Análise séria e acutilante, humorada ou entristecida, do Portugal dos nossos dias, da cidadania nacional e do modo como somos governados e conduzidos. Mas também, um local onde se faz o retrato do mundo em que vivemos e que muitos bem gostariam que fosse melhor!
domingo, 24 de junho de 2012
Lembra de Mim!
Também se pode acordar ao Domingo, com esta canção sussurrada aos nossos ouvidos. E é bom!
... não acho. É a balada do enforcado, é o jeito do enjeitado, é o lamento do que perdeu, porque quis. É o uivo do covarde, que insiste em passar por gato, mas nunca passará de escorpião. É a reza do não-pagador de falsas promessas, é o pedido incontido de perdão, por ter criado uma estúpida ilusão. É a criança mimada, estragada com mitos e cheia de convencimentos fátuos, que se acha superior a todos os que a rodeiam e, por isso, parte o brinquedo, estraga o bolo e suja o chão. É a lamurienta versão de todos os fados, o arrependimento sem rosto, a realidade sem face, a mentira constante disfarçada de inocência e boa intenção. Parece que Ivan Lins fala de amor, mas não. Lembrar, sim, para não esquecer. Parece tonto, mas é auto-preservação. Os poetas fingem, mas sabem do que falam... Assim sendo, não é bom; mas existem dores preventivas de credulidades futuras. Que pena que os exemplos de uns não possam servir para outros, mas, na vida, cada um tem de viver as suas subidas aos céus e as suas descidas aos infernos. Está escrito.
... mas devido à data, entendo que possa ser evocado para um grande amor; um amor intocável, perfeito. E assim, sim. Assim, associo-me de coração e lembro-o, sim. Muitas vezes. Um sorriso inigualável numas asas que nunca deixam de nos envolver na sua bonomia. Assim, Milady, é bom. Pacífico. Como tudo deveria ser.
Cara Drª Helena, depois desta música que só hoje (15 de Junho 2010) tive oportunidade de ouvir.
E pensando na subtil mensagem que encerra coloco neste post dois poemas dos quais gosto muito. O primeiro, de Eugénio de Andrade, "É urgente o Amor"
É urgente o amor É urgente o amor. É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras, ódio, solidão e crueldade, alguns lamentos, muitas espadas.
É urgente inventar alegria, multiplicar os beijos, as searas, é urgente descobrir rosas e rios e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz impura, até doer. É urgente o amor, é urgente permanecer.
Embora no caso o amor já não seja urgente mas, sim, permanente. Os que partem, têm o doce condão de viver para sempre nos corações dos que amam.
O segundo poema, também de Eugénio de Andrade: "Aquela nuvem"
Aquela Nuvem - É tão bom ser nuvem, ter o corpo leve, e passar, passar.
- Leva-me contigo Quero ver Granada. Quero ver o mar.
- Granada é longe, o mar é distante. Não podes voar.
- Para que te serve ser nuvem, se não me podes levar?
- Serve para te ver e passar, passar.
Na sequência deste poema, concluo com uma frase do meu querido "O Principezinho" de Antoine de Saint-Exupéry: "Só se vê bem com o coração". O pequenote era um sábio e do seu coração de criança saiam grandes verdades (daquelas a que só os pequenos nos sabem dizer).
Acordar ao domingo com esse sussuro, atira-nos para uma sensação indescritível.
ResponderEliminarE como será o resto do dia?
Cumprimentos
Esta música é lindíssima e obrigado pela partilha!
ResponderEliminarAdoro Ivan Lins e esta canção é magnífica! Obrigada por fazê-la recordar. Bom resto de Domingo (feliz!)
ResponderEliminarUm beijinho
Isabel Mouzinho
A música é de facto maravilhosa; lembro-me de ainda ser uma adolescente e trauteá-la com um sorriso sonhador.
ResponderEliminar... não acho.
ResponderEliminarÉ a balada do enforcado, é o jeito do enjeitado, é o lamento do que perdeu, porque quis.
É o uivo do covarde, que insiste em passar por gato, mas nunca passará de escorpião.
É a reza do não-pagador de falsas promessas, é o pedido incontido de perdão, por ter criado uma estúpida ilusão.
É a criança mimada, estragada com mitos e cheia de convencimentos fátuos, que se acha superior a todos os que a rodeiam e, por isso, parte o brinquedo, estraga o bolo e suja o chão.
É a lamurienta versão de todos os fados, o arrependimento sem rosto, a realidade sem face, a mentira constante disfarçada de inocência e boa intenção.
Parece que Ivan Lins fala de amor, mas não.
Lembrar, sim, para não esquecer.
Parece tonto, mas é auto-preservação.
Os poetas fingem, mas sabem do que falam...
Assim sendo, não é bom; mas existem dores preventivas de credulidades futuras.
Que pena que os exemplos de uns não possam servir para outros, mas, na vida, cada um tem de viver as suas subidas aos céus e as suas descidas aos infernos.
Está escrito.
... mas devido à data, entendo que possa ser evocado para um grande amor; um amor intocável, perfeito.
ResponderEliminarE assim, sim.
Assim, associo-me de coração e lembro-o, sim. Muitas vezes.
Um sorriso inigualável numas asas que nunca deixam de nos envolver na sua bonomia.
Assim, Milady, é bom.
Pacífico. Como tudo deveria ser.
Cara Drª Helena, depois desta música que só hoje (15 de Junho 2010) tive oportunidade de ouvir.
ResponderEliminarE pensando na subtil mensagem que encerra coloco neste post dois poemas dos quais gosto muito. O primeiro, de Eugénio de Andrade, "É urgente o Amor"
É urgente o amor
É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.
Embora no caso o amor já não seja urgente mas, sim, permanente. Os que partem, têm o doce condão de viver para sempre nos corações dos que amam.
O segundo poema, também de Eugénio de Andrade: "Aquela nuvem"
Aquela Nuvem
- É tão bom ser nuvem,
ter o corpo leve,
e passar, passar.
- Leva-me contigo
Quero ver Granada.
Quero ver o mar.
- Granada é longe,
o mar é distante.
Não podes voar.
- Para que te serve
ser nuvem, se não
me podes levar?
- Serve para te ver
e passar, passar.
Na sequência deste poema, concluo com uma frase do meu querido "O Principezinho" de Antoine de Saint-Exupéry: "Só se vê bem com o coração". O pequenote era um sábio e do seu coração de criança saiam grandes verdades (daquelas a que só os pequenos nos sabem dizer).
Um abraço enorme,
Vânia Batista
Ainda de Antoine de Saint-Exupéry... recebi hoje esta mensagem e não podia deixar de a partilhar consigo, querida Dra Helena:
ResponderEliminar"Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós."
Um beijinho grande
Vânia Batista
Ao Domingo ou a qualquer outro dia da semana, Helena. Ivan Lins é um dos maiores expoentes da MPB a par de Tom Jobim e do grande Vinicius de Moraes.
ResponderEliminar(Cruzes, Margarida!)