Todos nós temos características próprias, ou seja, defeitos e qualidades muito particulares. Eu, por exemplo, não sei viver em conflito. Outros, porém, fazem dele a sua mola vital.
As minhas relações com os outros podem passar pela divergência de ideias, que aprecio, mas não passam pela divergência de atitudes que considero indispensáveis. E, quando no plano ideológico as diferenças transformam o adversário num inimigo, ligo à terra e salto logo.
Conheço pessoas cuja catarse é a violência verbal que vem da sistemática incompreensão do que é distinto. O seu equilíbrio pessoal tem, sempre, de ser feito à custa do desprezo pelo diverso. São os chamados "elementos fortes", quer seja na família, no trabalho ou nas amizades. Amam ou odeiam com a mesma intensidade.
O meio político é, aliás, fertil neste tipo de relações. Não há diálogo. Apenas uma verdade. E os que não professam essa verdade são apelidados de tudo. Deixa-se que o passional substitua o racional. É o que se vê, por exemplo, nas campanhas eleitorais. Todos prometem, todos acusam, dizem-se barbaridades, ataca-se a vida pessoal, inventa-se se for preciso. À direita como à esquerda, o tom é igual.
Talvez seja por questões desta natureza que o género feminino é minoritário na res publica. Não tendo coloração partidária, estou à vontade para lembrar duas, Maria de Belém e Helena Roseta, cujo estilo ilustra um pouco o que acabo de dizer. Ambas interventivas, mas uma mais guerrilheira do que a outra.
É justamente este belicismo permanente em que vive a actividade política nacional que leva a que muitas mulheres se não sintam atraídas pela política e só intervenham quando é a cidadania que está em causa.
Já fui aliciada à direita e à esquerda. Sempre sorri a esses insólitos aliciamentos, sabendo perfeitamente o que queriam de mim. E sempre recusei, porque entre a agressividade e a bonomia, escolho sempre esta última. É muito mais eficaz e menos desgastante!
Já fui aliciada à direita e à esquerda. Sempre sorri a esses insólitos aliciamentos, sabendo perfeitamente o que queriam de mim. E sempre recusei, porque entre a agressividade e a bonomia, escolho sempre esta última. É muito mais eficaz e menos desgastante!
HSC
Quanto mais a leio mais a admiro. Se todos tivessem na vida a postura que a senhora tem, o mundo seria melhor. Parabéns e... obrigada!
ResponderEliminarMt bom :) Boa escolha, sem dúvida:) Muito mais feliz:) Bjs
ResponderEliminarPois é, Helena, ainda um dia destes temos que repensar esta coisa toda. O país não seria diferente (para melhor) com mais mulheres na política?
ResponderEliminarEu sei que, de início, no meio de tanto belicismo 'besta', nos arrependeríamos de nos termos metido naquilo mas, quem sabe, aos poucos, não conseguíssemos trazer mais e mais mulheres válidas até que a racionalidade saudável, a intuição e o 'bom astral' imperassem...
Está a ver a Maria de Belém, a Helena Roseta e outras a darem-se ao trabalho de jogadas palacianas, arranjinhos, meias palavras, etc? Eu não.
O difícil é dar o primeiro passo e eu, que tanto clamo, também ainda não me predispus, acho que não teria pachorra para aturar aquela garotagem palavrosa. Mas, se nos deixarmos estar, e toda a gente que pensa verdadeiramente no bem dos outros, se deixa estar, como nos podemos queixar que a política esteja invadida por agressividades, beligerâncias despropositadas, testosterona desperdiçada à toa?
Um abraço e pense bem, Helena, se não está na altura de dar um passo em frente...
Cara Helena,
ResponderEliminarPenso(o mais certo mal),que pertencer a um partido político, qualquer que seja, inibe a liberdade de qualquer ser humano,sobretudo se gostar de ser independente. As animosidades políticas,e "os princípios" que são de todos mas que estão acantonados nalguns partidos, é algo que não aceito. Admiro todos os que verdadeiramente defendem a res publica sem proveito próprio, mas são tão poucos que têm um verdadeiro sentido de Estado. Subscrevo totalmente o seu excelente post.Sempre com amizade.
E o discurso político está cada vez mais belicista...
ResponderEliminarComo eu a compreendo, cara Helena. Faço parte do mesmo "clube". Um abraço já lisboeta.
ResponderEliminarAdmirável, Helena Sacadura Cabral.
ResponderEliminarPassei cá, para deixar o meu sentimento de Amizade, e, de alegria.
Mas também, para lhe desejar Saúde, Paz, e, um fim de semana, agradabelíssimo.
Abraços, abrasileirados.
Pois eu votaria na HSC para presidente de Portugal!
ResponderEliminarUniria esquerda e direita e nem os monarquicos poderiam rezingar porque descende, legitimamente, de D. Afonso Henriques.
Os repastos no palacio de Belem teriam outro sabor.
Eu também não sou dada a quezílias... mas também não me fico e quando me aborreço com alguém e não há entendimento possível (o que é raro mas acontece) prefiro esquecer que tais pessoas existem.
ResponderEliminarTalvez não seja a melhor maneira de lidar com o problema, mas é o que faço quando já não vejo reconciliação possível. Mas quando isso acontece, sou radical: nunca mais volto atrás, não pelo menos até que mostrem que vão querem reatar a amizade.
Um beijinho,
Vânia
Vim por aquí (só sei este caminho) para lhe dizer:
ResponderEliminarO seu Filho estava lindo,parecia o Rapaz do Independente, ao vê-lo no nosso Norte pensei em si.
Afectuosamente
Maria Helena
ResponderEliminarConcordo... Para além de que, cada vez mais, é necessário cultivar a Paz. A Paz é o atributo de qualquer indivíduo ou de qualquer sociedade evoluída.
Aí vou eu ler o que falta!.. Atrasei-me com as leituras do seu blog!
Um abraço, até já!...
A minha patética 'velha senhora' insiste em intervir e eu não consigo demovê-la apesar de achar - e lhe dizer - que se excedeu em veemência e verborreia:
ResponderEliminartalvez sim, mas… minha jovem
estou mais com a jeito manso
se as mulheres não se movem
se se ficam no ripanço
se em política há só homem
qualquer manco manipanso
nem podemos nos queixar
sem ir lá participar
não será claro um prazer
não nos dá cá nenhum jeito
ser política a valer
e pegar nisso a preceito
mas carago é um dever
mais ainda que um direito
salvar este pobre mundo
que o parimos nós - no fundo
é de nós que tudo se herda
responsáveis bem ou mal
todas somos desta merda
que tal pôr ponto final
no cair em total perda
e antes que arda este arraial
nele impor civilidade
paz amor e liberdade
sem querer ser presunçosa
digo-o sem sobranceria:
numerosa e mais ditosa
a mulher tem maioria
(o que estou de palavrosa)
se ainda há democracia
assumamos o poder
o futuro é a mulher
futurou o aragon (*)
et c'est bon:
"L'avenir de l'homme est la femme
Elle est la couleur de son âme
Elle est sa rumeur et son bruit
Et sans Elle, il n’est qu’un blasphème."
* (Louis Aragon, in Le fou d’Elsa, 1963)