Análise séria e acutilante, humorada ou entristecida, do Portugal dos nossos dias, da cidadania nacional e do modo como somos governados e conduzidos. Mas também, um local onde se faz o retrato do mundo em que vivemos e que muitos bem gostariam que fosse melhor!
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
The Economist...
A zona euro continua a caminhar a passos largos para o fim, afirma a revista The Economist. Depois dos países periféricos, os estragos da crise chegam ao epicentro da moeda única, com a Itália e a Espanha a darem os primeiros sinais. Apesar dos desmentidos, continuam a correr rumores de que Roma já teria pedido ao FMI um plano de ajuda, no valor de 600 mil milhões de euros.
Merkel e Sarkozy já admitiram que se estas duas economias seguirem o caminho da Grécia, Irlanda e Portugal, haverá um autêntico terramoto na Europa dos 17. É por isso que aquela revista dá apenas algumas semanas de vida ao euro.
A concretizar-se, o empréstimo internacional acima referido iria permitir à Itália um período de doze a dezoito meses para implementar os cortes orçamentais e as reformas de estímulo à economia mais urgentes.
Porém, ajudar Itália - que constitui 17% da economia do euro - representa mais do que resgatar Grécia, Irlanda e Portugal que, em conjunto, valem apenas 6% da moeda única.
Ou seja, o volume de um eventual resgate a Roma torna a sua concretização muito problemática, porque o plano andará sempre em torno dos 600 mil milhões de euros e o FMI não tem meios para, sozinho, lá chegar.
Com efeito, as reservas do Fundo não atingem os 400 mil milhões. Por isso, estarão a ser estudadas várias hipóteses, incluindo uma acção conjunta com o BCE. Verdade? Só o saberemos mais tarde.
O facto da Itália só ter executado 89% do seu plano de financiamento, aliados à estagnação da sua economia e aos 1,9 biliões de euros de dívida pública -120% do seu PIB -, estão a fazer com que os investidores acreditem num pedido de resgate.
E, mais uma vez, é a Angela Merkel e Nicolas Sarkozy que compete trabalhar num novo Pacto de Estabilidade e Crescimento que promova maior integração política, retire poder aos Estados-membros e aumente a força do BCE.
Se assim for, é o reconhecimento público de que nem a Alemanha nem a França conseguem contrariar os mercados, que há muito apostam no fim do euro.
Curiosamente não pedem o seu desaparecimento ou mesmo que cada país volte à sua anterior moeda. O que pretendem é o fim de uma união monetária sem união política.
De acordo com a "The Economist", "a crise na zona euro está a provocar o pânico e o risco de a moeda única se desintegrar dentro de semanas é muito alarmante".
A qual, para cúmulo do pessimismo, acrescenta que a crise já alastrou "da periferia vulnerável da zona euro aos países "core" e que "existem sinais de que a economia desta zona está a caminhar para uma recessão".
Na mesma linha, conclui que "agora é provável uma calamidade ainda maior. A intensificação das pressões financeiras aumenta as probabilidades de um "default" desordeiro de um país, de uma corrida aos depósitos dos bancos ou de uma revolta contra a austeridade, que marcaria o início do fim da zona euro".
Quando se lê uma análise destas ou ficamos angustiados, ou inquirimos como foi possível chegar até aqui, ou acreditamos que o eixo franco alemão terá que ceder. E isto porque a Alemanha neste momento não existe sem o suporte da França, e os países "bem comportados" não conseguirão fugir aos efeitos maléficos desta crise.
Mas para quem, como eu, tem em Portugal todas as poupanças de uma vida de trabalho, as insónias aproximam-se...
HSC
Minha querida Helena
ResponderEliminarTambém eu tenho todas as poupanças de uma vida em Portugal e já ando com insónias há imenso tempo, só de pensar onde posso aplicar o pouco que tenho.
No caso de um colapso financeiro Europeu o que havemos de fazer?
Será como foi na Argentina? temo que seja bem pior...
Discretamente, proporia que se começasse a trocar Euros por...CHF, para quem tem economias, naturalmente. Cá por mim...
ResponderEliminarPost do maior interesse. A par do artigo do Economist. A seguir os próximos episódios desta "novela" (UE+Euro)com a maior atenção.
P.Rufino
Recebi hoje um recado. Sei que lhe estou grato com motivo.
ResponderEliminara) F. da Mata
Respondam-me, por favor, a uma simples perqunta: Com tantos crâneos versados em ECONOMIA por essa Europa fora (ex. Sr. Vitor Constâncio), não se vislumbra uma saída para que não mergulhemos no caos? Estou muito agoniada. Também me custa a adormecer. Cumptos.
ResponderEliminarAnónima II:
ResponderEliminarTemos, supostamente, um desses "Crâneos" no Governo, o Dr. Gaspar das Finanças (ao que me consta "Par" para poupar "Gaz" - assim manda a Crise!).
E quando, como muita gente ouviu (eu ouvi na TSF) hoje que, segundo a OCDE, a nossa Economia vai resvalar ainda mais em 2012 e em consequência a taxa do desemprego subirá, possivelmente para cima dos 14%, perguntamos e então meus senhores como dar a volta ao prego? Como se revitaliza uma economia de mercado? Com mais impostos sobre as empresas, os consumidores/contribuintes? Relendo Milton Friedman?
