Acalmem-se com o título. Não vou falar dos "nossos" - salvo seja - homens de negócios. Até podia discorrer sobre os mesmos mas, de um modo geral, não fazem parte dos meus temas de conversa. Refiro-me, sim, a um filme - "The Company Men", na sua versão original - que passou relativamente despercebido, mas para o qual os meus infantes tinham chamado a minha atenção.
Ora ontem eu tinha acordado num dia "mais não", depois de uma noite a verificar que cortes orçamentais suplementares teria de fazer aqui em casa, ou que trabalhos teria de aceitar para que aqueles fossem mais suaves.
Enfim, nada que não aconteça a qualquer português que tenha a sorte de ainda ter trabalho. Aliás, esta listagem já havia sido precedida de conversas com os filhos, que não só consideram que sou imortal, como julgam que trabalharei até à eternidade!
Na ausência dos braços que sempre me protegem quando estou menos optimista, resolvi acolher-me na família fraterna e fazer um jantar com os manos queridos, seguida de uma sessão de cinema.
Eis-nos chegados, pois, ao estado de espírito em que me encontrava quando fui ver uma das últimas exibições da fita em causa. Notável sob diversos aspectos, muito em particular nos diálogos!
Enquanto o "Inside Job" era um documentário sob a forma como a crise nascera e crescera, esta é uma película sobre a forma como certos americanos a "viveram".
Com algumas diferenças poderá dizer-se que tudo aquilo se poderia aplicar à Europa e, em particular, a alguns portugueses, que ainda não perceberam que a crise não é só viver com menos dinheiro, mas é sim, sobretudo, aprender a viver de outra forma. É desta aprendizagem vital que o realizador John Wells fala, através de um Tommy Lee Jones soberbo e de um Ben Affleck finalmente maduro. A não perder!
HSC
Já ouvi falar deste filme e sem dúvida que me cativou. Tenho que o ver, para confirmar se corresponde (ou não) às expectativas!
ResponderEliminar"Aprender a viver de outra forma"...
ResponderEliminarÉ verdade Helena, para alguns ainda é possível.
Quantos fins de semana a deambular pelas estradas queimando gasolina,espatifando o ar que nos resta, sem assunto, sem criatividade, andando em círculos, insultando os condutores de Domingo, disputando o cruzamento,travando a poucos metros do "chato do velhote" que se atreveu (imagine-se) a passar lentamente na passagem de peões. Afinal, onde é que queres ir? Sei lá escolhe tu. Para mim é igual. Para mim também. És sempre o mesmo. O melhor é ir para casa e acabou-se. E vão. Ele queixa-se da gastrite, ela das compras que podiam ter feito e aí está mais um fim de semana desgraçado!!!. E o depósito do carro (claro) quase vazio.
Outra versão: O Jardim! O parque! A beira rio ou mar, tanto faz. E o
casal que se encontra e não se via há tempo.Olha quem está aqui? Como vieram? A pé claro!Nós também.
E se fóssemos jantar lá a casa? Ok. Não tenho nada de especial mas inventa-se.
E riram até às tantas.
Como dantes, até doer o estômago. Sem gastrites. Segunda feira, meto gasolina. Ou não. Ainda está meio. E tu, estás bem? Claro que sim. Dei comigo a pensar que há momentos felizes que não custam dinheiro. E há quanto tempo não entrava num jardim. E que bem me soube aquele café, olhando de frente nos teus olhos. E eu? Bem... não me provoques!!!
Gostei imenso do filme e o elenco é EXCELENTE... de "lavar a vista" para todas as faixas etárias! :)
ResponderEliminarIsabel BP
Mas... as pessoas saíam de casa ao Domingo para gastar dinheiro?! Ainda bem que sou campónia e não arredo pé do buraco. Vai haver transição, como diz a mana lá no sustentabilidade, mas eu acho que não se fica na poupança do deixar de saír ao fim de semana... vai doer muito mais, especialmente para aqueles que vivem no betão. Ainda não vi o filme, nem sei se verei...
ResponderEliminarVivi sempre parcamente, que espero não vir a sentir tanto como a grande maioria... mas o melhor, é que não tenho vergonha de assumir que sempre fui obrigada a gastar pouco e a nunca saber o que é comprar a crédito. Agora pelo que vejo, deve muita gente estar a sofrer bastante, por não poder viver abastadamente como antes, e assim educaram também os seus filhos... É que o País está na bancarrota e temo, que chegue ao ponto de haver um êxodo para o campo, em busca de sobrevivência.
Nunca o interior esteve tão abandonado isso sempre me fez temer, não por esses motivos apenas, como a falta de produção na agricultura, indústria, mas também um tsunami, ou outra qualquer catástrofe. Aqui parece que o abandono foi para ter uma vida melhor... só que essa vida era assim tão boa?! as coisas simples são as melhores, mas o capitalismo tratou de acabar com essa forma de estar na vida. Resumindo, tudo tem o reverso da medalha. Na medida em que se dá, recebe-se. Teremos de todos nos fazer à vida e dar a volta por cima. Uma mudança de paradigma está a acontecer.
Que interessante este texto de" era uma vez". Ótima sugestão. Podem vir mais. Todas as achegas são de pensar. Realmente as coisas simples...
ResponderEliminarMinha querida Fada, até essa serenidade de vida que hoje tem, possivelmente irá mudar com o retorno dos urbanos à vida de outrora.
ResponderEliminarO meu lema sempre foi "viver de acordo com as possibilidades". Se queres mais, então trabalha mais.
Julguei que teria uma velhice tranquila porque trabalho desde os 13 anos. E...como se vê, continuo a trabalhar para pagar os desperdícios de quem tão mal nos governou...
Não resisto a dizer que me deliciei com o texto de "era uma vez" uma forma de ver os passeios de "domingo" pela minha vitrola, mas com muita graça e algum romantismo, gostei muito... eu que adoro passear e disfrutar da vida olhos nos olhos, ver um filme, e simplesmente estar de roda de uma mesa a rir e a conversar...
ResponderEliminarmas este post que nos fala de um novo modo de viver merece de facto uma reflecção séria, muito séria que deverá/terá de alargar-se aos membros da familia, porque este regressar aos “tempos de antes” pode e é essencial e será certamente mais barato, mas dá trabalho:fazer almoço ou jantares em casa, implica louça para lavar, reaprender o prazer de comer e de cozinhar não fazer refeições no Pingo Doce, “meia doze de arroz branco ou batatas cozidas”.Disfrutar da viagem e não apenas pensar no ponto de chegada é toda uma filosofia de vida que se refletirá, creio bem, na nossa serenidade e bem estar.
Também adorei o "ERA UMA VEZ"
ResponderEliminarDá que pensar. Acho que o caminho será esse mesmo. Pode dar trabalho como diz a Carolina mas vale a pena investir na mudança. Sem nostalgias bacocas, a gente chega lá.