quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Os vanguardistas

Escusado será dizer que sou contra o Novo Acordo Ortográfico. Respeito quem pense o contrário, mas até ao último dia em que possa fazê-lo, seguirei as regras com que aprendi a ler e a escrever. Já assinei a petição que corre na net, imprimindo-a e mandando-a pelo correio, devidamente assinada, de forma a legalizar a minha forma de protesto.
Segue abaixo um pequeno quadro bem elucidativo das origens do que até aqui escrevíamos em latim, francês,espanhol, inglês, alemão e velho e novo português. Cada um que tire as suas próprias conclusões e aja em conformidade. Podem chamar-me velha. Sou. E depois?Podem chamar-me obsoleta. Sou. E depois? Podem dizer que sou anti progresso. Não sou. E depois, o que é que tudo isto prova?!

Actor Acteur Actor Actor Akteur Actor Ator
Factor Facteur Factor Factor Faktor Factor Fator
Tact Tacto Tact Takt Tacto Tato
Reactor Réacteur Reactor Reactor Reaktor Reactor Reator
Sector Secteur Sector Sector Sektor Sector Setor
Protector Protecteur Protector Protector Protektor Protector Protetor
Selection Seléction Seleccion Selection Seleão Seleção
Exacte Exacta Exact Exacto Exato
Except Excepto Exceto
Baptismus Baptême Baptism Baptismo Batismo
Excepction Exceptión Exception Excepção Exceção
Óptimo Ótimo

Conclusão: na maior parte dos casos, as consoantes mudas das palavras destas línguas europeias mantiveram-se tal como se escrevia originalmente.
Se a origem está na Velha Europa, porque é temos que imitar os do outro lado do Atlântico.
Curioso, não é?!

HSC

30 comentários:

  1. Para mim, que nasci noutra língua e pronuncio Exceppppção, como é que vou saber se a consoante cai ou não? E também digo Egipppto e acho um horror que seja Egito o país dos Egípppcios. Isto lá tem lógica?

    PS - assim sendo, eu também devo estar velha apesar das décadas que nos separam biologicamente. Aliás, devo mesmo é estar velha, reaccionária (com consoante, claro, que nem sei se cai se não e não estou nem aí) e protestante!

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  2. Cara Helena,
    Magistral Post! Estou – inteiramente - do seu lado, concordo a 100%. E fez bem em invocar o exemplo das consoantes mudas.
    Por mim, jamais escreverei adoptando esse lamentável A.O. Se Portugal é um País com total Liberdade de Expressão, então eu digo, o que já tantas vezes referi, que sou totalmente contra o mesmo.
    Pergunto-me, todavia, se o Estado irá punir os seus agentes se eles se recusarem a cumprir com esta escrita “do Deus dará!”. Levantar-lhes-á processos disciplinares?
    Vamos aguardar!
    Com tanta coisa para se fazer melhor, na Educação, Saúde, Justiça, Segurança, Economia, etc, etc, e vai dar prioridade a coisas deste tipo!!! Valha-nos Deus!
    P.Rufino

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  3. Não temos que os imitar... temos é que lhes obedecer... pois o "dinheirinho" vem de lá!!!

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  4. Quando o acordo ortográfico do Alemão saiu com vista a unificar os "escreventes" da Alemanha,da Suíça,da Áustria e dos dois outros pequenos países, fiz um grande esforço ( O que as minhas amigas alemãs protestaram também ! ), porque ainda tinha de ensinar. Agora, quando escrevo cartas, acho que misturo tudo!
    Quanto ao Português, que remédio senão ler o que nos pôem na bandeja! Escrever, contudo, acho que não vou... a não ser que alguma minuta oficial que tenha de copiar me obrigue a isso! Mesmo assim, sei lá se não me vem uma vontade de emendar os "erros"...

