terça-feira, 29 de março de 2011

Memória

"Com esta escrita descobri uma coisa em que nunca tinha pensado, é que o bem mais precioso do homem é a memória."
José Cardoso Pires


Fui ao blogue da Helena Oneto e detive-me, de novo, nesta frase que me lembrou que, durante anos, me assaltou a ideia de que quando envelhecesse perderia a memória. Envelheci, de facto, mas mantenho uma memória de elefante. Que ainda consegue incomodar algumas pessoas mais desmemoriadas...

Hoje, para mim, a memória é lembrança. Do que vivi. E sobretudo do "modo" como vivi. É, também, memória dos tempos. Históricos ou pessoais. É, sobretudo, saudade dos que partiram e aqui souberam deixar um grão que deu fruto. Que nos fez crescer. E nos ajudou a "ser".
Cardoso Pires tem muita razão. Mais ainda do que a liberdade, o nosso bem mais precioso é a memória.


HSC

22 comentários:

  1. A felicidade é boa saúde e má memória"
    Ingrid Bergman


    Cá para mim, já estou como a Helena, a memória é como uma parede onde expomos os retratos de família - ajuda-nos a recordar e isso é muito bom.
    Um beijinho
    Helena Figueiredo

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  2. Adorei!
    A Helena consegue sempre surpreender! Adoro aqui vir, saio sempre inspirada!
    Joana

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  3. A memória é das maiores maldições que o demo doou ao home

    Felizmente temos pouca

    Pensamos ter memória mas temos essencialmente falsas memórias

    ainda ia dizer quelque chose

    mas esqueci-me

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  4. Eu ,um pouco mais nova (60) tenho uma grande admiração por si Dra Helena precisamente pelo seu espirito ,discurso e lucidez .

    Um Abraço

    Carlota Joaquina

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  5. Dou por boa a sua opinião, cara Helena.

    Mas, talvez por ser mais novo, tenho a humildade de pensar que ainda não reflecti o suficiente sobre a importância da memória na nossa vida...

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  6. Caro Paulo
    Tem ainda os seus avôs? A memória começa a funcionar quando perdemos o primeiro deles. No meu caso, tinha onze anos. Três meses depois morria a minha avó materna sua companheira de mais de cinquenta anos. Que se deixou morrer, porque não sabia viver sem ele!
    Estão os dois tão presentes na minha vida - na minha memória - que só os perderei de facto, quando for ter com eles...

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  7. Caro Roskoff
    Creio que as falsas memórias vêm de quem viveu falsas vidas. Mas se assim foi, porque não aceitá-las? As verdadeiras memórias iriam soar a mentira...

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  8. Cara Helena,
    Antes que nos esqueçamos da nossa língua, aqui vai uma dica:
    CONTRA O ACORDO ORTOGRÁFICO!!!
    Só com uma ILC (Iniciativa Legislativa de Cidadãos) é que podemos fazer chegar à Assembleia a nossa voz . (site oficial -> ilcao.cedilha.net)
    Só temos de a assinar, e só temos até fim de Abril para o fazermos PARA ANGARIARMOS 35.000 ASSINATURAS!!!

    Desde já agradeço que passe esta informação, caso concorde com a mesma. Só o fiz aqui no seu espaço por saber que também é contra o acordo.
    Um abraço
    Olinda

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  9. Nasci já sem um deles e tenho uma memória delével dos outros três - porque morreram muito cedo e o outro vivia no Brasil. Mas tenho muito medo de passar a ter Memória com a morte dos meus pais. Cada vez mais penso nisso. O meu melhor amigo perdeu recentemente o pai e às vezes pergunto-lhe como ele se sente. Responde-me sempre que está muito bem e "só" sente muitas saudades do pai, mas sabe que ele está bem porque o tem sempre na cabeça - é um ferveroso católico e, eu, invejo-o tanto...

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  10. Trabalho diariamente com idosos. Nada me aflige mais do que a ausência dos seus passados. Vivem muitas das vezes vidas sem história, que a perderam no tempo e na doença, e com um amargo presente. Pudessem eles agarrar-se às memórias...

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  11. Cara Helena,

    Corroboro que a verdadeira memória começa quando se perdem os avós. No meu caso, os meus avós maternos dada a grande ligação que tínhamos.