Como diz o brasileiro: a coisa está preta, ou a ficar dessa cor.
Quanto ao artigo do Economist, é de arrepiar. Sinceramente, a acreditar naquelas previsões - e no que HSC aqui nos explica - o melhor é começar a trocar Euros por outra moeda credivel (CHF, por exemplo).
Nada como o cepticismo inglês: eles lá sabem (ou sabiam) porquê!
P.Rufino
E, o comum português que não compreende nada de economia fica ainda mais assustado quando os governantes com um lexico que lhes é desconhecido debitam medidas que não demonstram qualquer preocupação em esclarecer convenientemente.
ResponderEliminarAssisti ao pequeno momento de esclarecimento que realizou na SIC, esta manhã, parabéns espero que se repitam.*
Não será muito oportuno aqui, mas para contrariar a crise do euro quero dizer-lhe que adorei estar ontem consigo no lançamento do seu livro de culinária. Costumo dizer que a Helena é igual a si mesma e não existe hipótese de semelhanças.
ResponderEliminarFoi um bom momento e o Manuel Luis Goucha fez-lhe todos os merecidos elogios. Só me resta desejar-lhe que Deus lhe dê sempre essa lucidez, senso e assertividade rodeada do carinho de todos os que lhe querem bem.
E são muitos...
Grande beijinho e obrigada
Teresa
Da leitura do texto e dos comentários fica-me uma grande angustia e preocupação não só com o meu amanhã e dos que me são próximos mas de um grande número de pessoas que nada têm e cuja sobrevivência depende do estado e da caridade de terceiros.
ResponderEliminarO CHF já está muito caro e se calhar não será muito sensato comprar activos quando esles já estão altos, ou será que estou errada??? Se alguém me puder dar umas dicas, agradeço.
ResponderEliminarCaro/Cara VES,
ResponderEliminarO CHF não está caro. Muito pelo contrário. Aqui há tempos, estava a 1=1, agora está - graças à intervenção do Banco Central Suíço , a 1.20 CHF-Euro(e sobe ou desce na base desse valor - 1.20 - artificial).
Compre. Não hesite - conselho de amigo.
Tal não invalida que, com a crise que grassa na zona euro, que o CHF também seja afectado.
Nisto de Economia, nos tempos que correm, com os bancos falidos (sobretudo os nossos, a deverem cerca de 45 mil milhões de Euros ao BCE, ao que consta) nunca se sabe. Mas qual a moeda segura onde colocar as nossas poupanças?
Mui Ilustre Drª HSC, qual? Alguma sugestão?
P.Rufino
Sobre a crise do Euro , já aqui tinha dito que Portugal vai saltar , logo na primeira ocasião . No entanto agora, coloca-se um cenário também interessante que é o da Alemanha e dos paises Nordicos saltarem do Euro e deixarem-nos sozinhos com essa moeda em acelerada desvalorização !
ResponderEliminarPara aqueles que têm economias possiveis de liquidez , mudem-se para Ouro e Prata( fisico) asap !
Não troquem divisas por divisas porque ai são agarrados na ratoeira!
Hoje existem possibilidades de comprar e deixar os metais à guarda de quem os vende , pagando o aluguer !
Se quiserem posso dar-lhes os sites!
Só mais uma nota. As notas não representam dinheiro, as notas representam uma autorização do banco emissor para para pagar divida. Nós nascemos com a noção errada de que as notas são dinheiro, mas não são !
O que é dinheiro não precisa de autorização de nenhum estado, não se estraga com o tempo e é aceite em todo o mundo. Nestas condições só existe o Ouro e a prata !
O resto são tretas e desinformação !!
OGman
Caro P. Rufino,
ResponderEliminarAgardeço sinceramente a sua opinião, mas pelo que sei desde Agosto o CHF tem vindo a subir e com compra massiva desta moeda, o que poderá acontecer??? Desculpe-me mas estou só a partilhar as minhas angustias!
E comprar acções de boas empresas americanas, parece-vos muito disparatado???
Obrigada
Estimada VES,
ResponderEliminarO CHF deixou, precisamente nessa data, em Agosto passado, de se "encostar" ao EURO, através da tal intervenção, política, do BC Suíço, pois a Suíça estava a sofrer, designadamente ao nível das suas exportações, com um CHF alto.
Quanto a comprar acções em empresas americanas, julgo que neste Blogue haverá gente mais qualificada do que eu para lhe dar esse tipo de conselhos.
Todavia, eu, pessoalmente, não o faria - para já.
P.Rufino
Ves,
ResponderEliminarComo economista, gestor, jurista, agricultor e psicólogo (ah, pois que a globalização implica ampla latitude de conhecimento), uma vez que tem fortuna de ter conseguido fazer poupança, use o seu património imaterial (aka sabedoria) para colocar os ovos em diferentes cestos.
PAL
Caro P. Rufino
ResponderEliminarAgradeço mais uma vez a sua sábia opinião e a gentileza de a partilhar.
Bem haja