quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Conversas improváveis!

Julgo que certos episódios só acontecem comigo, que devo ter um qualquer "it" que os atrai. Se não, vejamos o que acaba de passar-se. 
Um pouco inesperadamente, no Centro Comercial das Amoreiras - onde fui a correr comprar ingredientes para preparar um prato gourmet dum jantar especial -, eis que uma senhora que devia rondar os quarenta, me pára e exclama: "como eu invejo a sua vida!".
Fiquei tão apardalada, que resolvi reagir pelo lado seguro, ou seja, pelo humor.
- Ah! sim? E porque é que me inveja?
- Por ter a vida que tem.
- Mas acha que eu tenho uma fácil e rica vida?
- Acho!
- Bom, então se "acha", diga-me lá o que é a encanta mais: 
  Um divórcio aos 30 anos? 
  Perder o homem que amou? 
  Dois filhos para criar? 
  Dois empregos para os sustentar? 
  Uma mãe com uma doença incurável? 
  Dois filhos na politica, que detesto?
  Continuar a trabalhar?
  Ser independente?
  Perder um filho que ama?
  Ou ter quem a ame?
- O que é que inveja mais, disse eu, que já tinha perdido uma boa parte do sentido do humor, com este chorrilho que me saíu de rajada?
- A sua felicidade, respondeu ela!
- Ah! Então, se é isso ... é capaz de ter razão.
Já no carro, com os cogumelos a saírem do pacote, os pimentos amarelos a rolarem, o queijo a saltar da embalagem, os coentros misturados com a salsa e a arrancar em segunda... lá percebi que pode haver gente que tem toda a razão em dizer que eu sou feliz. Num conceito muito particular de íntima felicidade, claro.
Ele acontece-me cada uma... 
Mas o prato gourrmet estava divino. Felizmente!

HSC

29 comentários:

  1. O que lhe podem invejar e a intensa vocação de felicidade que a habita.

    a) Alcipe

    ResponderEliminar
  2. A Helena sabe como e onde deve ir buscar as coisas que lhe dão felicidade.
    Aqueles que a invejam só têm de aprender a viver com o seu exemplo de vida.
    Abraço e beijinho

    ResponderEliminar
  3. Talvez a pessoa em questão invejasse acima de tudo, a sua inteligência e o seu carácter...mas esses deverão ser admirados e jamais invejados.

    ResponderEliminar
  4. Infelizmente vivemos numa sociedade que todos acham que estão pior do que os outros, em que nos estamos sempre a queixar de algo e são poucas as pessoas que conseguem perceber que por detrás de um sorriso ou até mesmo de uma boa gargalhada, pode estar uma tristeza, que por vezes ri-se para não se chorar. São poucas as pessoas que o conseguem fazer, uma vez a Senhora disse " as alegrias são para ser partilhadas com os outros e as tristezas guardadas para nós" e infelizmente as pessoas só olham para o "exterior", para o que veêm pois dá muito "trabalho" entender aquilo que não se vê...
    Mas continue a rir as suas gargalhadas são fenomenais .

    ResponderEliminar

  5. Parece-me que o seu segredo é "nunca baixar os braços"...
    Foi subindo degraus, passo a passo, lutando e sublimando todas as contrariedades que a vida lhe foi oferecendo. E vai continuando, sempre a rir, porque essa é a postura de uma mulher corajosa, que acredita em si própria, que sabe do que é capaz...
    Um Abraço de grande admiração
    Teresa Peralta

    ResponderEliminar
  6. Eu não a invejo, como a senhora que encontrou mas admiro-a, muito, porque depois de tudo o que enumerou ainda consegue forças para sorrir.

    Tenho muito a aprender com a senhora é que eu, à primeira contrariedade tenho regularmente a tentação de desistir.

    Mas de facto, Há conversas mesmo improváveis.

    ResponderEliminar
  7. Há palavras portuguesas que por vezes deveriam ser abolidas e vá lá que disse o que lhe disse, por ser a senhora que é, porque outra dar-lhe-ia com os cogumelos e coentros:)

    Ao invés de inveja...eu sempre senti por si uma grande admiração e gosto de a ouvir porque me faz rir com esse seu sorriso contagiante!

    ResponderEliminar
  8. A sua felicidade, mas principalmente o seu realismo sereno e a sua enorme frontalidade sempre foi o que mais admirei em si!

    ResponderEliminar
  9. drªhelena irradia uma segurança em si e naquilo que transmite que nos dá paz, ora isso talvez para quem a sabe observar resuma a dizer a frase infeliz "ter sorte"... o pensamento é livre mas quando se manifesta por vez magoa-nos uma vez que no acto em que estamos naquele momento, nada nos faz pensar que somos felizes mas... se calhar até somos em comparação com o comum dos mortais! hélas!!!
    um forte abraço cheio de carinho, obrigada por quem é.
    lb/z

    ResponderEliminar
  10. Não desperdices o teu tempo a invejar, empenha-te antes em conquistar!
    Boa resposta da sua parte.
    Às vezes a vida que os outros pensam que nós temos, é bem melhor que a nossa realidade.
    Beijinhos

    ResponderEliminar
  11. Admiro-a muito. Gostava de ter a sua força. Mas invejá-la? Nunca. Como se pode invejar alguém que acabou de perder um filho?
    A maneira como deu resposta a essa mulher, foi admirável. Eu partia para a agressão. Faço ideia, da cara que ela deve ter ficado.
    É o que se chama: Bofetada de luva branca.
    Beijo e obrigada, pelas lições que me dá.
    Maria

    ResponderEliminar
  12. A inveja é uma coisa terrível!!E o que eu sinto pela Dra Helena é uma enorme admiração, cada dia maior!A Senhora é fabulosa,possui um caracter,uma força, honestidade,inteligência e tantas outras qualidades q incomodam a mesquinhez de alguns!!!Bem haja Dra Helena por ser como é!Continue sempre assim!Permita-me q lhe envie um beijinho

    ResponderEliminar
  13. Infelizmente inveja é um sentimento muito comum."A galinha do vizinho é sempre melhor que a minha", lá diz o povo e com razão.
    Há pessoas com muita lata!!
    Essa senhora devia ser de facto muito infeliz, até nos actos e sobretudo nas palavas.

