sexta-feira, 17 de maio de 2013

A bílis

Sempre defendi que a blogosfera era um espaço de liberdade de que valia a pena tirar proveito. 
Como? Utilizando-a para investigar, ler e escrever e trocar ideias. Porém, quem se debruce, com algum tempo e alguma atenção, sobre os blogues ou redes sociais, tem enormes surpresas. Ontem passeei-me por vários blogues e fiquei impressionada com a violência e a virulência de alguns post's. A brutalidade da linguagem é tal que, numa primeira leitura, nem se chega perceber "o que" se critica, face ao ódio "a quem" se critica.
Creio que a liberdade de expressão, como todas as liberdades, tem limites. Não gostar, não estar de acordo, censurar, é um direito adquirido. Mas insultar, difamar, ofender, além de perturbar e de afastar certo tipo de pessoas, acaba por beneficiar quem se pretende criticar. Ou seja, consegue-se prestar um serviço ao adversário, quando, pela  forma usada, o tornamos numa vítima.
Em democracia o voto é a grande arma de punição. Ou até a falta dele, porque quanto menos pessoas votarem, menos representativos serão aqueles que votam e, por isso, menos força terá o resultado obtido. Nas ditaduras, as coisas resolvem-se com umas revoluções e umas mortes.
Mas democracias biliosas, que assentam na ofensa pessoal, não só não resolvem nada, como abrem as fracturas que acabam por justificar as piores ditaduras.
Portugal está profundamente doente. Mas se o tratamento for extirpar todos os orgãos, o mais natural é que o paciente morra... 

HSC

28 comentários:

  1. Está com toda a razão!
    Este país, a meu ver, ainda não aprendeu a viver em democracia e em pluralismo de ideias, cada um pensa-se senhor da verdade!...
    Mas minha querida Senhora só podemos tentar passar a mensagem do respeito por cada um e dar valor a cada dia pois ele é único!
    Um forte abraço,
    lb/zia

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  2. Portugal está profundamente doente ... ora aí está uma grandiosa verdade!

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  3. É disso que tenho medo !
    Portugal está muito doente, de facto.
    Que péssimos médicos temos tido nestes quase outros 40 anos !...

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  4. Ora nem mais! Mormente ofensas e insinuações pessoais completamente destituídas de argumentos. Quando as vejo, afasto-me e a putativa consideração que possa algum dia ter tido pelo blogger cai a pique e não tem retorno. Até porque muito do que é dito, diz muito mais da pessoa que, muitas vezes, sobre o anonimato pensa que sai incólume. Acho que já lhe tinha falado de pundonor, Helena...

    Simplesmente triste.

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  5. Cara Helena!

    A (de)formação de muitos concidadãos e o (des)respeito pelo próximo e pelas instituições ou até pelas personalidades, as merecedoras de tal, andam pelas ruas da amargura neste país. Lamentavelmente, há de facto quem não saiba mesmo o significado de "liberdade de expressão" e a cobro dela se julguem muito eloquentes nas suas divagações...
    Bem haja pela sua frontalidade e verticalidade.

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  6. Posso, em abstracto, compreender o que aqui diz. Todavia, é preciso ver que a situação politico-economico actual nunca esteve tão extremada (e dividida) como hoje. Nunca! Pôs-se em prática um programa político absolutamente selvagem, violentamente anti-social, de um extremismo nunca visto (!), associado a uma incompetência a toda a prova, basta debruçarmo-nos sobre os gráficos da nossa economia, sobretudo de 2011 até hoje, 2013 (inqualificável tanta mediocridade!), sacrificando e destruindo os mais fragilizados social e economicamente, por completo, vidas inteiras, famílias, etc, incluíndo da classe média, o sustentáculo de qualquer economia de mercado, mas, protegendo-se os mais favorecidos e mais ricos (a lista é tão longa que fica para um outro comentário – fechando-se, inclusivamente, os olhos aos dinheiros colocados nos Off-Shores por muita dessa gente), atacando-se, quer verbalmente, quer – sobretudo - por Decreto, quem é mais fraco, dos reformados, aos pensionistas, funcionários do Estado (vulgo públicos), pequenos empresários, e um sem número de outros agentes económicos e profissionais, que, haverá que olhar para tanta crítica, tanta violência verbal, tanto desapontamento, tanta frustação, tanto desânimo, tanta ferocidade crítica, etc, como o resultado das agressões por que muitos, a larga maioria está hoje a passar – e sem futuro no horizonte.
    Os políticos que nos governam hoje são gente sem sentimentos sociais nem políticos. Não possuem nada, a não ser a ambição dos seus projectos políticos e pessoais e a levar a cabo a mais venal, miserável e destruidora politica económico-social – e financeira.
    São gente, não serão todos seguramente (faça-se alguma justiça), que apostou num modelo neo-liberal radical e miserabilista, que a breve trecho irá destruir o tecido social e profissional do país, procurando domestica-lo e diminuí-lo, assim permitindo que o Capital aqui se instale a preço de saldo!
    Estimada Helena, os políticos, sobretudo hoje, a vivermos uma situação muitíssimo grave, social e económica, cavaram a sua própria cova. Têm aquilo que merecem. Faltam-nos, nesta hora difícil, pessoas capazes, com carisma e ideias práticas para dar a volta a este País, nunca descurando a sua Soberania - e motivando todos, de empresários a trabalhadores.
    P.Rufino