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  5. Concordo inteiramente e recuso-me a escrever de acordo com as novas normas. Nao fazem sentido.
    Lamento a situacao das novas geracoes. Nas escolas, vao aprender de forma incorrecta, porque e disso que se trata, quando nao se respeita a Etimologia da Lingua...

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  6. Faria, com extremo gosto, minhas, as suas oportunas palavras, cara Dra. Helena.
    Eu, licenciada em Filologia Românica, que adorei o latim,como hei-de suportar isto?
    Continue contra o AO, pois tem toda a razão.
    Cordiais cumprimentos.

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  7. Tinha acabado de receber um mail em que num quadro engraçado estava a lista que aqui nos mostra. Andei eu e mais alguns milhares de professores a ensinar a centenas de alunos o porquê do c e vêm agora uns "iluminados" e assassinam a Lingua Portuguesa.Eu tal como a senhora não vou aderir a esta moda.
    Sou sua leitora e admiradora.
    Manuela

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  8. O Novo Acordo Ortográfico é mais um exemplo do espírito de servidão dos governantes portugueses em relação aos restantes países de expressão portuguesa.

    A Espanha, o Reino Unido, a França e outros países colonizadores não têm esse complexo.

    Tenho um familiar que está no 1º ano (antiga 1ª classe) e está aprender a ler e escrever com o sistema actual, mas a partir do próximo ano lectivo passa a ser obrigatório o Novo Acordo Ortográfico.

    Como é que explica a crianças de 6 ou 7 anos que afinal já não é assim que se escreve?

    Não consigo ver vantagens!!!

    Isabel BP

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  9. Eu sou professora e também sou contra. Mas que raio vou eu fazer agora: continuar a escrever como escrevia, correndo os meus garotos o risco de serem penalizados nas provas de aferição porque me imitam, ou adopto a nova forma que me causa engulhos?
    Socorro! Salvem o meu país!

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  10. Drª.Helena,
    Sou mais brando, com a certeza de ser um predador da lingua portuguêsa, aceito esta evolução, com algum desconforto pela actualização que me é pedida.
    Cumprimentos
    MO

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  11. ADOOOOOREI este post !

    Quem fala/escreve assim nao é gago(a) !

    Sempre tivemos esta mania de nos aculturarmos : (

    Havia de ser lindo se dissessem aos franceses que agora iam falar/escrever como os canadianos...Uiiii....

    Primeiro tiraram o "ph" a farmacia agora tiram o "c" a actor...SOCORRO que qualquer dia nao temos lingua !

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  12. Sou contra o Acordo Ortográfico, mas acho que é necessário rigor nos argumentos que se invocam contra o mesmo. Parece-me que em muitas das palavras apresentadas no post o "c" não é uma consoante muda, ao contrário do que acontece em português.
    Guilhermina

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  13. Minha querida Helena,
    A língua para alem de viva, é de quem a escreve.
    A globalização da Língua Portuguesa far-se-á respeitando as origens mas ajustando-se à imensa massa de falantes deste lado do oceano. De outra forma ficará resumida aos 89.015 km quadrados do nosso adorável mas pouco competitivo país.
    Um beijo amigo do
    Zé Bourbon

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  14. O que mais me aborrece neste acordo ortográfico a que não dei a mim próprio o meu acordo, quanto mais esse acto arrogante de o querer impor aos outros, é que o gozo de ler compassada e apaixonadamente se perde na leitura de um ato perante um acccccccccto lento, arrastado e apaixonado por cada palavra, que pouco tem a ver com o ato de folhear uma fotonovela de aragem vácua atada por um desperdício de cordel.

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  15. Só posso concordar consigo cara Helena Sacadura Cabral. Os governos podem fazer os acordos ortográficos que entenderem, que não os vou cumprir. Há tantos exemplos de leis que não são cumpridas pelo nosso governo. Porque carga de água é que nós nos temos de adaptar ao modo de escrita dos brasileiros? Se eles escrevem facto como fato, o problema não é nosso é deles. Foram os portugueses que levaram a língua portuguesa para o Brasil e os PALOP, não o inverso.