    Primeiro morreu a minha avó e o meu avô (e padrinho) "deixou-se morrer" lentamente durante uns meses até ir para junto da grande companheira de mais de 50 anos. Viveram uma história de amor lindíssima.

    Os avós são das maiores bençãos da vida e todos os dias (sem excepção) falo deles porque é uma maneira de os ter perto de mim.

    Na família sou apelidada de "menina dos avós" porque fui a única durante muitos anos... Daí, a nossa forte cumplicidade que me proporcionou os momentos mais felizes da minha infância.

    "Mais ainda do que a liberdade, o nosso bem mais precioso é a memória", mas é preciso saber preservá-la e, acima de tudo, respeitá-la.

    Este post provocou-me umas lagriminhas.

    Isabel BP

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  12. Drª.Helena,
    Sempre gostei de ter guardadas gratas recordações de tudo aquilo, e de todos quantos tocaram meu coração de homem, pouco dado às memórias, porque sempre fui extremamente selectivo, por temperamento.
    O Bem mais precioso que tenho, é a minha Vida, porque às Portas da Morte, por mais que uma vez, estive.
    Cumprimentos
    MO

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  13. Como eu gostava de ter o talento de escrever com a lucidez e lisura, que percepciono nos seus escritos, mas aí está é um talento! ou se tem ou não se tem...bom talvez um pouco de trabalho ajude...pois, é muito caro para mim este assunto da memória, que a minha também é de elefante. o meus "ex-libris" inclusivé até assunto de debate familiar, porque uma das minhas tias morreu com alzeimheir e passamos muitos serões a discutir que horrivel aquela forma de morrer, não basta envelhercer perder tantas faculdades fisicas, que nos retiram dignidade, ainda perder a memória, é abdominável, é regredir até ao impensável. A memória da nossa vida, vivida, aqueles dias em que tanto amamos, nos de que sem duvida choramos e aqueles em que a dor quase nos matou, recordar os dias de sol, dos filhos que nasceram, da areia debaixo dos pés, do pensamento que ao longo da vida fomos estruturando e que resumem a nossa aprendizagem...Meu Deus, quem fala em falsas memórias?
    ---
    Creio que as falsas memórias vêm de quem viveu falsas vidas. Mas se assim foi, porque não aceitá-las? As verdadeiras memórias iriam soar a mentira...isto é quase mote para ensaios e tratados!

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  14. Cara Olinda
    Fui das primeiras a asinar essa petição, que é preciso que seja assinada, impressa e enviada pelo correio.
    Nas outras bastou-me assinar, mas nesta não.
    "Contra o Acordo, lutar, lutar, porque havemos de ganhar"!

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  15. " A verdadeira arte da memória é a arte da atenção ". (Sammuel Johnson)

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  16. ... e quem me ensinou a estar atenta aos mais pequenos detalhes da Criação, desde o que pensamos ser, o mais insignificante insecto, à mais "banal" das plantas, foi o meu avô paterno. Desde os 13 anos em que o "perdi" para o Criador, comecei a dar uso à memória, seguido do meu pai, aí já eu tinha 21 e nunca mais deixei de prestar atenção, ao mais ínfimo detalhe, sei que por muitos anos que viva, a memória acompanhar-me-á.

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  17. Subscrevo cada uma das suas palavras. Também tenho uma memória que direi boa, a tal memória de elefante...
    E confesso que alimento muito a lembrança, gosto de lembrar de recordar, faz-me sentir mais viva e estar ainda mais perto daqueles que vivem cá dentro.

    Abraço
    ElsaTL

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  18. A falta de memória leva-nos aos suburbios do inconsciente......sem lugares, cheiros e recordações.
    Nesse lugar, só os que gostam de nós nos podem acender uma luz.....

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  19. Querida Helena,
    Este post "toca-me" profundamente!
    Um grande abraço, muito, muito amigo.

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  20. Por muito que me esforce por aceitar as partidas que a vida nos prega, a mais dura, aquela que ainda hoje não aceito, foi a perda prematura do meu pai. Aos 59 anos, a Doença de Alzheimer privou-me dele. Fisicamente, continuou por mais dez anos, mas já não era ele...
    Seremos alguma coisa, sem memória nem raciocínio?

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