quinta-feira, 13 de maio de 2010

O reverso da medalha

Depois de meses de mentiras sobre a nossa situação económica, aqueles que nos enganaram ou os que, com o seu silêncio, pactuaram no embuste, começam "a mostrar-se" penalizados com a situação que os "outros" - sempre os outros e não os próprios - nos criaram.
E mesmo perante o descalabro, acabo de ouvir o PM referir, agradado, o nosso centesimal crescimento, com ar de quem diz "nós é que sabemos"...
De facto, quem olhar para as medidas anunciadas e tiver formação económica, revolta-se. Mexe-se no IVA, um imposto cego, mexe-se no IRS, mas a desproporção entre ao aumento para os que mais ganham e aqueles que se situam na classe média é gritante.
O Senhor Barroso na Comissão Europeia e o Senhor Strauss Khan no FMI esperam os nossos cortes, depois de aplaudirem os da Espanha. Do lado da despesa é que ainda não descortino bem onde estão os cortes válidos que deveriam igualar o aumento das receitas, porque é apenas nestas que se pensa. Tudo para o retrato da reunião da Grande Família, que se aproxima lá para 18 de Maio...
Os portugueses estão cansados de tanta falta de humanidade e de tanto desrespeito!

HSC

9 comentários:

  1. [será que à semelhança do Magalhães, alta tecnologia de ponta, estar-se-à a desenvolver um instrumento minúsculo, uma calculadora de tecla única, em que por mais que os exercícios do dedo sejam diversos e não cheguem para tanta dor de cabeça, o resultado é sempre o mesmo... ainda que os resultados sejam platónicos!

    Já nada me choca, mas incomoda-me sentir rodeado e dentro do elenco dos personagens do Robin Hood... sim aquele que me divertia nas matinés e agora é um pesadelo!]

    um imenso abraço,

    Leonardo B.

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  2. Muito canasados.

    Não há pudor, vergonha ou mesmo bom senso.
    Sacrificios, o povo entende.
    Sacrificios hoje , amanhã e para o ano....irra!!!
    Se a despesa é a mesma, quanta receita vai ser precisa? Até quando? Qual é o objectivo?
    Não!!
    Não.
    e Não.
    Chega. Vamos lutar, mas vamos todos!!
    A. Malheiro

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  3. É por estes posts de tanta humanidade que gostamos tanto de si!

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  4. Estamos mesmo, sem dúvida. São anos a mais em crise, a fazer esforços, a "apertar o cinto", e cada vez parece que é pior, parece que "é desta" que a crise está MESMO grave.

    Basta.

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  5. Os aumentos de impostos agora anunciados servirão para fixar um novo tecto da despesa...

    Quanto a esta reunião de 18 de Maio... essa é a reunião da Pequena Família... a da Grande Família é no início de Junho...

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  6. Cara Helena,
    Não tenho qualquer formação económica - e aliás gosto de ler os seus posts, porque consegue expor esta matéria de forma clara e simplificada para alguém como eu (Obrigada!)- e arrepio-me cada vez que ouço os nossos governantes.
    Ainda por cima, dão tolerãncia de ponto e, como quem não quer coisa, lançam mais um balde de água fria em pleno 13 de Maio!É que, por mais que os portugueses façam malabarismos para esticar o seu orçamento familiar, não sei como muitos poderão continuar a viver com dignidade.
    Mas mais assustador foi ver o presidente da Comissão Europeia vir anunciar a proposta de ser aquela instituição a primeira a aprovar os orçamentos de cada um dos países da União antes mesmo dos seus próprios parlamentos. E, não satisfeito com o que acabara de proferir, acrescentou que se não fosse para estar numa união económica mais valia acabar com o Euro. Rodou os calcanhares e lá foi ele, com ar de senhor muito sabido. (Espero ter reproduzido o mais fielmente possível o discurso, porque traduzi o que ouvi num canal francês)
    Ora, para quem é leigo na matéria, fica a pensar se não estão todos doidos e a fazer dos eleitores parvos.

