Julgo que certos episódios só acontecem comigo, que devo ter um qualquer "it" que os atrai. Se não, vejamos o que acaba de passar-se.
Um pouco inesperadamente, no Centro Comercial das Amoreiras - onde fui a correr comprar ingredientes para preparar um prato gourmet dum jantar especial -, eis que uma senhora que devia rondar os quarenta, me pára e exclama: "como eu invejo a sua vida!".
Fiquei tão apardalada, que resolvi reagir pelo lado seguro, ou seja, pelo humor.
- Ah! sim? E porque é que me inveja?
- Por ter a vida que tem.
- Mas acha que eu tenho uma fácil e rica vida?
- Acho!
- Bom, então se "acha", diga-me lá o que é a encanta mais:
Um divórcio aos 30 anos?
Perder o homem que amou?
Dois filhos para criar?
Dois empregos para os sustentar?
Uma mãe com uma doença incurável?
Dois filhos na politica, que detesto?
Continuar a trabalhar?
Ser independente?
Perder um filho que ama?
Ou ter quem a ame?
Continuar a trabalhar?
Ser independente?
Perder um filho que ama?
Ou ter quem a ame?
- O que é que inveja mais, disse eu, que já tinha perdido uma boa parte do sentido do humor, com este chorrilho que me saíu de rajada?
- A sua felicidade, respondeu ela!
- Ah! Então, se é isso ... é capaz de ter razão.
Já no carro, com os cogumelos a saírem do pacote, os pimentos amarelos a rolarem, o queijo a saltar da embalagem, os coentros misturados com a salsa e a arrancar em segunda... lá percebi que pode haver gente que tem toda a razão em dizer que eu sou feliz. Num conceito muito particular de íntima felicidade, claro.
Ele acontece-me cada uma...
Ele acontece-me cada uma...
Mas o prato gourrmet estava divino. Felizmente!
HSC
O que lhe podem invejar e a intensa vocação de felicidade que a habita.
ResponderEliminara) Alcipe
A Helena sabe como e onde deve ir buscar as coisas que lhe dão felicidade.
ResponderEliminarAqueles que a invejam só têm de aprender a viver com o seu exemplo de vida.
Abraço e beijinho
Talvez a pessoa em questão invejasse acima de tudo, a sua inteligência e o seu carácter...mas esses deverão ser admirados e jamais invejados.
ResponderEliminarInfelizmente vivemos numa sociedade que todos acham que estão pior do que os outros, em que nos estamos sempre a queixar de algo e são poucas as pessoas que conseguem perceber que por detrás de um sorriso ou até mesmo de uma boa gargalhada, pode estar uma tristeza, que por vezes ri-se para não se chorar. São poucas as pessoas que o conseguem fazer, uma vez a Senhora disse " as alegrias são para ser partilhadas com os outros e as tristezas guardadas para nós" e infelizmente as pessoas só olham para o "exterior", para o que veêm pois dá muito "trabalho" entender aquilo que não se vê...
ResponderEliminarMas continue a rir as suas gargalhadas são fenomenais .
ResponderEliminarParece-me que o seu segredo é "nunca baixar os braços"...
Foi subindo degraus, passo a passo, lutando e sublimando todas as contrariedades que a vida lhe foi oferecendo. E vai continuando, sempre a rir, porque essa é a postura de uma mulher corajosa, que acredita em si própria, que sabe do que é capaz...
Um Abraço de grande admiração
Teresa Peralta
Eu não a invejo, como a senhora que encontrou mas admiro-a, muito, porque depois de tudo o que enumerou ainda consegue forças para sorrir.
ResponderEliminarTenho muito a aprender com a senhora é que eu, à primeira contrariedade tenho regularmente a tentação de desistir.
Mas de facto, Há conversas mesmo improváveis.
Há palavras portuguesas que por vezes deveriam ser abolidas e vá lá que disse o que lhe disse, por ser a senhora que é, porque outra dar-lhe-ia com os cogumelos e coentros:)
ResponderEliminarAo invés de inveja...eu sempre senti por si uma grande admiração e gosto de a ouvir porque me faz rir com esse seu sorriso contagiante!
A sua felicidade, mas principalmente o seu realismo sereno e a sua enorme frontalidade sempre foi o que mais admirei em si!
ResponderEliminardrªhelena irradia uma segurança em si e naquilo que transmite que nos dá paz, ora isso talvez para quem a sabe observar resuma a dizer a frase infeliz "ter sorte"... o pensamento é livre mas quando se manifesta por vez magoa-nos uma vez que no acto em que estamos naquele momento, nada nos faz pensar que somos felizes mas... se calhar até somos em comparação com o comum dos mortais! hélas!!!
ResponderEliminarum forte abraço cheio de carinho, obrigada por quem é.
lb/z
Não desperdices o teu tempo a invejar, empenha-te antes em conquistar!
ResponderEliminarBoa resposta da sua parte.
Às vezes a vida que os outros pensam que nós temos, é bem melhor que a nossa realidade.
Beijinhos
Admiro-a muito. Gostava de ter a sua força. Mas invejá-la? Nunca. Como se pode invejar alguém que acabou de perder um filho?
ResponderEliminarA maneira como deu resposta a essa mulher, foi admirável. Eu partia para a agressão. Faço ideia, da cara que ela deve ter ficado.
É o que se chama: Bofetada de luva branca.
Beijo e obrigada, pelas lições que me dá.
