Ando em mood de roubos. Desta feita, fui ao post do Pedro Correia no blogue colectivo Delito de Opinião e furtei-lhe algumas linhas. Assim, o texto é meu - sempre mostro algum trabalho...-, mas as frases são dele. E como concordo com todas elas, aqui vai, uma vez mais, o meu desacordo ao Acordo fatal!
Já não é só o Centro Cultural de Belém -- instituição de direito privado, sem tutela pública. Ou Serralves. Ou a Casa da Música. Já não são só a generalidade dos jornais que o ignoram -- Correio da Manhã, Jornal de Notícias, Público, i, Diário Económico e Jornal de Negócios, além da revista Sábado.
Já não só os angolanos que se demarcam, ou os moçambicanos. Ou até os macaenses. Sem excluir os próprios brasileiros.
Por cá também já se perdeu de vez o respeitinho pelo Acordo Ortográfico. Todos os dias surge a confirmação de que não existe o consenso social mínimo em torno deste assunto.
É José Gil, um dos mais prestigiados pensadores portugueses, a classificá-lo, com toda a propriedade, de «néscio e grosseiro».
É a Faculdade de Letras de Lisboa que recusa igualmente impor o acordo. Que só gera desacordo.
Sobretudo, somos todos nós: os cidadãos. E contra isso é quase impossível lutar.
ResponderEliminarTeria sido tão fácil, ter percebido isso ates...cada vez mais , os legisladores, de ouvidos fechados, infelizmente.
Acordo ortográfico? Não ouvi falar!
ResponderEliminarAcordo Ortográfico, pois então!
ResponderEliminarApenas 10 exemplos:
1.º - Egito e egípcios (na 1.ª palavra o p, como não se lia, deixou de se escrever [antes do acordo escrevia-se Egipto]; na 2.ª palavra o p surge do nada, pois Egito devia gerar egitos e não egípcios.
2.º - Cor-de-rosa e água-de-colónia escrevem-se com hífen por causa da consagração pelo uso;
3.º - Cor de laranja e fim de semana escrevem-se sem hífen, apenas porque… sim.
4.º - Para (verbo) perde o acento ficando igual a para.
5.º - Pôr (verbo) mantém o acento para se distinguir de por (preposição).
6.º - Pode (pretérito perfeito) leva «obrigatoriamente» acento (pôde) para se distinguir de pode (presente do indicativo);
7.º - Demos (presente do conjuntivo) leva «facultativamente» acento (dêmos / demos) para se distinguir / se confundir com demos (pretérito perfeito);
8.º - Há várias formas simples (ou um pouco mais complexas) com 4 grafias correctas:
confeccionámos - confecionámos – confeccionamos – confecionamos;
decepcionámos – dececionámos – decepcionamos – dececionamos;
fraccionámos – fracionámos – fraccionamos – fracionamos;
tectónico, -a – tectônico, -a – tetónico, -a – tetônico, -a;
electrónico, -a – electrônico, -a – eletrónico, -a – eletrônico, -a;
Santa Eufémia – santa Eufémia – Santa Eufêmia – santa Eufémia.
Factor cardiogénico – com 4 formas gráficas correctas;
Perspectiva cónica – com 4 formas gráficas correctas;
9.º - Algumas expressões complexas têm 8 grafias correctas:
Igreja de Santo António – com 8 formas gráficas correctas;
Rua de Santo António – com 8 formas gráficas correctas;
Dactiloscopia electrónica – com 8 formas gráficas correctas;
Expectativa económica – com 8 formas gráficas correctas;
Fracção livre do antigénio da próstata – com 8 formas gráficas correctas;
10.º - Há um cabeçalho de uma carta (exemplo extremo de variação gráfica permitida) que tem 524 288 formas correctas para ser escrito.
Ex. mo / ex. mo (x2) Senhor / senhor (x2)
Prof. / prof. (x2) Doutor / doutor (x2) Cónego / Cónego / cónego / cônego (x4) Monsenhor / monsenhor (x2) Eugénio / Eugênio (x2) Baptista / Batista (x2)
Universidade Federal de Rondónia / Rondônia (x2)
Campus de Santo António (x8) de Rondónia / Rondônia (x2)
Rua / rua (x2) de Santa Eufémia / santa Eufémia / Santa Eufêmia / santa Eufêmia (x4);
Brasil
524 288 (= 2 elevado a 18) formas correctas!!!
Mais uniformizador do que este AO não há.
Ou queriam melhor?
Bravo HSC! Corajoso Post este seu. Haja mais!Assinei, juntamente com outros milhares de inconformados, a Petição conta esta Acordo. Que morra! Que deixe de ser!
ResponderEliminarAnónimo mas Atento.
O mais aberrante é que a ideia partiu de cá, de Portugal! Parece que para que a língua não se perdessse, qual berlinde pequenino… Mais aberrante ainda, o primeiro acordo de tenho conhecimento data do tempo do rei D. Carlos… E esta, hein!
ResponderEliminarRaúl Mesquita.
Raul Mesquita,
ResponderEliminarA ideia partiu do presidente Sarney em 1989. O anterior projecto de acordo estava morto e enterrado.
O primeiro acordo de que terá conhecimento é de 1945.
A chamada reforma do português foi em 1911, depois da implantação da república.
O rei D. Carlos foi assassinado por 1908, pela Carbonária, organização ligada à maçonaria (e parece que mais estreitamente do que se supunha) que foi quem promoveu a «reforma» de 1911 que teve como consequência a perda de unidade do português.
Está divinal!!!
ResponderEliminarRecuso-me a aprender as novas regras do acordo ortográfico, mas profissionalmente passei a ser obrigada a utilizá-lo desde o início do ano.
Também não fiquei preocupada porque encontrei um novo colaborador/amigo - o conversor lince (http://www.portaldalinguaportuguesa.org/lince.php).
É fácil, rápido e permite-me não desaprender aquilo que me ensinou a professora da primária.
Isabel BP