sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Um dia...


Ainda não tenho aquelas mãos cansadas
Um dia virei a ter
Ainda não tenho as veias azuis à mostra
Um dia virei a ter
Ainda não tenho a cabeça branca
Um dia virei a ter
Ainda não esqueci que te amo
Um dia virei a esquecer
A olhar para ti
Sem te reconhecer
Um dia tu e eu
Havemos de envelhecer
E morrer

HSC

21 comentários:

  1. Liiiiiiindo!!!
    Que essa dia ainda tarde...

    Paula

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  2. Que lindo é envelhecer ao lado de quem amamos, mas Deus queira que nunca passemos pelo facto de olhar e não reconhecer, deve doer tanto ao que ainda se lembra!
    Que envelheçamos os dois, mas que nunca percamos a lucidez!
    bom fds
    FL

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  3. Um dia... mas só daqui a muuuuuuuito tempo!

    ;)
    Um beijinho e bom fim-de-semana,
    Vânia

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  4. Um bonito poema.
    Tive o privilégio de ter tido uns avós, paternos e maternos, extraordinários. No que aprendi com eles, do afecto e carinho que me deram, da companhia que deles gozei, do humor e boa disposição que me dispensaram, dos valores e princípios que me transmitiram, do que me deixaram escrito (ainda hoje tenho postais e cartas manuscritas deles, com palavras de um carinho e meiguice que comovem), enfim, tanta coisa!
    Um dia partiram, para sempre, mas ficou-me aquele sentimento de uma saudade muito especial, daquela saudade por quem se sentiu uma ternura enorme em vida, dos momentos felizes que com eles passei (e e meus irmãos).
    Ainda hoje, quando vou aos lugares onde passámos, juntos, tantos momentos especiais, sempre que posso nunca deixo de os “visitar”, onde ficaram a repousar para todo o sempre, e ali fico uns instantes, em silêncio, a pensar naqueles tempos, tempos de afecto que nunca mais voltarão. Mentalmente, converso com eles. E saio dali, confortado com as memórias que me deixaram.
    O tempo passa e um dia, agora menos distante do que daqueles tempos de saudade, terei em comum com eles a tal doce velhice, a tal vida vivida, um conjunto de afectos, muitos, assim espero, recebidos e transmitidos. E poderei, tal como eles, partir em descanso.
    Gostava de conseguir deixar a quem por cá ficar, idêntico afecto ao que eu sinto, ainda hoje, anos volvidos, por eles.
    P.Rufino

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  5. Excelente ...
    por favor continue

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  6. Que bela declaração de amor, querida Helena!
    Há amores eternos que só fenecerão com a perda das capacidades mentais! Esse sublime sentimento vivifica, transforma, rejuvenesce! É a força que nos faz escalar o Everest, voar entre as nuvens ainda que ameaçadoras, enfrentar as vagas alterosas em dias de tempestade!...
    Infeliz daquele que nunca sentiu o amor!
    Beijinho!

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  7. Muito bom o poema. Mas há gente que não envelhece e não me refiro ao Peter Pan - Peixoto, estou a falar a sério e a pensar em si.

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  8. Que maravilhoso presente para ocupar o pensamento no fim de semana que agora começa!!!! Bem haja verdadeiramente!
    O Dom de saber envelhecer tomando conhecimento das mudanças inevitáveis que sempre fazem parte da vida na sua fase final quando esta deixa-nos ir conquistando cada ano e estes passam a vertente dos 70, 80 e por vezes 90 anos... que vida linda!
    Abraço grande,
    lb/zia

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  9. Um dia, sim...

    E escolhemos e lutámos talvez por uma cidade justa, em que vivêssemos uns e outros

    em que respeitássemos as veias saídas, os cabelos brancos, todos os esquecimentos e dependências

    e esperámos que fossem aceites e dignas as nossas veias saídas, os nossos cabelos brancos, esquecimentos e dependências desse dia

    Teresa Frazão

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  10. Muito triste se lermos de uma maneira, se lermos de outra, é lindo! Creio que li das duas ao mesmo tempo e tive ambos os sabores na boca. Creio que foi esse o objectivo do poeta, que é …?

    Helena, obrigado.

    Raúl.

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  11. Apenas acrescentaria ou morrer e o belo poema continuaria a rimar

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  12. Querida Helena

    Já o mandei à nossa Jeitinho Manso mas, diante da sua "linda provocação"não resisti.
    Desta vez chamar-lhe-ei com devoção apenas

    SINAIS DO TEMPO QUE PASSA

    Ontem fui ver o filme
    finalmente
    (faltava-me coragem)
    mas o apelo cresceu e lá fui eu
    só podia mesmo chamar-se AMOR

    E ali estava a prova
    que passaram muitos anos
    Lembrei o tempo
    em que aquele actor era o homem certo
    lindo inteligente desejado
    quando corria praia fora ao encontro da Annie
    e o abraço deles nos arrepiava
    e a música se colava a nós
    e perdurava
    enquanto o cão rodopiava na areia

    De novo
    a grande intimidade
    "um homem e uma mulher" se amando
    já não o mar mas a dor por perto
    e um Jean Louis agora trôpego
    mas ainda o homem certo
    brutalmente condenado
    ao "gesto" único
    sublime
    adiado
    como se fosse o mais generoso e derradeiro abraço

    E nós
    que ainda "nos temos"
    ali, em silêncio
    de mãos dadas no escuro
    como antigamente
    sabendo que entre os dois grandes filmes
    decerto envelhecemos


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  13. Todos nós envelhecemos, mas nem todos sabem fazê-lo. Gostei muito, muito mesmo, destas suas sábias palavras.

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  14. Maria (publicamente anónima)
    Que lindo poema! Obrigada pela partilha. Adorei!

    Beijo
    Maria M

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  15. Cara Helena,
    Mais um dos seus belos poemas.

    Sugere-me, que somos como as flores, brotamos, irradiamos luz e cor, murchamos, secamos, reduzimo-nos a pó e cedemos o lugar às nossas sementes.

    Obrigada

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  16. Muito simples e por isso mesmo muito bonito :)

    Beijinho
    Isabel Mouzinho

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  17. Lindo, triste e real o poema. Um pouco de lógica "amacia" mais as lembranças. Deve haver medicamentos para este mal...
    Obrigada Júlia

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