quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Chumbos...

Hoje em dia já ninguém sabe que termos usar. Entre o novo Acordo Ortográfico, a escrita utilizada nos telemóveis, os programas de computação em inglês e a desejada integração de novos "termos étnicos"na nossa língua, deixei de ter certezas. De como se diz, ou de como se escreve. O que é grave, na a minha actividade profissional.
A situação chega a ser tão bizarra que tenho alunos, na Universidade, a dizerem-me que "deletaram" completamente uma matéria, ou colegas a darem-me o conselho de "linkar" para tal "site" onde encontro os "files" de que preciso... Alguém entende tal conversa, quando há termos portugueses para todas estas expressões? Devemos aceitá-las? Porquê?!
Hoje ao almoço Francisco Assis - felizmente um homem inteligente - na Sic Notícias recusava o uso do termo técnico "repetências" e mantinha o comum "repetição". Fiquei feliz!
Todavia, apesar disso, continuei sem perceber patavina do que se pretende com o fim dos "chumbos", se é que a expressão ainda está em uso. Será que se quer acabar com ela, por ser feia? Será para efeitos estatísticos? Será porque o ensino e os estudantes são tão bons, que já não se justifica o vocábulo?
Mas então se as repetências existem, não é porque houve chumbos?
Não será normal e desejável que quem não está apto no conteúdo duma matéria chumbe e repita a dita?
O defeito deve ser meu. De facto, não consigo perceber o que se pretende com esta eliminação que me parece uma tremenda via de ajuda à desqualificação escolar...

HSC

8 comentários:

  1. Esqueceu-se de referir as traduções das páginas no Google. Estas pelo menos terão a vantagem de serem logo descobertas se forem copiadas pelos alunos em trabalhos escolares. Isso se os professores souberem escrever português

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  2. É para as estatísticas... só pode! Depois de tantas universidades privadas abertas, de tantos cursos em que os alunos não precisam de lá andar para passar ou em que uma generosa mensalidade dá direito a um 10 na pauta final, vão acabar com os chumbos... é o estado de um país em que toda a gente tem que ter um 12º ano e um canudo de qualquer maneira.

    Existem casos de alunos que por diversos motivos (atraso, problemas pessoais, etc.) passaram de maus a bons, mas são casos pontuais... o que isto traz é uma geração para a força de trabalho com uma severa falha na educação... isto é preocupante.

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  3. O problema não é só seu, somos muitos os que pensamos da mesma forma. Eu não quero um ensino, em que se os meus filhos não souberem, se não se aplicarem, lhes faça o favor de lhes facilitar a vida. Porque em casa não são essas as directrizes com que os educamos.
    Vou reclamando, barafustando como posso, mas não é fácil!

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  4. Agora perceba a minha maior baralhação: que não nasci nesta língua e que tanto me custou aprender, vê-la deste modo que não sei falar. E entenda mais a baralhação de quem nunca saiu da instituição Escola confrontar-se com esta coisa inaudita do não-chumbo mas parece que repetência (nem nunca tinha visto ou lido a palavra). Pergunto-me constantemente para onde irá o país...

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  5. Eu julgo que é mais para efeitos estatísticos.

    Que estupidez de medida!

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  6. Ah, mais quero acrescentar.
    Já nada me espanta, porque no país é tudo a fingir.
    Ainda a coisa mais séria é o futebol, avaliar pela importância nos média, com opiniões abalizadas, de juízes, advogados, politólogos, economistas, etc.

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  7. Olá Helena!

    Ao fim de tanto tempo, eis que estou de volta.

    A minha opinião sobre este tristíssimo assunto: ignorância, estupidez, estatística e, mais grave ainda, cópia do modelo anglo-americano, que já espalhou os seus tentáculos aos países latinos. A propositada massificação do ensino para criar pessoas estúpidas e obedientes. As simple as that! Longe vai o tempo de se saber conjugar o imperativo no plural: "fazei", mas "não façais". Nem sei como se dirá agora... Deixo aberto à imaginação. Infelizmente creio que estamos perante "A River of no Return" (Lembra-se do filme?)

    Abrejo do

    Raúl.

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  8. Desta vez concordo com a ministra.
    Os "chumbos", repetências, retenções ou repetições são parte do problema e não da solução.
    Um aluno que não consiga aprender, não pode, não deve, ser obrigado a andar na escola mais que 12 anos, o que aconteceria se, para além do azar de não aprender, ainda tivesse que repetir alguns anos. Já viu com que idade sairá da escola um jovem que repita nem que seja um ano em cada ciclo?

    A minha "especialidade" é o 1.º ciclo e aí sim, poderá ser útil que uma criança que não aprenda a ler no 1.º ano de escolaridade possa andar neste ciclo 5 anos em vez de 4 para que depois possa prosseguir os estudos normalmente...
    Aliás, deverá ficar ao critério do bom senso de pais e professores saber se valerá a pena ou não reprovar um aluno. Da minha experiência, posso dizer-lhe que, regra geral, não vale.
    (Deveria agora falar de apoios - ou melhor, da falta deles - mas fica para outra ocasião)

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