Amar é difícil. Todos sabemos. Nunca me faltou amor, pese embora nem sempre ter sido amada como eu gostaria, porque as pessoas só amam como sabem e não como nós desejamos. Mas fui e sou uma privilegiada.
Belo intróito para algo bem mais simples. De facto, do óptimo jantar na varanda, que o temporal inviabilizou, passámos ao jantar dentro de casa com luzes e algumas velas.
Cumprindo a regra da família paterna, os netos educadamente avisaram que estavam atrasados. Como adoram o tio, fiquei mais tranquila porque as horas deste último nunca coincidem com as de ninguém. Logo, com atrasos de um lado e do outro, acabaram por chegar quase todos ao mesmo tempo. Raro!
Mas, eis que ao abrir a porta tive "uma surpresa surpreendente", como dizia uma antiga secretária minha. O meu neto Fred, louro de olho verde, apareceu-me com cinco rastas na cabeça num toque de exotismo euro-africano. Confesso que levei um baque.
Porém, como de parva não tenho nada, nem piei. Quando o tio chegou ainda exclamou um pálido "que fizeste ao cabelo?!" que eu cortei de imediato com o prato da sopa.
Quando todos saíram dei comigo a sorrir lá para cima a pensar no que diria o pai Miguel. Cheira-me que teria havido uma conversa de raiz politico filosófica pouco eficaz.
Aqui a avó Helena vai tolerar rastas, cabelo azul ou encarnado, calça com a cintura no meio das pernas e tudo o mais que apareça. Porque nenhuma destas manifestações é essencial. Essencial é que eles saibam que são amados. O resto é fruto da época. Mas que amar é difícil...lá isso é!
HSC
rsss.... adorei!!!
ResponderEliminare não sorri, soltei sim umas sonoras gargalhadas (há tanto tempo guardadas numa gaveta esquecida)
passou a cena nos meus olhos como um filme divertido cheio de contenção nos bolsos da diplomacia
o neto a saber do susto que ia pregar na avó, a avó com um nó na garganta a imaginar como salva-lo do susto do tio...
ouvi até a avó a falar com os seus botões: o arco iris no cabelo, a calça a fugir pelo rabiote...
ah... é fruto da época...
e sim, amar, amar muito é preciso!
que mulher fantástica!
enorme abraço.
Maria.
Que ternura de post!!!! Essencial. :)
ResponderEliminarAdmiro a sua sabedoria, mas o que verdadeiramente me enternece é o facto de ser tão querida! Acho que não exagero se disser que todos gostávamos de ser da sua família... E de certo modo somos... (pelo lado do coração!...)
ResponderEliminarUm enorme beijinho
Isabel Mouzinho
A avó Helena tem a inteligência, a sabedoria, tem o amor e a tolerância.
ResponderEliminarSabe o que é importante e o que é acessório.
Obrigado pela partilha de tão lindos momentos.
Bem haja,
Pedro
amar é o que a vida tem de mais maravilhoso. com a idade é tão agradável reviver os amores que se teve.
ResponderEliminaras rastas do seu neto e da malta dessa idade é lindo! é a expressão do que no nosso tempo eram os hippies (das poucas coisas que tenho saudades...). contudo ele devia ser informado de que as rastas matam o cabelo de que são feitas, é pena mas é a realidade! "rien n'est parfait!"
um abraço para quem sabe amar tão bem! obrigada!
lb/zia
Desculpe mas não consegui deixar de rir ao imaginar o susto que levou. Faz parte do crescimento. Mais tarde, ele irá sorrir quando olhar alguma foto de agora.
ResponderEliminarAbraço com carinho
ResponderEliminarMas que bela descrição!!
Ao ler o seu texto não pude deixar de rir e descomprimir para logo de seguida sentir o coração repleto de uma enorme admiração pelo amor que consegue dar.
Na verdade, cada um tem a sua medida...
Um enorme abraço
Permita-lhe que lhe diga: A senhora, se não existisse, tinha de ser inventada. É uma senhora e uma avó absolutamente extraordinária: Quero ser uma avó assim! Adoro ler o que escreve.Um grande beijinho
ResponderEliminarAmar, pode ser difícil, mas é tão bom!
ResponderEliminarUm beijinho,
Vânia
Muito me ri...
ResponderEliminarLembrei-me do meu filho adoptivo hoje com 25 anos. Passou uma fase de longas melenas e t-shirt preta escorrendo tinta(sangue)vermelha.
Ele e os amigos formaram um grupo que tocava na garagem todo(TODO)o fim de semana.
Também tive baques mas fiquei atenta e acompanhei tudo com calma e...passou naturalmente, sem dramas.
Entendi que ele andava à procura de si mesmo.
Hoje tem um aspecto 'normal' e desportivo. Amar é difícil, como a entendo.
Helena, esse amor é difícil, mas é puro e genuíno!
ResponderEliminarNão me quero repetir mas sempre que leio o seu blogue sinto-me inspirada a ser uma pessoa melhor... Tão simples e tão claro como mostra o que de facto importa. Tenho que partilhar esta lição de amor! Amar nem sempre é fácil
ResponderEliminarQue ternura!
ResponderEliminarUm beijo para esta senhora tão maravilhosa.
Amar é dificil, mas tão bom!!
ResponderEliminarQue ternura de post, principalmente para mim que tenho dois filhos com idades aproximadas à dos seus netos, a quem faço questão de dizer e demonstrar todos os dias que amo!!
É preciso entender os jovens e tolerar acompanhando atenta, estas fases.