    Drª. Helena, seja feliz, cada dia mais é o meu desejo!
    FL

    ResponderEliminar
  14. "intensa vocação de felicidade que a habita" é espantosamente luminoso e verdadeiro.

    Maria Helena

    ResponderEliminar
  15. Cara Helena:

    Que bem escrito, um prazer!

    Permita-me,

    Um beijinho,

    Raúl.

    ResponderEliminar
  16. Ser feliz não é não ter problemas na vida mas sim não fazer da vida um problema.
    A arte de bem viver com os dramas que nos pertencem é o grande segredo e nisso a Dra. Helena reconheça que tem grande mestria..;) eu cá por mim admiro-a.
    abraço

    ResponderEliminar
  17. Cara Helena

    Um coment+ario que não tem nada a ver com espe post.

    Sou professora de matemática e investigadora em história da educação.

    Estou/estamos a construir um dicionário dos professores de Matemática do Século XX em Portugal.
    Sei que teve um primo de que tudo o que sei é

    'Pedro Cabral Sacadura. (Nasceu a 23 de Março de 1899 e faleceu a ). Em 1950/51 leccionava no Liceu de Pedro Nunes.'

    Podia acrescentar mais informação sobre esses seu primo e o seu tio também?

    Vi alguma informação a esse seu primo numa entrada neste blog no dia 9 de Julho de 2009.

    Mária Correia de Almeida

    ResponderEliminar

  18. Tem a grande qualidade de esconder a tristeza e mostrar uma cara sempre sorridente e soltar umas gargalhadas que só nos faz bem ouvir!

    ResponderEliminar
  19. Fazendo coro com os restantes comentários também eu tenho por si uma profunda admiração e ainda uma imensa estima pelo seu inigualável exemplo de força, de generosidade e da sabedoria de saber tirar sempre o melhor partido de todas as coisas. Tê-la connosco é uma grande felicidade! Hoje é uma data especial. Por isso o beijo que lhe dou hoje é ainda maior e leva também um abraço muito apertadinho. Gostamos muito de si!

    Isabel Mouzinho

    ResponderEliminar
  20. Caro Correia de Almeida
    Tive um tio, irmão de meu Pai e portanto também do aviador Chamado Pedro de Sacadura Freire Cabral - nosso verdadeiro nome de família -, que foi reitor do liceu Pedro Nunes e professor de Matemática no mesmo estabelecimento de ensino.
    Há muito tempo que morreu, não tenho a data precisa.
    Casou com uma senhora de origem francesa, Raquel Malhou Durão, mas ignoro se há ou não descendentes vivos. Com o nome agora correcto julgo que poderá obter elementos no Arquivo do próprio Liceu Pedro Nunes.

    ResponderEliminar
  21. Emociono-me sempre que a encontro, que a vejo na TV, suas entrevistas, quando fala de sua vida... sei que não me conhece, não sou ninguém, apenas uma admiradora que já a atendeu na loja onde trabalhava.
    Admiro-a pela sua amabilidade e simpatia mas não a invejo!
    Continue como é, linda e maravilhosa.
    Ametista

    ResponderEliminar
  22. Cara Isabel
    Bem haja pela lembrança que muito me tocou!

    ResponderEliminar
  23. Estimada D. Helena

    O que posso mais dizer/fazer do que interiorizar tudo o que li?

    Vindo de si nada me espanta.

    Ah, permita-me que diga que detesto o termo 'inveja'.

    Cumprimentos

    ResponderEliminar
  24. Minha querida Helena,
    O nosso amigo Alcipe disse o essencial em poucas palavras. Os poetas têm sempre razão!

    ResponderEliminar
  25. Só a Srª. para ter a paciência que
    teve em conversar com uma pessoa
    com um pensamento tão incorrecto
    em relação a si. Espero que a
    mesma tenha aprendido alguma
    coisa.Bj

    ResponderEliminar
  26. CONVERSAS INDESEÁVEIS

    Eu bem digo que tenho muito a aprender com a senhora, querida Drª Helena:

    Então não é que depois de ler esta post, de reflectir sobre ele e sobre o "saber estar" e "saber ser". Eis senão quando uma pessoa (que só por muito azar veio parar à minha família e de que já se percebeu que não suporto) hoje telefone a dizer que quarta-feira vem ao Porto e vem fazer-nos "uma visita".

    E agora? O que faço? Como fazer para mostrar que sou "superior" se bem o que não seja este o termo mais correcto, já que não me considero nem mais nem menos que os demais?

    Resumindo, como é que eu faço se não conseguir "dar às de vila Diogo" antes que seja tarde de mais?

    Ai! Ai! Que sopa de cachola me espera quarta-feira, ainda por cima porque vou ter de "comer a sopa" e vou ficar solteira à mesma.

    Um beijinho,
    Vânia

    ResponderEliminar
  27. Cara Dra. Helena,
    Este Post marcou o meu dia. Parei e aprendi.

    Obrigada!
    Sofia Fernandes

    ResponderEliminar
  28. O Seu digno comentador Alcipe tem razão, além de que suscitar o tipo de inveja positiva que a Senhora suscita é uma atribuição de méritos, sem dúvida.

    ResponderEliminar