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  16. Cara Dra. Helena Sacadura Cabral: a diferença com as outras línguas (o latim não sei...) é que, em português, a consoante não se pronuncia. E, por isso, cai... como cai o "p"(e o Mubarak, já agora) no Egito.

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  17. Na quarta-feira fui visitar a sua amiga Agustina (que sei ter muita estima por si) a propósito da reedição dos Meninos de Oiro. Na altura pensava para comigo: será que tem razoabilidade alguém se atrever, daqui a 10 ou 20 anos, a alterar as plavras que ela escreveu?
    Mas se não se alterar a grafia já viu quantos escritores vão morrer para a leitura das gerações vindouras? Estou a ouvir as storas: os meninos e as meninas não podem ler os livros da Agustina, da Sophia e do Nemésio porque estão cheios de erros!!!
    Pobre futuro, também cultura, das próximas gerações.

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  18. Perturbador é fazer zapping por estes dias e ver escrito, Egipto, egito logo egipcios na mesma frase, ou conforme o canal.

    BfdS

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  19. Agradeço penhoradamente à autora o apoio à iniciativa. Muito obrigado!

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  20. A minha indignação por este “Acordo Ortográfico da Língua Brasileira” levou-me a comentar este tema nalguns blogues, manifestando a opinião que tenho sobre o assunto. Não resisto, por isso, a publicar no seu blog o comentário que então escrevi, concordando inteiramente consigo.
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    Os meus amigos estão a falar de quê? Do novo acordo ortográfico da língua brasileira? Ao certo, ao certo, não sei o que pensar. Mas o argumento de que uma língua viva tem de mudar não me convence. Se é viva, tem de viver. E ao longo da vida pode evoluir, o que é outra coisa.

    Desconheço o que se passa, relativamente a esta questão, com as outras línguas europeias que se espalharam pelo mundo.

    Não sei se a Espanha teve que estabelecer qualquer acordo ortográfico para a língua Castelhana com os vinte países centro e sul-americanos que têm o castelhano como língua oficial.

    Se a França teve de fazer o mesmo com as suas antigas colónias.

    Ou se o Reino Unido teve algum acordo ortográfico com os Estado Unidos da América, com o Canadá, com a Austrália ou com as dezenas de países que formam a Commonwealth.

    Sei que têm as suas diferenças. Nalguns pontos o Inglês americano é diferente do Inglês britânico. Os vários falares castelhanos nos diferentes países da América latina, onde foram influenciados quer pelos nativos, quer pelos imigrantes, hão-de apresentar diferenças significativas em relação à língua mãe. E o mesmo se passará com a língua francesa.

    E são todas línguas vivas e que vão evoluindo naturalmente.

    No nosso caso, penso que não havia necessidade desta mudança brusca, em que muita gente não esteve nem continua a não estar de acordo.

    Agora aparecem os principais jornais e as televisões a aderir ao acordo ortográfico. Isso vai forçosamente levar ao hábito e daqui a uns anos já pouca gente, ou ninguém, se lembrará da polémica.

    Por mim, vou continuar a contar com a colaboração computador, para me ajudar a corrigir os erros em português. Por enquanto. Já os espanhóis, os franceses e os ingleses não têm problemas destes.

    Um abraço.
    C.B.

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  21. Helena, se não te importas vou palmar os exemplos que dás aqui para levar para o Acto Falhado. Um abraço da Rita

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  22. Ainda por cima, quando fomos nós que ensinámos o outro lado do Atlântico a falar a nossa língua!!! Porque é que somos nós que temos de ir atrás deles e não o contrário???

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  23. Um comentário dirigido apenas a alguns dos... comentários (e respectivos autores, é claro).