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  7. 1,5% de imposto especial para quem recebe um valor bruto de 2350 Euros, ou 75.000 por exemplo, como é o caso do reformado Jardim Gonçalves, de acordo com a SIC ontem à noite não se me afigura justo. Regra da proporcionalidade? Mas então porquê 1% e 1,5%? Porque não 2,5%, 3,5%, 5%, 10%, etc tendo em conta quem mais aufere? Perguntava um jornalista da SIC, no final, quanto seria o IRC da Banca, ou se ficaria de fora, assim como com o 14º mês/Subsídio de Natal. Pelo que percebi, a Banca será abrangida pelos 2,5% tal como as grandes empresas. Mal. Deveria pagar mais, mas como medida definitiva. Ou seja, um IRC actualizado de acordo com outros Estados membros da E.U. Depois das despesas com a “saúde do BPN”, era justo que os bancos pagassem mais, até porque, se as coisas lhes correrem mal, lá estará o Estado para os salvar. Já ás empresas, grandes, ou pequenas tal não irá suceder (e não ser que tenham parte do Estado). Quanto ao 14º mês, nada ouvi. Mas não duvido que venha a ser “beliscado”.
    Em termos genéricos, aceito o princípio do sacrifício. Já aceito mal que não tenha havido uma redistribuição mais equitativa desse preço, do custo do tal sacrifício. Neste país, não sei porque razão, sempre foram os que menos têm - e a classe média, designadamente! - a pagar as crises que quem mais tem provoca. Como foi o caso desta crise, uma vez mais. Quem são, ou foram, os especuladores que lhe deram origem?
    Enfim, já desisti, há muito de acreditar em quem nos vem governando. Eu tenho é de me governar, ou seja, de encontrar soluções para continuar a ter alguma qualidade de vida. Material, de saúde, etc.
    O “Ti Manel das Couves” é que tinha razão: “vocemessê já viu? Aquilo estão sempre a dar-nos porrada! São sempre os mesmos a levar na toiça! Já começo a ficar cansado! Este país nunca se irá endireitar!” E dei-lhe razão.
    P.Rufino

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  8. Cara Helena,
    Permitia-me adiantar ainda o seguinte: não basta o Estado arrecadar receita para fazer face à crise, haveria igualmente que “cortar” ainda mais noutro tipo de despesas desnecessárias (assessorias em excesso, em gabinetes, instituições e direcções gerais, em consultadorias, etc). Por outro lado, pasmo com o aumento, cego como diz, do IVA, pois e a acreditar que temos uma economia de mercado, esta, que actualmente está estagnada, só se revitaliza com o aumento do consumo. Se os produtos vão encarecer ainda mais com o aumento de 1 ponto do tal IVA, como se procederá a essa revitalização, ainda por cima sabendo que os salários sofrem um pequeno aumento de imposto (o tal “especial”)? O IVA tal como está e, pior, irá ficar, não permitirá um melhor e desejável escoamento de produtos no mercado e travará sem dúvida o consumo e com quebra no consumo perdem as indústrias e comerciantes e haverá maior risco de falências. E com isto perde igualmente o Estado. Terá muito possivelmente menor receita de IRC. Julgo tudo isto um círculo vicioso. Não sei estarei a ser ingénuo, mas creio bem que pelo contrário, um IVA de 17% por exemplo (a Espanha tem 18% e a Suíça 7%) poderia ser uma solução mais razoável para estimular a economia. Confesso que não percebo alguns economistas da nossa praça. Posso entender uma política fiscal mais redistributiva, como defendo, quem mais tem paga mais, mas já não entendo uma política bloqueadora do investimento, do comércio, do consumo no bom sentido. Aceito e apoio que um BMW, por exemplo, possa, ou deva custar mais caro, doravante, já não compreendo que o pão, o leite, a carne, fruta, vegetais, azeite, etc encareçam mais. E repugna-me a Coca-cola com 6% de IVA! Justiça como dizia ontem o PM este “aumento” de 5% para 6%? Essa ridícula bebida e prejudicial à saúde, poderia sofrer um aumento para 22% e os bens essenciais descerem. Por exemplo.
    Enfim, isto não remédio possível, se é que alguma vez teve!
    P.Rufino
    PS: gostei bastante deste seu Post

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  9. P. Rufino
    Assino por baixo de tudo o que disse.

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