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  7. È por essa razão que as políticas - ou a política - não entram no meu blogue.

    Já basta de violência verbal nos media. Infelizmente os portugueses falam demais e fazem de menos.

    Tem toda a razão, Helena.
    Ai de quem ousa governar este país, está à mercê de todos estes abutres verbais que não têm mais nada para fazer se não andar nos blogues e redes sociais.

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  8. Mais um post óptimo e cheio de razão. As pessoas não têm os limites para usufruir com inteligência a liberdade de expressão. "Há uma linha que separa a crítica da má educação" (como diria um anuncio televisivo) e essa linha é muito ténue.
    E as redes sociais começam, até, a ser entediantes. Embora só usufrua de uma (facebook) começa a ser desinteressante porque ou deparo-me com comentários tipo "Dói-me a cabeça!" ou então críticas "à lagardere". Estamos em crise: mas começa também a surgir uma crise de inteligência.

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  9. Felizemente há blogues como estes onde encontramos uns textos de grande qualidade, com assuntos variados e interessantes.

    Um beijinho,
    Vânia

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  10. Helena, tb escrevi sobre isso no meu AEfetivamente. Uns dias atrás, tb quando me aventurei por blogues ainda não navegados. E dos quais zarpei logo! :)

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  11. As peixeiradas dispersas e grosseiras cansam mas um Grito do Epiranga bem dado talvez nos ajudasse a recuperar.

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  12. Jessica Barreira
    Não publico o seu comentário porque mo pediu. Mas saiba que ele me tocou profundamente. Bem haja!
    E que a vida profissional que agora vai encetar possa ser um motivo de enriquecimento pessoal!

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  13. De facto, Dr.ª HSC, em tese, estou inteiramente de acordo com o seu escrito, porém sou, por educação e convicção, pelo «o exemplo tem de vir de cima» e, convenhamos, o que há é do piorio. Leis com carácter retroactivo, diz-se uma coisa hoje, amanhã, afirma-se o contrário e, depois, age-se de acordo com o contrário do contrário. A esperança esvai-se. O medo instala-se. A fome ronda. O que resta? «O grito», enquanto ainda há força.
    (perdão pela longa escrevinhação, P.Rufino havia traduzido -bem-o meu pensar, mas eu, «peste grisalha», senti necessidade deste gemido).

    Mulher - 60 anos - portuguesa

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  14. As redes sociais, sejam quais forem, oferecem a quem nelas se passeia uma barreira de protecção. Nelas podemos ler e encontrar máscaras construídas a dedo, verdadeiras construções fabricadas ao sabor do que se quer, mas também as mais profundas navegações internas, muitas das vezes os verdadeiros eus, escondidos ao mundo, por medo ou por qualquer outra. Encontramos ainda os que tentam a todo o custo vender ideias, sejam elas quais forem. Boas ou más, não importa, desde que vendam... O ataque, a polémica e a controvérsia, sempre venderam e sempre venderão. E quem se quer impor sabe bem disso. Um beijinho. Bom fim de semana para si.

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  15. Boa tarde,

    é certo, confunde-se liberdade de expressão com abuso de expressão, mas isso também tem a ver com o carácter maioritariamente egoísta, intolerante, monocromático e egocêntrico da sociedade actual, apesar da sua aparência cosmopolita, pluralista, intelectualizada, democrática, tolerante e bem parecida...

    O que é que eu faço, para além de estar sempre em acordo ou em desacordo, para ser diferente e não fomentar e contribuir para este tipo de situação?