Maria
A inveja é uma coisa terrível!!E o que eu sinto pela Dra Helena é uma enorme admiração, cada dia maior!A Senhora é fabulosa,possui um caracter,uma força, honestidade,inteligência e tantas outras qualidades q incomodam a mesquinhez de alguns!!!Bem haja Dra Helena por ser como é!Continue sempre assim!Permita-me q lhe envie um beijinho
ResponderEliminarInfelizmente inveja é um sentimento muito comum."A galinha do vizinho é sempre melhor que a minha", lá diz o povo e com razão.
ResponderEliminarHá pessoas com muita lata!!
Essa senhora devia ser de facto muito infeliz, até nos actos e sobretudo nas palavas.
Drª. Helena, seja feliz, cada dia mais é o meu desejo!
FL
"intensa vocação de felicidade que a habita" é espantosamente luminoso e verdadeiro.
ResponderEliminarMaria Helena
Cara Helena:
ResponderEliminarQue bem escrito, um prazer!
Permita-me,
Um beijinho,
Raúl.
Ser feliz não é não ter problemas na vida mas sim não fazer da vida um problema.
ResponderEliminarA arte de bem viver com os dramas que nos pertencem é o grande segredo e nisso a Dra. Helena reconheça que tem grande mestria..;) eu cá por mim admiro-a.
abraço
Cara Helena
ResponderEliminarUm coment+ario que não tem nada a ver com espe post.
Sou professora de matemática e investigadora em história da educação.
Estou/estamos a construir um dicionário dos professores de Matemática do Século XX em Portugal.
Sei que teve um primo de que tudo o que sei é
'Pedro Cabral Sacadura. (Nasceu a 23 de Março de 1899 e faleceu a ). Em 1950/51 leccionava no Liceu de Pedro Nunes.'
Podia acrescentar mais informação sobre esses seu primo e o seu tio também?
Vi alguma informação a esse seu primo numa entrada neste blog no dia 9 de Julho de 2009.
Mária Correia de Almeida
ResponderEliminarTem a grande qualidade de esconder a tristeza e mostrar uma cara sempre sorridente e soltar umas gargalhadas que só nos faz bem ouvir!
Fazendo coro com os restantes comentários também eu tenho por si uma profunda admiração e ainda uma imensa estima pelo seu inigualável exemplo de força, de generosidade e da sabedoria de saber tirar sempre o melhor partido de todas as coisas. Tê-la connosco é uma grande felicidade! Hoje é uma data especial. Por isso o beijo que lhe dou hoje é ainda maior e leva também um abraço muito apertadinho. Gostamos muito de si!
ResponderEliminarIsabel Mouzinho
Caro Correia de Almeida
ResponderEliminarTive um tio, irmão de meu Pai e portanto também do aviador Chamado Pedro de Sacadura Freire Cabral - nosso verdadeiro nome de família -, que foi reitor do liceu Pedro Nunes e professor de Matemática no mesmo estabelecimento de ensino.
Há muito tempo que morreu, não tenho a data precisa.
Casou com uma senhora de origem francesa, Raquel Malhou Durão, mas ignoro se há ou não descendentes vivos. Com o nome agora correcto julgo que poderá obter elementos no Arquivo do próprio Liceu Pedro Nunes.
Emociono-me sempre que a encontro, que a vejo na TV, suas entrevistas, quando fala de sua vida... sei que não me conhece, não sou ninguém, apenas uma admiradora que já a atendeu na loja onde trabalhava.
ResponderEliminarAdmiro-a pela sua amabilidade e simpatia mas não a invejo!
Continue como é, linda e maravilhosa.
Ametista
Cara Isabel
ResponderEliminarBem haja pela lembrança que muito me tocou!
Estimada D. Helena
ResponderEliminarO que posso mais dizer/fazer do que interiorizar tudo o que li?
Vindo de si nada me espanta.
Ah, permita-me que diga que detesto o termo 'inveja'.
Cumprimentos
Minha querida Helena,
ResponderEliminarO nosso amigo Alcipe disse o essencial em poucas palavras. Os poetas têm sempre razão!
Só a Srª. para ter a paciência que
ResponderEliminarteve em conversar com uma pessoa
com um pensamento tão incorrecto
em relação a si. Espero que a
mesma tenha aprendido alguma
coisa.Bj
CONVERSAS INDESEÁVEIS
ResponderEliminarEu bem digo que tenho muito a aprender com a senhora, querida Drª Helena:
Então não é que depois de ler esta post, de reflectir sobre ele e sobre o "saber estar" e "saber ser". Eis senão quando uma pessoa (que só por muito azar veio parar à minha família e de que já se percebeu que não suporto) hoje telefone a dizer que quarta-feira vem ao Porto e vem fazer-nos "uma visita".
E agora? O que faço? Como fazer para mostrar que sou "superior" se bem o que não seja este o termo mais correcto, já que não me considero nem mais nem menos que os demais?
Resumindo, como é que eu faço se não conseguir "dar às de vila Diogo" antes que seja tarde de mais?
Ai! Ai! Que sopa de cachola me espera quarta-feira, ainda por cima porque vou ter de "comer a sopa" e vou ficar solteira à mesma.
Um beijinho,
Vânia
Cara Dra. Helena,
ResponderEliminarEste Post marcou o meu dia. Parei e aprendi.
Obrigada!
Sofia Fernandes
O Seu digno comentador Alcipe tem razão, além de que suscitar o tipo de inveja positiva que a Senhora suscita é uma atribuição de méritos, sem dúvida.
ResponderEliminarObrigada Helena.
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