terça-feira, 4 de outubro de 2011

A crise grega


As dificuldades de Atenas dominaram a reunião dos ministros das finanças da zona euro, que no Luxemburgo, tentavam encontrar respostas para a crise da dívida grega e evitar os riscos de contágio a outros países.


Atenas confirmou há dias que o défice orçamental irá atingir este ano 8,5% do PIB, um valor bem distinto dos 7,6% fixados no programa de assistência externa. 


Este resultado seria suficiente para os Dezassete suspendessem a próxima tranche de 110 mil milhões de euros do programa de ajuda. Mas isso lançaria o país na falência em pouca semanas.
Este pagamento deverá ser formalmente confirmado nas duas próximas semanas e terá por base um relatório da troika, ou seja, a missão de peritos europeus e do FMI.


A súbita compreensão dos governos europeus, nomeadamente dos tradicionais críticos do “laxismo” grego, não é muito clara.
O que se diz é que alguns ministros consideram que há limites para as reformas que se podem exigir num ano, sobretudo num país que está em recessão há quatro anos seguidos.
Outra explicação plausível é a de que os Dezassete se tenham resignado à inevitabilidade de organizar um incumprimento parcial da dívida grega, que o FMI prevê que continuará a crescer até 2012.


É neste contexto que o debate desta segunda-feira foi dominado pelo segundo programa de ajuda à Grécia, no valor de 109 mil milhões de euros, o qual prevê, pela primeira vez, a participação dos credores privados, que sofrerão uma redução de 21% do valor dos seus activos, no caso de um reescalonamento da dívida helénica, no quadro de um default parcial.
Mas antes da entrada em vigor deste programa, a Alemanha, Holanda e Finlândia querem rever os seus termos, de modo a impor uma redução superior dos activos dos privados. Contudo o modelo ainda não está definido. 

A decisão de libertar a tranche de ajuda prevista poderá destinar-se, sobretudo, a permitir à zona euro ganhar tempo enquanto os governos ultimam e negoceiam um maior envolvimento dos privados. O qual, se tudo correr bem, arrancará no fim do ano.


Seja qual for a intenção, a palavra de ordem foi a desdramatização da derrapagem grega e os elogios das últimas medidas de austeridade anunciadas nas últimas semanas pelo governo. 

A generalidade dos ministros e a Comissão Europeia preferiram, aliás, sublinhar que mesmo que a meta deste ano não seja cumprida, as medidas permitirão atingir o objectivo de 6,5% do PIB fixada para 2012.
A Grécia é um país com dificuldades estruturais (...) mas não é o bode expiatório da zona euro”, afirmou o ministro das finanças grego à chegada à reunião. Esta posição pareceu merecer o apoio do presidente do Eurogropo, Jean-Claude Juncker, quando salientou que as metas de consolidação orçamental que a Grécia terá de cumprir, se referem ao biénio 2011/12 no seu conjunto, o que é um progresso relativamente ao novo pacote.
Além disto, os Dezassete estão a preparar formas de aumentar a capacidade de acção do FEEF, que é o fundo de socorro do euro, a fim de o dotar dos meios financeiros necessários para socorrer os países que, por via de um efeito de dominó, possam ser afectados por um eventual default de Atenas.
Uma
 das hipóteses - muito referida - envolve a transformação do FEEF numa instituição bancária que possa endividar-se junto do Banco Central Europeu e ajudar os países em dificuldades.




O que acabei de referir são apenas pequenos passos para uma questão vital, que não reúne ainda os consensos necessários. Esperemos por dias melhores, em que a solidariedade europeia seja mais visível...

HSC

1 comentário:

  1. Uma coisa tenho que admitir: Lá esperança tem a Helena para dar e vender... "Esperemos por dias melhores, em que a solidariedade europeia seja mais visível..."

    Será que os nossos credores aceitam Esperança ou invés de $/€?

    Como eu não tenho grande motivos para sustentar este tipo de esperança fico-me com este "cenário":

    Só um louco acredita que o seguinte não vai acontecer:

    - Grécia vai entrar em Default e Bancarrota

    - Bancos Franceses e Alemães vão falir, em última instância... não sem antes serem injectados, outra vez, muitos milhões e o zé mané vai pagar...

    - Atrás desta falência anunciada e já não muito distante os principais bancos da Wall Street vão-se ver Gregos para se safar pois afinal de contas eles "financiaram" estes bancos em qualquer coisa como $2.7 triliões... coisinha pouca...

    - E... com estes bancos todos em stress e a falirem os ZÉs MANÉs vão-se ver como os Gregos...

    Se por acaso quem leu isto acredita que estou louco... não não estou!!! ihih

    E quanto à solidariedade europeia... no dia em que formos todos cegos, ela será visível.

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