    Ao ler os comentários ao seu post, e porque me transportam a muitos outros discursos que ouço e leio na TV, nos jornais, na rua, no trabalho, na rádio, etc, ocorre-me à mente o anúncio da Mercedes, aquele que num rebanho há sempre a ovelha que crê, honestamente, ser diferente..., valha-nos o lobo (infelizmente em extinção).

    Com estima,
    Cláudia

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  16. Cara Helena,

    Completamente de acordo com tudo o que postou.

    A liberdade de escrever ou falar tem regras de educação e bom senso. Só que alguns portugueses confundem liberdade com libertinagem, autoridade com autoritarismo, fascismo com nazismo e até o humor é utilizado impropriamente.
    Sempre com amizade.

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  17. Meu caro P. Rufino
    Se todos começássemos a agredir-nos com violência seriamos iguais aos que criticamos. Todos temos o direito à indignação no momento actual. Nunca calei o que penso e nunca a crítica me amedrontou. Mas nunca aqui leu nenhum ataque soez a ninguém.
    Agora ou antes. Essa é a "tal" pequena diferença que faz toda a diferença.
    Podemos até gritar mas não precisamos de ser grosseiros. Porque talvez isso seja o que aqueles que criticamos estejam à espera que façamos para terem razão para nos agredir...

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  18. Estimada Helena,
    Tem toda a razão. o que quis dizer é que em boa parte talvez isto seja fruto do momento politico e económico que vivemos. Há sempre pessoas que perdem o verniz, o que é pena, daí esses ataques, que são de lamentar, mas, confesso, nunca vi tanta agressividade entre pessoas, por razões politicas, como hoje.
    Com elevada consideração,
    P.Rufino

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  19. Estando em terras de França tive oportunidade de assistir na TV à conferência de imprensa de François Holland. Acho que nunca estive com tanta atenção a qualquer comunicação destes ou de outros aí em Portugal! Primeiro porque queria saber quais os verdadeiros problemas dos franceses e da França, segundo porque sendo numa língua que não a minha havia que ter cuidado. Cheguei pois à conclusão que os problemas são EXATAMENTE os mesmos, mas como não foram anunciadas as medidas exactas para os combater fiquei sem saber se as medidas serão tão dolorosas quanto as nossas.
    Felizmente que os portugueses se ficam por esse "ódio por escrito" de que fala, pior seria se imitássemos os franceses que se manifestaram no Trocadero!

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  20. Estimada, Maria Helena Sacadura Cabral.

    O livre pensamento, é semelhante a uma Garça, que vargueia no brejo. Ela passa e repassa, e a lama do brejo, não lhes sujam as penas brancas. O bom pensador, o bom economista, o bom jornalista, passeamos por ai, lemos as babozeiras postadas por profissionais das aberrações, e, tiramos isso de letra, como falamos aqui no Brasil. Portugal, está doente. Como esteve febril o Brasil, no Governo do Sociólogo, Fernando Henrique Cardoso. O Lulla, nos tirou da UTI. O melhor Presidente que o Brasil, já elegeu depois de Getúlio Vargas. Portugal, sairá dessa, pela bravura do seu povo.
    Abraços. Te espero lá no meu blogue. Não para escrever sobre pensamento politico. Mas, para descrever sobre " Amores e Relacionamentos Virtuais". Estou lá, te esperando.
    Abraços, abrasileirados.

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  21. Penso que a educação deve sempre imperar nas nossas declarações e a elegância da Helena, mesmo quando critica, é disso a melhor prova. Incomoda-me ler certas opiniões que só destilam veneno e palavrões e que no fim de contas mostram a verdadeira natureza de quem as emite. Sou de opinião de que tudo se pode dizer de forma eficaz sem ter de recorrer às ofensas gratuitas. Identifico-me com a escrita da Helena e tenho por ela grande admiração.

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  22. Já o meu Pai dizia era eu menina ainda, desconhecedora do vernáculo português que muita gente aplica "Respeito e educação" é a base do ser humano e a partir daí, minha filha, estabelece-se os laços das relações humanas, conquistando aos outros esse respeito, através do nosso e da nossa educação.
    Há dias escrevi um texto sobre o que pensava dos políticos actuais, com toda a educação que os meus Pais me transmitiram.
    Sou contra, seja em que circunstância for, da utilização dos chamados palavrões e em minha casa e, pelo menos na minha frente, filho meu nunca o disse.
    Mas confesso que, eu que sou contra todo o género de violência já pensei, ao ouvir certos políticos e outras pessoas a falar na tv, quem te desse um grande murro nessa boca para perceberes os disparates que dizes!