A Srª. é especial que sorte tem a sua familia e nós que a lemos!
Um abraço
FL
Helena:
ResponderEliminarAchei graça à sua história e lembrei-me de uma conversa com a minha filha, sobre a minha neta.
A miúda, na idade do armário, levanta-se às seis da manhã para sair toda produzida. Camadas de pintura, cabelos artisticamente despenteados, roupa escura e rota. Chamada à atenção pela mãe, a resposta veio rápida: é o meu estilo.
Nós, mulheres de outro tempo, caras lavadas, vestidos airosos, tínhamos outro estilo. O deles é este.
Eu nunca comento, mas fico um bocadinho chocada. Os meus quase 68 anos...
Beijinho
Maria
Eu diria que amar é o mais difícil... E dizer aos nossos que os amamos! Com palavras! Mas fazê-lo com gestos e atitudes como as da avó Helena já me parece um excelente princípio... Pq em teoria pode parecer fácil, mas é para lá de dificil na prática
ResponderEliminarQue bom ser tão amada...e tão bem humorada ri ao imaginar o ar familiar a olhar para o cabelo,mas tem razão isso passa o amor ficará
ResponderEliminarOb. por existir.
Ó Helena... fossem as rastas todas as dificuldades do Amor!
ResponderEliminarConvivo diariamente com uma adolescente que teima em colorir unhas, cabelos e olhos com as cores mais bizarras... Haja coração!
A minha filha mais nova é responsável pela minha descoberta do seu blogue. Estou-lhe grata a ela por isso e a si pela alegria e ternura que me proporcionam os seus escritos. Lá que amar é difícil, ah lá isso é! Mas é tão bom!!!! Também eu me sinto uma privilegiada.
ResponderEliminarUm beijo e obrigada
Maria de São Francisco
se é... amar passa afinal pelo aceitar, respeitar e tolerar.Só mesmo uma bóbó (termo carinhoso usado no Porto para designar avó) para tolerar raspas. E a minha pensava assim, embora também se assustasse.
ResponderEliminarVocê é realmente uma pessoa muito
ResponderEliminarespecial e compartilhar connosco
"esses seus momentos" é sempre de
um grande ensinamento sobre saber
viver. Obrigada por isso.
Beijinhos
Irene Alves
Querida Helena, só a senhora...a ternura que vai nessa Família.. bem hajam... um beijinho
ResponderEliminarDepois de ler os comentários anteriores, faltam-me as palavras para aqui deixar uma mensagem original...E só escrevo o que costumo dizer de si: É a minha "heróia"!
ResponderEliminarPois é minha cara, tenho por hábito dizer que mimo e amor demais, nunca matou ninguém. Não podemos escolher a embalagem de ninguém, mas podemos dar-lhes o que de melhor a vida nos deu. Abraço-vos.
ResponderEliminarAbençoados netos q têm uma AVÓ como a Dra Helena!Amor é isso mesmo!Também sou avó de dois rapazinhos ainda pequenos e tenho a Dra Helena como exemplo a seguir!Como diz Mariana B,também é a minha "heróia"!
ResponderEliminarFez-me rir...mas a ternura como descreve é tal...que acho que sim...o "essencial é que eles saibam que são amados" e tudo o que é difícil ainda se torna mais valioso.
ResponderEliminarDigo-lhe mais...esse look está maravilhoso!
Realmente...amei....e o mais importante alem de amar e sentirmo-nos amados.
ResponderEliminarUm grande beijo de alguem que a admira
De facto a esse respeito chama-se mesmo amor.
ResponderEliminarSábia a aceitar...Mesmo o menos convencional,parabéns eu bem digo que a sra.cada dia está mais rejuvenescida.
Grande AVÓ...
ResponderEliminarO seu texto fez-me lembrar as minhas Grandes Avós, só queriam que fossemos felizes...
Estudássemos e encontrássemos o nosso caminho...
Um beijo carinhoso
Maria do Rosário Susano
A avó Helena então percebe o "baque" que eu senti quando a minha filha fez 5 (cinco) furos numa orelha só e disse apenas "que pena, uma orelhinhas tão bonitas cheiinhas de furos).
ResponderEliminarO amor, esse imenso oceano azul que nos ajuda a filtrar o acessório para guardarmos apenas o essencial...
Abraço!
~inês
eu, aos 50 e com filho com 13 recém cumpridos, tenho consciência desses possíveis momentos que me virão pela proa e só peço, adiantadamente, sabedoria para ver mais além do que essas manifestações...
ResponderEliminarTambém o meu filho 19 anos,fez "rastas,e nem as vejo se é que me faço entender,mãe é mãe no seu caso avó e os avós do meu filho parece não se incomodam muito ao avô a irmã teve que explicar o que era como era o avô chegou a perguntar"mas aquilo lava-se?"aqui a mãe vai tolerar rastas,piercings,tatuagens etc um, abraço.
ResponderEliminarA Helena é uma avó fantástica! Amar sim sem reservas afinal família é família.
ResponderEliminarINTERESSA O CONTEÚDO!
ResponderEliminarNESTES MOMENTOS TAO CONTURBADOS QUE VIVEMOS AQUELES QUE CONSEGUIREM E ASSIM O DESEJAREM QUE SAIBAM AMAR O CONTEÚDO E NÃO A APARÊNCIA...
MUITO BOM GOSTEI MUITO! TENHO-A EM MUITO BOA CONTA PARABÉNS E UM GRANDE ABRAÇO!