem educada. Mas eu tinha outras ambições. A que, pese os sacrifícios, acabei por dar feliz cumprimento.
Hoje, ao visitar o blogue Tintim no Tibet, uma frase de Eugénio de Andrade que lá vem citada, remeteu a minha memória para o meu progenitor. Com efeito, sempre que as minhas asas se abriam para dar corpo aos meus sonhos, ele, cauteloso, dizia "a honra de uma mulher é como um cristal. Quando se lhe toca ou fica manchada ou se parte. Nunca te esqueças". Não esqueci, de facto. Mas não cerceei a minha capacidade de sonhar nem a vontade de escrever o meu destino.
O poeta citado diz, apenas, que "as palavras são como um cristal". Ambos, afinal, tinham alguma razão. Mas os tempos e as vontades deram às suas frases uma outra dimensão. Hoje a honra anda pelas ruas da amargura e as palavras não lhes ficam atrás!
HSC
Hoje, ao visitar o blogue Tintim no Tibet, uma frase de Eugénio de Andrade que lá vem citada, remeteu a minha memória para o meu progenitor. Com efeito, sempre que as minhas asas se abriam para dar corpo aos meus sonhos, ele, cauteloso, dizia "a honra de uma mulher é como um cristal. Quando se lhe toca ou fica manchada ou se parte. Nunca te esqueças". Não esqueci, de facto. Mas não cerceei a minha capacidade de sonhar nem a vontade de escrever o meu destino.
O poeta citado diz, apenas, que "as palavras são como um cristal". Ambos, afinal, tinham alguma razão. Mas os tempos e as vontades deram às suas frases uma outra dimensão. Hoje a honra anda pelas ruas da amargura e as palavras não lhes ficam atrás!
HSC
Os tempos mudaram, é certo. Hoje tudo é diferente! Contudo, "cautela e caldos de galinha", nunca fizeram mal a ninguém, e mesmo nestes tempos, continua a fazer sentido...
ResponderEliminarPoucas são as pessoas que conseguem conversas com conteúdo.
ResponderEliminarEssa do cristal, hoje em dia...
Melhores cumprimentos.
É verdade que hoje a honra e as palavras andam, por vezes, pelas ruas da amargura. Vivemos tempos conturbados, em que a irritabilidade permanente resulta na constante utilização de palavras proferidas com o propósito de ferirem, ofenderem e difamarem o “outro”... Caluniosas, injuriosas e difamatórias, são proferidas com o intuito de ofender a honra do atingido, convertendo-se, elas próprias, num símbolo de catarse social. A geração da Helena, que é também a dos meus pais, dava mais valor a estes juízos.
ResponderEliminarUm beijinho para si
Concordo
ResponderEliminarO meu pai também era assim
Um dia, já adulta e mãe, disse-lhe que me tinha estragado a mocidade ao que ele respondeu "Foi por gostar menos de ti?!"
E eu calei-me...
Mas procurei fortalecer as asas das minhas filhas e deixei-as voar.
Não estou arrependida
Desde que soube da existência deste seu blogue visito-o diariamente, por gostar muito do que escreve e dos temas que aborda.
ResponderEliminarNa última frase deste seu escrito refere:
"Hoje a honra anda pelas ruas da amargura E AS PALAVRAS NÃO LHES FICAM ATRÁS".
Apeteceu-me dar-lhe uma pequena alfinetada... se estaria a lembrar-se da recente alteração ao significado da palavra IRREVOGÁVEL.
Descullpe...mas não resisti...
Calorosas saudações deste seu admirador.
Inácio
Não, caro Inácio, estava antes a pensar na carta do Dr Vítor Gaspar. Ou já se esqueceu dela? Olhe que eram muitas mais palavras...
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ResponderEliminarEu não sei se "hoje a honra anda pelas ruas da amargura" e nem vou por aí .
Mas que "hoje um mínimo de bom senso anda pelas ruas da amargura" parece-me evidente ao ler um ou outro comentário de há uns dias para cá .
A season está muitíssimo mais silly que o habitual .
RuiMG
Porquê pretender alfinetar a HSC, quando sabemos quanto é estranha a tudo isso ?
ResponderEliminarMelhores cumprimentos.
Ó Helena, possivelmente, vai ter que explicar, com muita paciência, através de desenhos, porque existe muita gente que não consegue perceber o significado das palavras em determinado contexto, que, ao ser alterado, exige também a mudança desses mesmos termos. É que, o irrevogável passa a ser revogável, depois do senhor primeiro ministro, a bem da Nação, ter entendido que era, absolutamente necessário, eleger um vice primeiro ministro que o ajudasse a controlar e a alterar as designadas políticas económicas e financeiras que tinham sido a causa da decisão irrevogável.
ResponderEliminarJunto envio, também, os meus votos de boa sorte para si e para todos aqueles que dedicam os seus esforços à nova restauração nacional.