    Dizer algo como "ah, eu cá vou continuar a escrever da maneira que sempre usei" é manifestamente... pouco. Pouquíssimo. Ou nada, em rigor. Porque é apenas isso mesmo, "dizer", e nada mais. O problema não está naquilo que nós "dizemos" que não faremos, está em não fazermos nada para que as coisas não sejam bem (nem mal) assim. Não há nenhuma inevitabilidade absoluta nisto.
    Em suma: experimentem fazer alguma coisa em vez de apenas dizer que não vão fazer seja o que for. Se calhar resulta...

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  24. Não podia concordar mais. Até me dá uma certa urticária quando vejo que nossos canais de televisão transmitem em "direto" do "Egito". Será muito difícil para mim escrever com estas regras. Já estou como a Helena, vou escrever como aprendi até ao último dia. Mas eu não preciso de escrever para ganhar a vida, felizmente :-)

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  25. Escrever uma lingua como se a etimologia das palavras não existisse, é torná la mais pobre e descaracterizada, esquecer os antepassados ou o passado dela.
    Uma lingua tambem tem os seus dna e genealogia, inscritos na etimologia.
    A evolução duma lingua faz se naturalmente, por via do seu uso pelas pessoas que a falam e o registo de mudanças (em dicionários, gramáticas) deve derivar das mudanças que se vão sucedendo ao longo dos anos e gerações no falar.
    Esta reforma ortografica é violenta, a prova é que as pessoas na maioria não aderem a uma excrita que lhes parece pouco natural e não justificada.
    Se a intenção foi aproximar o português de portugal do do brasil, pois isso é fraca razão. Nada impede que uma mesma lingua tenha em diferentes paises uma certa diversidade na fala (fonetica, prosodia, pronuncia)na escrita (ortografia) e no lexico. Estas diferenças aliás tambem existem dentro dum mesmo pais.
    Dizer ator em vez de actor é empobrecer à força e por decreto uma lingua. A economia da letra só empobrece, pois a palavra fica descaracterizada, amputada da sua etimologia.
    Outras linguas, como se mostra na entrada, não foram a correr a mudar a ortografia, respeitam a etimologia da palavra que cuja marca lá continua.
    Já agora porque não se vai mais longe: aver por haver, xave por chave, enbora por embora...

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  26. Cara Helena,
    Garanto-lhe que não somos nem estamos velhas, nem obsoletas, e ainda menos "has been" e que estou inteiramente de acordo consigo! Apesar das multiplas clarificações/explicações (muito claras, diga-se em abono da verdade) sobre o "porquê e a utilidade" do novo acordo, o nosso charmant embaixador não me/nos convence!

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  27. Hum como é Bom levar baile...

    Ora então se me permite...

    Comecemos por alusões lúdicas a cinema...

    Já alguma vez Lhe disse que gosto de Si...
    Até nas coisas que desgostamos...

    E eu...
    Hiena trocista debaixo de um lençol branco com um foco que acendo à socapa para arreliar, encontro terreno fértil para rir em surdina e auferir da turbulência que me embala e me faz cócegas ...

    E continuo a concordar e quem disse que houve embaixador influenciador,(Não que não seja determinante)mas não é só por aí ...

    É que fiz sempre tanta borguinha sem o colchão do Latim, sempre me pareceu que algumas letras estão sem ser verdadeiramente convidadas por aderência de snobismo, por emboscada a pessoas que só lhes foi dada a possibilidade de serem simples, por homenagens póstumas a um saudosismo no minimo mussolinico, por que sim e por que não.

    Oh post desamparado e descalço, oh adversidade fria, oh intenso Frei Luis de Sousa que apareces na invernia...

    oh tempo...
    Ainda vou ao criativemo-nos, casa da lapa, ao duas ou três coisas já fui...

    Repito
    Já lhe disse que gosto de si incondicionalmente...
    Que fique claro
    Isabel Seixas
    A teimosia fica-lhe bem

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