    O respeito conquista-se.

    Que respeito podem ter os actuais políticos se só sabem mentir, enganar, dar o dito pelo não dito, faltar à palavra, desrespeitarem os compromissos eleitorais que, provavelmente, os levaram ao poder e a governar um povo que votou neles e lhes paga o salário e as mordomias que auferem?

    A economia está na ruína e passa-se FOME em MUITOS lares portugueses. Casos houveram de quem se tenha suicidado por não suportar as dificuldades porque estavam a passar.

    Mas depois desculpam-se com a Troika, com os memorando, com a crise, mas há dinheiro para injectar nos locais que deveriam estar a pagar a factura das aldrabices que fizeram.

    Confesso, que neste momento, este País já não vai com paninhos quentes e taparmos o sol com a peneira.

    NENHUM político actual serve! Nenhum cumpriu o que devia. Nenhum, atempadamente, lutou verdadeiramente pelo Povo Português. Cada um deles, segurou o seu lugar, a sua posição, quiçá conquistou num futuro próximo, algum “tacho” ou algum lugar de destaque, numa qualquer organização, que lhe vai continuar a manter as mordomias que têm.

    O Povo está desesperado e enquanto são só palavras vernáculas o pau vai no ar… o pior é se o Povo se cansa de faltar com o pão à boca dos filhos, se cansa ver os seus idosos morrerem por falta de assistência devida, se cansa de ver os Bancos serem a maior empresa imobiliária do país e daí tirarem dividendos, se cansa de verem (nisto os funcionários públicos e aposentados, também) serem-lhes retirados os subsídios de férias e de Natal, sem os quais não conseguem pagar alguns dos seus compromissos, por exemplo, nomeadamente o IMI, e depois o mesmo Estado vem-lhes penhorar as pensões, levarem juros e outros emolumentos, com ameaças de penhoras!

    O respeito conquista-se!

    Que respeito merecem pessoas que só olham para o seu próprio umbigo?

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  23. A senhora pode ter toda a razão, mas não pode esquecer quem tem fome, quem dorme ao relento, quem tem filhos pequenos a comerem na escola a única refeição do dia. Esses também razão quando não se lembram das regras da boa educação e da etiqueta...
    E não devemos esquecer também algo que se tornou visível e pálpavel: a violência de Estado. Se uns esquecem as boas maneiras, outros esquecem o respeito, para não dizer a solidariedade, que são obrigados a ter pelos que são governados.
    Manuel Almeida (Porto)

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  24. Concordo mais uma vez, claro!!! A liberdade de expressão, não nos deverá tirar nunca a cordialidade no trato..."nem o maior revolucionário abandona a ternura", já dizia o CHE GUEVARA!!
    Beijinhos!

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  25. Caros comentadores
    Hoje eliminei dois comentários, porque aquilo que pretendiam era falar do meu filho.
    Como já expliquei, nunca mandei na vida política de qualquer deles e não me identifico com nenhum.
    Assim, não vale a pena aproveitar este espaço para bolsar ódio contra a família.
    Até hoje só havia cortado um comentário em todo este tempo de blogosfera. Voltei a faze-lo pela segunda vez. Quem tem coisas a dizer do ministro, tenha coragem e faça-o em sede própria: no ministério. Com a vantagem de não ser anónimo!

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  26. Lamentável haver desses "corajosos" anónimos !

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  27. Não conheço, felizmente, (nem quero) essa blogosfera agressiva e um pouco "baixo nível" de que tanta gente fala.
    Ainda só estou nisto há um ano e para mim é como diz Helena: serve para trocar ideias, ler, escrever, aprender.
    E quero que continue a ser assim. Comecei pelo seu blog, de onde parti para outros e a partir desses outros, numa imensa teia que se vai fazendo maior. Mas onde é tudo "boa gente" ;)

    Beijinho
    Isabel Mouzinho

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  28. O anonimato dá uma coragem incrível!

    Felizmente, eu também ando por aqui há pouco tempo e ainda não tive assim grandes desagrados...

    Mas infelizmente já percebi que se usa muitas vezes a Internet para insultar e denegrir, lamentavelmente.

    Um beijinho,
    Vânia

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