Num destes dias, ao fazer zapping, passei por um daqueles programas televisivos nos quais a pequenada constitui o tema principal.
Falava uma garota que não teria mais de dez a doze anos. Que dizia ser aquele o dia mais feliz da sua vida. Parei uns instantes para perceber a razão de tanta felicidade. Ei-la.
A entrevistadora de serviço explicava que o canal pretendera dar aquelas crianças o que elas mais queriam. Dentro do realizável, claro. E o que é que fora, sempre, o sonho desta garota? Resposta imediata: “ser uma celebridade”.
Claro que a “pivot” nem sequer lhe perguntou o que significava, para ela, aquela expressão, nem tão pouco a razão de tal desejo. Isso, era evidente, não interessava a ninguém. O que era realmente importante era a menina vir à televisão e ter, enfim, a impressão de que este era o meio pelo qual as pessoas se tornavam célebres…
Triste país o nosso que nem as oportunidades de ensinar alguma coisa, aproveita. E triste menina, esta, a quem ninguém soube esclarecer que os actos pelos quais alguém se torna célebre, ficam muito além duma ida à televisão!
HSC
Nem mais, HSC! Pertinente Post! Hoje em dia, a Comunicação Social, quer em determinados programas de TV, quer em inúmeras e patéticas Revistas, vem divulgando a ideia de que ser “famoso ou famosa” é ser alguém com acesso aos “media”, aparecer nessas revistecas, fazer parte de certos círculos sociais, estar no Algarve no Verão e aí participar em festas de discotecas, ser actriz de novela, ou jogador de futebol e por aí fora.
ResponderEliminarTemos, seguramente, muitos famosos, cuja “distinção” nos tais “media” aparecem referidos, quando aparecem, de raspão, com tal brevidade e insignificância que ninguém se dá conta. Mas são esses os verdadeiros famosos. Que se distinguem noutras actividades com impacto internacional, para além do reconhecimento nacional que, todavia, pouca atenção mereceu dos tais “media”. Em todos os grupos etários. Em muitos e diversos ramos e actividades profissionais e mesmo desportivas. Desde gestores, matemáticos, enólogos internacionais, desportistas, escritores, arquitectos, etc, etc, etc! Há muitos desses exemplos! Mas aquilo que “importa” neste “mundinho”, ou sociedade medíocre, sobretudo no plano cultural, é ser-se “famoso” com impacto no social revisteiro e futebolístico. Naturalmente, para tudo isso contribuem os “agentes” desses mesmos “mundos”, aquelas e aqueles que emprestam as suas caras e suas vidas privadas, dizem superficialidades, expõe-se, etc, etc. E com o tal “Ensino” que nos tem sido “servido”, com a Cultura e Civismo em queda progressiva, como nos podemos espantar com respostas como as que outro dia se pôde ouvir num canal televisivo: “o que eu quero ser quando for grande é jogador de futebol, ou, actriz de novela, ou aparecer na TV!” E por aí. Ainda assim, há gente que tudo faz para dar outros objectivos a esta Juventude. Como aqueles professores de música de jovens de um bairro socialmente difícil, que lá conseguiram estimular alguns deles e os motivaram naquela aprendizagem. Que gostavam e muito daquilo que ali lhes ensinavam. E isto é apenas um pequeno exemplo. E há muitos mais.
P.Rufino