Já agora venho solicitar à Teresa Peralta que me informe a quem ou a que instituição deverei dirigir-me no sentido de solicitar seja alterado o significado da palavra irrevogável que aparece em todos os nossos dicionários.
ResponderEliminarParece ser a pessoa indicada para me dar essa informação.
Antecipadamente grato...
Inácio
Querida Helena
ResponderEliminarÀs vezes tenho saudades do tempo em que as palavras tinham mais significado mas depois lembro-me dos preconceitos estúpidos como a honra no sentido de virgindade por exemplo.
Do tempo em que, pelo menos em meios pequenos, uma jovem era olhada sempre com uma interrogação mesmo que tivesse decidido "guardar-se" para o casamento, mesmo que fosse uma lutadora, inteligente, preocupada com a vida e a cultura.
ISSO era o centro de tudo
E se o namoro acabasse, um carimbo invisível na testa e zás...talvez um viúvo ou, raras vezes, um homem inteligente ou à frente do seu tempo.
Hoje e de alguns anos para cá, a coisa é vista como uma acto cirúrgico, como quem se livra de um dente com cárie. Quanto mais cedo melhor.
E pergunto-me se este não será também um estúpido preconceito, tantas vezes marcante para uma vida...
Honra (de qualquer género) palavras, cada vez mais, gosto das transparentes e genuínas, ainda que uma ou outra vez um pouco excessivas.
A propósito de genuinidade, vou hoje finalmente ver Joana Vasconcelos no Palácio da Ajuda e talvez o espectáculo do Terreiro de Paço, enquanto paro um dia para "sacudir a areia"
A arte pacifica-me. É uma "honra"
termos uma Joana. Talvez fique "sem palavras"
Abraço.
Este post me reconduziu ao passado,lembrou que sou da geração do bom dia,de respeito aos mais velhos,de pedir licença pra levantar da mesa,de que um por favor só acaba no obrigada,de cumprimentar com um sorriso,de amar as pessoas pelo que são e não pelo que têm ou me dão,de tratar as pessoas com amabilidade,de saber que um olhar de meu pai chegava,pra eu entender que estava pisando o risco,que um não da minha mãe não era seguido de um sim,era não mesmo,do tempo que quando a professora entrava eu tinha que levantar da carteira.De saber que um "palavra de honra" chegava pra selar uma promessa.
ResponderEliminarPois é, sou do tempo disso tudo e mto mais,e hj neste tempo que não deixa de ser meu tmb,resta-me a consolação de saber que eu não mudei com o tempo,apenas o acompanhei,não me contaminei....
Enfim...sou do tempo que como leitora do seu blog,cumprimento e agradeço uma postagem como esta,que me levou ao passado que é meu.
Sou ainda do tempo do bem-haja e do cuide-se
Cumprimentos
Fátima Duarte
PS-sou ainda do tempo,passado e presente,e será futuro,para saber que ninguém é responsável do que o outro diz ou faz,mesmo que filhos,qdo todos são adultos,e entenda isto quem souber e puder.
HOPE, gostei imenso da sua relfexão. Também eu ensinei tudo isso aos meus filhos e agora vejo que eles, como pais, tentam ensinar tudo isso aos meus cinco netos, no entanto não sei se terão o êxito que eu tive... Hoje, em consequência deste modo de vida tão próprio das grandes cidades e da ambição de uma carreira, os filhos estão mais tempo com os outros do que com os pais! Logo, apesar do grande esforço no tempo em que estão juntos, só mais tarde se saberá do sucesso das boas maneiras que tentaram incutir-lhes... Let's have a bit of HOPE!
Eliminarp.s.claro que os que quem não tem não pode dar e o drama é esse! Também é certo que isto não é só mal português...
O tempo nada alterou, a comunicação é que renasceu e hoje nada mais é dado como adquirido, transformações sucedem-se.
ResponderEliminarNós os que temos mais anos, vamos tentando adaptar-nos ao que, se reflectirmos, parece impossível de acontecer.
Hoje há telemóveis, mas há 20 anos não se sabia o que isso era! E o skype em que vejo e falo a milhares de kms de distância...
Honra e palavra tem o mesmo sentido, mas os olhos e ouvidos têm que adoptar prespectivas diferentes...
A palavra é como a pedra que se lança, não tem retorno.
Abraço, lb/zia
De cristal, Helena, hoje só o silêncio...
ResponderEliminaras palavras tanto podem ser como cristais, como pedras, ou o que desejamos que sejam, depende do uso que lhes damos em cada ocasião, a delicadeza do poeta eugenio de andrade levava o a dizer que eram de cristal o que, sendo limitativo, tambem está correcto.
ResponderEliminarmas cada palavra tem várias faces, daí a sua riqueza, e por vezes são tambem vazias ou querem dizer o contrário do que aparentemente dizem, embora continuando cheias, fascinantes e misteriosas, etc
Cara Dalma obrigada por suas palavras,e tem razão,esperança é precisa e urgente.Só faço votos que nem isso nos roubem...
ResponderEliminarbjs
Fatima Duarte