domingo, 7 de fevereiro de 2010

A família

Passei este fim de semana, chuvoso, agarrada às mulheres - salvo seja -, que estou a biografar. A parte mais agradável do trabalho de escrever sobre a vida de alguém, é esta, de rever os textos e os tentar melhorar.
Seis deles estão prontos. Falta ainda "esfolar o rabo", como se diz na aldeia, a mais quatro, que será ler a investigação feita e trabalhá-la à minha maneira. Ao invés, este é, para mim, o lado mais doloroso das biografias, porque por muito que não queiramos, é difícil não nos identificarmos mais com umas do que com outras.Mas também é o mais surpreendente, porque ao escrevemos sobre alguém, acabamos sempre por fazer descobertas sobre nós próprios...
Foi embuída deste espírito e algo cansada, que fui jantar com a família. Hoje eramos só quatro: os dois infantes e o neto mais velho. Rimo-nos bastante e, ao voltar para casa, vinha a pensar como também aprendo sempre qualquer coisa nos repastos familiares. Neste, em particular, dei comigo a sorrir, ao ver neles tanto que era dos meus pais e, também, tanto que era do pai deles. Sorriso, aliás, de pura gratidão por esta espécie de memória genética, este imenso arquivo familiar que, depois, cada um vai trabalhando a seu jeito, mas que me faz continuar a ter, de algum modo, bem presentes, aqueles que amei mas já perdi...

HSC

3 comentários:

  1. Tao bonito, Helena, tao bonito! :-) Gostei muito do post, sobretudo da ultima frase :-)

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  2. Também gostei tanto...
    Felizmente posso subscrever e tenho consciência que sou bafejada pela sorte.
    Isabel Seixas

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  3. Perdemos a presença física dos que já não estão connosco, mas eles continuam a reflectir-se no que somos, na forma como pensamos, no que transmitimos aos próximos e, claro, nas nossas memórias.

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